Abril para tod@s @s
portugueses tem um significado especial. Pelo marco histórico que foi quebrar
todos os preconceitos, restrições e pela liberdade que outrora foi conquistada
no famoso 25 de Abril.
Nos dias que correm podemos
pensar em liberdade de diversas formas. Tod@s apresentamos ideias, definições
diferentes de liberdade e ao mesmo tempo iguais. Esta igualdade também foi, de
certa forma, conquistada. Não por todos mas principalmente as mulheres!
Agradeço desde já a
todas que um dia lutaram, e bem, pelo meu direito ao voto, ao trabalho, ao
divórcio…
Felizmente eu já nasci
numa sociedade em que ser rapariga e/ou mulher não apresentava tantas
restrições como, por exemplo, a geração da minha mãe e das minhas avós. Ainda
assim não se iludam e não pensem que nascer nos anos 90 é significado de total
liberdade e igualdade para as raparigas/mulheres, como foi tão arduamente
conquistado pelas mulheres do nosso passado ainda bem presente.
A geração feminina mais
jovem está com muito mais liberdade e igualdade do que a minha geração, e ainda
bem! Mas pensemos em diversos exemplos que nos dias de hoje ainda causam algum
desconforto na população em geral.
Futebol feminino em
Portugal (sim sou mulher mas sempre adorei futebol e paguei o preço por isso).
Não farei nenhuma análise estatística de nada que exista neste mundo mas
peço-vos que pensem na diferença, abismal, que existe para com o futebol
masculino. Ora, jogam tanto quanto os “Ronaldos” mas ganham menos, são menos
conhecidas, têm menos admiração por parte de quase todos os portugueses e por
ai fora.
Falamos em futebol mas
podia ser qualquer outro desporto. Sim, porque sem ser algo como dança e
ginástica rítmica parece que o mundo desportivo feminino é ainda um grande à
parte.
Outra questão, mulheres
no mercado de trabalho. Possivelmente é uma informação que passa ao lado da
maioria (também me passou durante muito tempo, confesso) mas sabiam que as
mulheres pelo simples facto de terem pertencerem a este género recebem cerca de
menos 52 dias de trabalho pago aos colegas do género oposto. Ora porquê? Não
sei responder admito. Mas estes dados não são tão antigos são de 2020.
Nos Açores temos
liberdade de diversas formas mas ainda há muito preconceito e criticismo, típico
de lugares pequenos, diretamente ligados às raparigas e mulheres destes meios.
Expressões como “é toda
macha”, “é ela quem veste as calças”, “não sabe estar calada e fazer o papel da
mulher”, “trabalha como um homem e depois quer que as relações dêem certo”, “com
quem será que se deitou para ter um cargo daqueles”…
Não sei as restantes
pessoas mas eu por ser rapariga/mulher sinto-me muito incomodada por ser
tratada de forma diferente só porque sou do sexo feminino. Tenho muito orgulho
de o ser mas outras raparigas e jovens questionam (como eu cheguei a
questionar) porque é que não podemos ser tratadas da mesma forma que os
rapazes/homens são.
Poderia estar a
enumerar muitos mais exemplos, muitas mais questões e situações nas quais em
pleno 2021 as mulheres não têm liberdade, não têm igualdade, não têm aquilo que
as nossas antepassadas ambicionaram para si, para as suas filhas e netas.
Não sintamos vergonha
do nosso sexo.
Não sintamos vergonha
por querermos e desejarmos coisas que parecem ser masculinas. Não são,
acreditem!
Só não conseguimos e
não alcançamos o que não queremos!
Continuamos a festejar
o Abril e eu continuo com desejos…Mil!
Raquel Costa Psicóloga, UMAR Açores – Delegação da ilha Terceira
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 7 de Maio de 2021
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