sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Na primeira pessoa

Recente estudo realizado por Cristina Canavarro, “Gravidez e Maternidade na Adolescência”, conclui que na Região Autónoma dos Açores a percentagem de mães adolescentes é duas vezes superior à média nacional.
Perante esta realidade alarmante, a UMAR – Açores considerou pertinente dar a conhecer na primeira pessoa uma das muitas histórias existentes de uma jovem que foi mãe aos 16 anos, Tânia Rocha.
Esta considera que a sua adolescência decorreu sem dificuldades; interessava-se pela escola, era sociável, namorava, as relações familiares eram estáveis, tinha inúmeros sonhos, entre eles ser professora de português e casar.
Engravidou devido a uma relação sexual desprotegida, que hoje assume como tendo sido um comportamento irresponsável, uma vez que além da gravidez poderia ter sido contagiada por uma doença sexualmente transmissível.
Apesar da sua tenra idade, Tânia aceitou bem a gravidez atribuindo esta reacção à inconsciência própria da idade, uma vez que desconhecia o leque de responsabilidades parentais. Os seus familiares e companheiro reagiram positivamente dando todo o apoio de que esta necessitava, assim como também, nunca se sentiu discriminada pelo facto de ser uma jovem grávida, considerando-se assim uma excepção.
Toda esta situação gerou uma série de mudanças a nível social, pessoal e profissional. Apesar de ter concluído o 12º ano, abandonou o sonho de ser professora, afastou-se “involuntariamente” do grupo de pares, uma vez que o papel de mãe passou a ser prioridade, tornando-se rapidamente adulta.
Tendo em conta a sua experiência, Tânia afirma que deveria existir mais informação e prevenção no âmbito da gravidez na adolescência e das DST´s nas escolas, uma vez que “se tivesse tido este tipo de aulas e oportunidade de falar mais abertamente, talvez tivesse feito a diferença, pois é importante o diálogo e falar-se de pormenores que por vezes escapam ao senso comum (…). Com certeza teria sido diferente, provavelmente teria tomado mais precauções”, no entanto esta acrescenta que não mudaria nada na sua vida. Também considera que os pais têm um papel fulcral na educação sexual dos filhos, embora por vezes sintam dificuldades em admitir o seu crescimento. Nas palavras de Tânia “cabe aos pais pôr o assunto na mesa, para abrir caminho caso os filhos queiram falar”.
Por fim, enfatiza o papel dos técnicos/as de saúde, que são essenciais na prevenção e acompanhamento destes casos, contudo considera que estes devem ter em atenção os juízos de valor que poderão emitir, que por sua vez, podem afectar negativamente a auto-estima das adolescentes.

“(…) a Educação Sexual não ensina a ter relações sexuais, mas antes a ter relações responsáveis, o que significa muitas vezes adiar a sexualidade.”
Daniel Sampaio

Para mais informações sobre este tema, sugerimos a consulta dos seguintes sites:
http://familia.sapo.pt/adolescente/sexualidade/guia_para_pais

http://www.apf.pt/ (Associação para o Planeamento da Família)

Carla Garcia
Raquel Fontes

Publicado no Jornal Diário Insular - IGUALDADE XXI - de 23 de Outubro de 2009

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