quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Reflexão sobre este dia…

 17 de maio Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia


Fotografia de Jéssica Nunes

O dia 17 de maio é o Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia. Ao assinalar este dia pretende-se estimular uma reflexão, individual ou coletiva, mais profunda sobre a necessidade e importância da existência deste dia. É essencial pensar e repensar sobre o preconceito, a discriminação e a violência de que a comunidade Lésbica, Gay, Bissexual, Transgénero e Intersexo (LGBTI) sente diariamente no meio onde está inserida. Basta fazer uma pesquisa para perceber a razão e imaginar o impacto que foi desclassificar a homossexualidade como um distúrbio mental e consequentemente o impacto que teve na liberdade de expressão desta comunidade, privilegiando as gerações futuras.

Muitas batalhas foram e serão travadas pelos direitos da comunidade LGBTI. Cada vitória é mais um passo numa direção construtiva e indispensável para uma sociedade dita evoluída. No entanto, o estigma continua. Ainda vivemos rodeados de preconceitos que levam à discriminação e à violência, seja esta mais ou menos silenciosa. Sim, as minorias sofrem com o silêncio social.

Acredito que é possível o respeito à pluralidade, que será conseguido através de movimentos de sensibilização e educação, privilegiando a prevenção. A prevenção passa pela compreensão do que é ser LGBTI, contribuindo para uma aceitação social. A prevenção passa pela transmissão de conceitos como identidade de género, expressão do género e orientação sexual, indo para além do sexo biológico. A prevenção passa pela desconstrução de rótulos incutidos e baseados numa incompreensão social provocada muitas vezes pelo medo. A prevenção passa pela criação de espaços que dão apoio psicológico e proteção à comunidade LGBTI, assim como ao seu seio familiar. A prevenção passa pela colaboração do governo local com associações associadas a causas das minorias sociais. A prevenção passa por criar medidas que permitam uma maior visibilidade LGBTI. A prevenção passa por condenar com a devida justiça crimes contra a comunidade LGBTI, infelizmente frequentes. Injustiças estas fomentadas pelo ódio que acabam muitas vezes em tragédias. A prevenção passa por não se tolerar a discriminação e a violência contra a comunidade LGBTI. A prevenção passa por uma educação que contribua para uma sociedade mais compreensível nas diferenças individuais. Se colocarmos de parte comportamentos formatados, como por exemplo o azul ser a cor do menino e o rosa ser a cor da menina, a evolução individual que nos torna autênticos eleva-se e torna toda a nossa existência mais interessante e humanista.

No combate à Homofobia, Transfobia e Bifobia, é importante encorajar os agentes de mudança nesta sociedade e reforçar positivamente quem contribui de modo construtivo para esta causa. Por exemplo, aqui mesmo ao lado, na ilha do Sol, já há quem não tem medo de hastear a bandeira do arco-íris em nome do município e nestas lideranças alimenta-se a esperança de um amanhã melhor. Também são exemplos, quem no seu dia à dia se recusa aceitar uma discriminação direta, quer seja em forma de um olhar, postura ou mesmo


verbalização agressiva. Quem sofre ou sofreu diretamente de qualquer tipo de discriminação sabe o quão difícil é afirmar-se numa sociedade que se julga no direito de julgar o outro. No entanto, não invalida que a pessoa não descriminada não empatize com o sofrimento que a comunidade LGBTI é alvo.

Podia também divagar o facto de vivermos numa ilha, cuja influência cultural e o sentido de insularidade é vincado, mas na verdade este assunto vai muito para além da ilha. Trata-se de despirmos-nos das camadas sociais que fomos adquirindo e darmos espaço a sentimentos de respeito e amor ao próximo. Por isso e porque esta pequena reflexão humilde é apenas uma agulha num palheiro, fica a esperança de contribuir para uma maior consciencialização social, levando à reflexão, incentivando o sentido crítico. Todo o trabalho feito neste sentido é importante e significativo em prol de um futuro melhor para todos os seres.

 

Catarina Fontes de Meneses

Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 28 de Maio de 2021