quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Violência nas relações amorosas


Imagem de Letícia Leal

Todos nós temos o direito de ter relações amorosas saudáveis e positivas. A primeira relação amorosa é um acontecimento marcante na vida de uma pessoa, como tal deverá ter boas recordações da sua primeira relação.
Infelizmente, muitos adolescentes acabam por ter relações amorosas violentas e estas acabam por marcá-los de forma externamente negativa. Segundo estudos recentes, um em cada quatro jovens em Portugal é ou foi vítima de violência no namoro. É extremamente importante que os nossos adolescentes identifiquem os sinais de uma relação violenta de forma a que se possam proteger.
A ideia essencial a reter é a seguinte: existe violência quando, numa relação amorosa, um exerce poder e controlo sobre o outro, com o objectivo de obter o que deseja.
Este poder pode-se manifestar de diversas formas, se o teu namorado ou namorada por exemplo:

 Belisca-te, empurra-te, arranha-te;
 Dá-te ordens ou toma todas decisões por ti (o que deves vestir ou o que não deves vestir);
 Não valoriza as tuas opiniões;
 Põe-te em baixo, diz que és feia e que não vais ter mais ninguém;
 É ciumento(a) e possessivo(a), não quer que saias com as tuas amigas e amigos;
 Controla todos os teus movimentos (pergunta constantemente onde estiveste, ou com quem estiveste);
 Humilha-te à frente das tuas amigas e amigos (insulta-te, diz que nada serias sem ele/ela, etc.);
 Culpa-te pelos comportamentos violentos dele/a;
 Assusta-te, tens medo da reacção dele/a quando dizes ou fazes alguma coisa;
 Pressiona-te para terem relações sexuais, não protegidas ou práticas sexuais não desejadas;
 Pressiona-te a consumir álcool ou outras drogas que te poderão desinibir sexualmente;
 Intimida-te;
 Não aceita que queiras terminar a relação;
 Ameaça espalhar rumores se acabares com a relação, fazer mal a alguém (ou a ele próprio);
 Oferece-te prendas em excesso, especialmente após um comportamento violento;
 Fala mal da tua família e diz que não deves estar com eles;
 Isola-te de tudo e de todos.

Quando verificares que de facto vives numa relação amorosa violenta termina-a. Tens direito a ser feliz, viver sem medo, escolher os teus amigos e as tuas amigas, expressar as tuas convicções, decidir se queres ter ou não relações sexuais, ser respeitado/a, receber amor e tudo o que mereces ter numa relação a dois.
Uma relação amorosa saudável ou seja não violenta é ter amor, confiança, respeito, amizade, tolerância, carinho, partilha, diálogo…
Muitas das vítimas de violência no namoro acreditam que com o tempo conseguem mudar o seu parceiro/a. A mudança nunca ocorre porque o outro quer, mas sim quando nós próprios queremos. A maior parte dos agressores não querem mudar porque se sentem bem a controlar e a exercer poder sobre a outra pessoa. Por vezes referem que adoram sentir o poder de controlar o outro/a. Muitos destes jovens agressores mais tarde tornam-se violentos no próprio casamento.
Por isso, não tenhas vergonha de terminar a relação ou medo de procurar ajuda, deves fazê-lo. Fala com a tua família, amigos, professores, porque estes podem ajudar-te. Não te ponhas em risco, deves proteger a tua saúde física e mental. Se o teu namorado/a continuar a exercer violência depois de teres terminado a relação, tenta proteger-te e rodear-te dos teus amigos e família. Evita estar sozinha, fala da situação com pessoas de confiança que te possam aconselhar. Mantêm um diário sobre as situações de violência que ocorreram e grava no telemóvel os contactos necessários em caso de emergência (associações de apoio à vítima, polícia local e pessoas de confiança).
Lembra-te sempre que namoro violento não é amor, os ciúmes não são amor, o poder não é amor. "Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro." (Carl Gustav Jung).

Mariana Ornelas,
Psicóloga da UMAR Açores / CIPA
Delegação da Terceira

Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 21 de Fevereiro de 2012.


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