quinta-feira, 23 de junho de 2022

Mulher de Abril, desejos mil!

 



Abril para tod@s @s portugueses tem um significado especial. Pelo marco histórico que foi quebrar todos os preconceitos, restrições e pela liberdade que outrora foi conquistada no famoso 25 de Abril.

Nos dias que correm podemos pensar em liberdade de diversas formas. Tod@s apresentamos ideias, definições diferentes de liberdade e ao mesmo tempo iguais. Esta igualdade também foi, de certa forma, conquistada. Não por todos mas principalmente as mulheres!

Agradeço desde já a todas que um dia lutaram, e bem, pelo meu direito ao voto, ao trabalho, ao divórcio…

Felizmente eu já nasci numa sociedade em que ser rapariga e/ou mulher não apresentava tantas restrições como, por exemplo, a geração da minha mãe e das minhas avós. Ainda assim não se iludam e não pensem que nascer nos anos 90 é significado de total liberdade e igualdade para as raparigas/mulheres, como foi tão arduamente conquistado pelas mulheres do nosso passado ainda bem presente.

A geração feminina mais jovem está com muito mais liberdade e igualdade do que a minha geração, e ainda bem! Mas pensemos em diversos exemplos que nos dias de hoje ainda causam algum desconforto na população em geral.

Futebol feminino em Portugal (sim sou mulher mas sempre adorei futebol e paguei o preço por isso). Não farei nenhuma análise estatística de nada que exista neste mundo mas peço-vos que pensem na diferença, abismal, que existe para com o futebol masculino. Ora, jogam tanto quanto os “Ronaldos” mas ganham menos, são menos conhecidas, têm menos admiração por parte de quase todos os portugueses e por ai fora.

Falamos em futebol mas podia ser qualquer outro desporto. Sim, porque sem ser algo como dança e ginástica rítmica parece que o mundo desportivo feminino é ainda um grande à parte.

Outra questão, mulheres no mercado de trabalho. Possivelmente é uma informação que passa ao lado da maioria (também me passou durante muito tempo, confesso) mas sabiam que as mulheres pelo simples facto de terem pertencerem a este género recebem cerca de menos 52 dias de trabalho pago aos colegas do género oposto. Ora porquê? Não sei responder admito. Mas estes dados não são tão antigos são de 2020.

Nos Açores temos liberdade de diversas formas mas ainda há muito preconceito e criticismo, típico de lugares pequenos, diretamente ligados às raparigas e mulheres destes meios.

Expressões como “é toda macha”, “é ela quem veste as calças”, “não sabe estar calada e fazer o papel da mulher”, “trabalha como um homem e depois quer que as relações dêem certo”, “com quem será que se deitou para ter um cargo daqueles”…

Não sei as restantes pessoas mas eu por ser rapariga/mulher sinto-me muito incomodada por ser tratada de forma diferente só porque sou do sexo feminino. Tenho muito orgulho de o ser mas outras raparigas e jovens questionam (como eu cheguei a questionar) porque é que não podemos ser tratadas da mesma forma que os rapazes/homens são.

Poderia estar a enumerar muitos mais exemplos, muitas mais questões e situações nas quais em pleno 2021 as mulheres não têm liberdade, não têm igualdade, não têm aquilo que as nossas antepassadas ambicionaram para si, para as suas filhas e netas.

Não sintamos vergonha do nosso sexo.

Não sintamos vergonha por querermos e desejarmos coisas que parecem ser masculinas. Não são, acreditem!

Só não conseguimos e não alcançamos o que não queremos!

Continuamos a festejar o Abril e eu continuo com desejos…Mil!

 

Raquel Costa Psicóloga, UMAR Açores – Delegação da ilha Terceira


Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 7 de Maio de 2021


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