sexta-feira, 18 de outubro de 2019

SE AS MULHERES PARAM, O MUNDO PÁRA!


A UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta apela à mobilização para a Greve Feminista Internacional do 8 de março, realçando o caráter simbólico desta greve.

Nós mulheres temos mil e uma razões para reclamar direitos e para lutar pela nossa liberdade e autonomia.

Tanto no passado como no presente, as mulheres foram e são as mais fustigadas pelos diversos sistemas de opressão e exploração. Por isso, denunciamos discriminações e diferentes formas de violência a que nos sujeitam, mostrando a força que nós, mulheres, podemos e devemos ter nas sociedades.

No dia 8 de março, ao quebrar as rotinas de todos os dias nas muitas e muitas tarefas que usualmente fazemos, quando saímos do trabalho, alterando quotidianos que nos são impostos socialmente e que limitam os nossos percursos de vida, desde a nossa idade mais precoce, é uma forma de dizer “Basta!” e de estarmos solidárias com as mulheres do mundo inteiro.

Esta e outras paragens simbólicas por parte das mulheres que se podem fazer nos locais do trabalho têm um grande significado, pois possibilitam demonstrar que estamos unidas na luta contra as desigualdades e discriminação de género que nos oprimem.

QUEREMOS viver sem violência e acabar com os assassinatos de mulheres - femícidios

QUEREMOS ter uma Justiça não sexista e misógina que pare de atuar constantemente em defesa e desculpabilização dos agressores e na culpabilização das mulheres.

QUEREMOS uma verdadeira igualdade salarial, ter condições de acesso a trabalho não precário, sem discriminações, sem assédio sexual e moral; exigimos o cumprimento do direito de igualdade das pessoas trans no acesso ao emprego e ao trabalho, tal como decretado na lei nº28/2015.

EXIGIMOS o direito a um projeto de vida digno e autónomo onde a gravidez ou o cuidado com descendentes e ascendentes não sejam argumentos escondidos para despedimento ou discriminação.

EXIGIMOS respostas públicas para o incremento de serviços e redes de apoio, tais como creches, lares, cantinas e apoio domiciliário. Por ano, em média, cada mulher perfaz 16 semanas e 40 h de trabalho gratuito, que nem sequer nos é reconhecido nesta sociedade onde se mantém a divisão sexual do trabalho.

RECLAMAMOS espaços livres de assédio quer seja no trabalho, no espaço público ou dentro das nossas próprias casas. O lugar da mulher é onde ela quiser!

QUEREMOS uma educação pública e gratuita não reprodutora de estereótipos e papéis de género, com currículos pedagógicos que visibilizem a História e as Lutas das Mulheres.

EXIGIMOS Instituições do Ensino Superior em que não sejam legitimadas praxes académicas humilhantes, que reproduzem uma cultura heteronormativa e misógina, encorajando a violência sexual, o racismo, o classismo e a LGBTQIA+fobia. Queremos uma Academia em que todas (alunas, professoras e funcionárias) possamos ter as nossas identidades e orientações sexuais livres de assédio e machismo.

REIVINDICAMOS direitos para todas as mulheres: imigrantes, refugiadas, presas, mulheres de todas as etnias e nacionalidades, mulheres de todas as idades e com diferentes corpos, mulheres com diferentes orientações sexuais e identidades de género, mulheres que prestam serviços sexuais, mulheres com diferentes capacidades.

QUEREMOS ter leis da habitação que concedam a todas as mulheres o direito fundamental de acesso a um local adequado para viver dignamente. Exigimos políticas que protejam arrendatárias e residentes de ameaças de ordens de despejo, que tantas vezes resultam em tristes cenários de mulheres, crianças e idoso/as na rua sem alternativa de uma habitação digna.

QUEREMOS igual acesso aos cuidados de saúde e bem-estar.

EMPENHAMO-NOS na construção de uma sociedade mais consciente e informada, menos consumista, baseada numa cultura da imagem, pressionada socialmente pelos media e indústrias culturais, promotoras da hipersexualização dos corpos das mulheres e de um ideal de beleza-padrão irreal.

LUTAMOS por um mundo no qual a preservação do Planeta e a sustentabilidade ambiental sejam priorizadas, em detrimento da sobre exploração dos recursos naturais e da poluição ambiental levada a cabo por grandes corporações transnacionais, de forma a evitar que os efeitos alterações climáticas e da destruição dos ecossistemas destruam a nossa qualidade de vida, desde já tão precária. As mulheres que dependem directamente dos recursos naturais como as indígenas, as camponesas e as pescadoras de certas regiões do mundo, são as mais afectadas pela destruição ambiental.

QUEREMOS um mundo sem guerras, sejam elas militares, económicas, territoriais ou religiosas. Insurgimo-nos contra os conflitos armados, nos quais mulheres e crianças são tantas vezes utilizadas como armas de guerra. Solidarizamo-nos com os povos ocupados militarmente, oprimidos e massacrados e com aqueles que resistem. Contra o extermínio social e cultural dos povos indígenas!

Não queremos ser mulheres que subjugam e exploram outras mulheres. Recusamo-nos a reproduzir as desigualdades raciais, de género e de classe que nos acorrentam a todas.

Insurgimo-nos contra a ascensão ao poder de políticos e governos de direita e ultraconservadores em cada vez mais países do mundo. Na Europa os perigos para um grande recuo nos direitos das mulheres já se fazem sentir com o crescimento e subida ao poder de partidos fascizantes.

O dia 8 de março também é, por isso, um dia de protesto contra os populismos, os movimentos neo-fascistas e as tendências reaccionárias que assolam a Europa e todo o mundo.
 
CONTAMOS CONTIGO, no dia 8 de março, para te juntares a outras mulheres, numa maré feminista de protesto por todo o país.


Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 8 de Março de 2019
 

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