Testemunho
Quando já convencida que tinha um casamento de mentira e que nesse
casamento de 42 anos me sentia mais só do que se tivesse muita gente à volta,
entre muita humilhação e dor, num momento de tanta dor e revolta, sem pensar
resolvi-me e decidi: “Não quero mais esta vida, porque não estou só sofrendo,
eu estou ficando com medo de estar aqui”.
Não sei onde encontrei coragem, mas a verdade é que levantei a cabeça e
disse: “vou embora”… Entre lágrimas e soluços lancei um olhar de adeus a 42
anos da minha vida, ao sítio onde criei as minhas filhas… e fechei o portão da
minha casa, deixando atrás todo o meu vazio.
Entre muito apoio da UMAR e Serviços Sociais cá estou eu… abro a porta
sem medo de ser humilhada, durmo sem o pesadelo de estar sendo agredida e até
consigo sorrir na companhia das minhas duas filhas que puseram de parte a sua
privacidade me abrindo as suas portas e dizendo: “Mãe, não estás só!”
Resumindo: nunca é tarde para dizer “Não! À violência doméstica”.
Utente da UMAR Açores
Publicado
na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 19 de Dezembro de 2018