sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Destaque do Mês de Agosto de 2009

D. Zita Lima

A D. Zita Lima nasceu em Lisboa, no Bairro de Alfama, em 1930. Em termos académicos, fez o Curso Complementar do Comércio, e trabalhou como secretária numa instituição. Aos 24 anos casou-se com o médico Mário Lima, e veio para a Ilha Terceira, uma vez que o seu marido era natural de cá. Fez parte da Liga de Acção Católica Feminina (LACFE) e ajudou o marido no consultório até terem os seus quatro filhos. Entretanto também deu aulas de Culinária na Escola Profissional da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo e leccionou parte de um curso de Cozinha do PROFIJ na Escola Secundária Vitorino Nemésio da Praia da Vitória.
Depois ligou-se a um grande sonho do seu marido, que juntamente com o Dr. Cândido Pamplona Forjaz, sempre quiseram fazer algo em prol da luta contra o cancro nos Açores. Esse projecto começou ainda na sua casa onde se fizeram as primeiras reuniões, depois a Liga Contra o Cancro Nacional comprou o edifício onde actualmente está instalado o Centro de Oncologia dos Açores (C.O.A), e nascia aí o Núcleo Regional dos Açores da Liga Portuguesa Contra o Cancro (N.R.A.L.P.C.C.), na década de 60. Depois da activação do Núcleo, o sonho foi mais além e o objectivo era construir um centro onde se realizassem consultas de rastreio, quimioterapia, citologia, mamografias… Na concretização deste projecto, a D. Zita Lima teve uma participação bastante activa, fazendo a ligação com Lisboa, procurando as casas de materiais médicos e contactando os médicos de várias especialidades para saber o que era necessário para instalar esse centro: o C.O.A., que depois se tornou pertença do Governo Regional.
O primeiro presidente do N.R.A.L.P.C.C. foi o Dr. Cândido Forjaz e a D. Zita esteve sempre envolvida no trabalho do Núcleo tornando-se mais tarde sua presidente (há cerca de 12 anos). Trata-se de um cargo que exige muita disponibilidade e requer contactos constantes com o continente com vista ao crescimento do Núcleo. Este tem delegadas em todas as ilhas e delegações em S. Miguel e no Faial.
Entretanto foi-se interessando pela culinária, área que sempre gostou e o marido também apreciava muito. Fez um programa na RTP Açores sobre Culinária Regional, e tem sido questionada pelas pessoas sobre a possibilidade de realizar um novo programa. Entretanto recebeu um convite para publicar um livro sobre cozinha regional, em 2004, intitulado “Cozinha Açoriana”, que pelo interesse que despertou também está traduzido em Inglês. Começou a dar aulas de culinária em sua casa, fazendo cursos de 10 aulas com 5 semanas de duração. Tem alunas e alunos, porque os homens também se mostram muito interessados nesta área, havendo alguns que chegam a fazer vários cursos. O próximo curso de culinária vai decorrer em fins de Setembro e princípios de Outubro.
Gosta muito do trabalho na Liga, cujas actividades principais são o apoio ao doente oncológico e a prevenção do cancro. O apoio é dado ao paciente carenciado e não carenciado, porque próteses e cabeleiras são necessidades de toda a gente que vive esta doença. Para os doentes carenciados há ainda apoio a nível de alimentos e medicação. Outra finalidade é alertar a população para a realidade do cancro: as formas de se defender, de se prevenir, a maneira de detectar sintomas “suspeitos” e a necessidade de recorrer ao médico o mais rapidamente possível, porque quando detectado a tempo, aumentam as probabilidades de sobrevivência.
Também é objectivo do núcleo promover a investigação, apoiar técnicos de saúde na ida a congressos, mas as verbas são muito limitadas, uma vez que vêm principalmente de um peditório anual feito nos últimos dias de Outubro e primeiros de Novembro e das quotas pagas pelos sócios (15€ anuais). Fazem eventos como a Gala de Beneficência a favor do N.R.A.L.P.C.C. intitulada “Uma noite pela Vida”, com o apoio da estilista Daniela Lopes. Já houve uma a 29 de Novembro de 2008, no Clube Musical Angrense e a 2ª terá lugar no dia 5 de Setembro, no Auditório do Ramo Grande na Praia da Vitória.
Alguns cancros são específicos do género, como o cancro da próstata nos homens e o cancro da mama nas mulheres. Assim surgiu o Movimento “Vencer e Viver” – mulheres que foram operadas, mastectomizadas (cirurgia em que o seio é retirado) apoiam voluntariamente outras mulheres que vão operar ou que também já operaram a mama. O Movimento tem conhecimento que determinada mulher vai ser operada através da enfermeira do serviço de cirurgia que entra em contacto com o N.R.A.L.P.C.C.. Aí pergunta-se à utente se está interessada em ser contactada antes ou depois da operação e ela é procurada pela voluntária, que sendo uma pessoa que já passou pelo mesmo processo, pode falar e apoiar com um verdadeiro “conhecimento de causa”. Uma vez que se trata de uma cirurgia muito delicada, com grandes implicações a nível da auto-imagem e da auto-estima, por interferir com a identidade feminina, já existem muitas coisas adaptadas: soutiens, lingerie, fatos de banho, saídas de praia, camisas de dormir, para que a mulher se possa sentir bem nesta nova condição.
Outra doença muito prevalente na Região é o cancro do pulmão, que antes ocorria principalmente no sexo masculino, e agora tem aumentado também nas mulheres. Em 90% dos casos surge associado aos hábitos tabágicos, em fumadores/as activos/as e passivos/as.

Rita Silva

Publicado no Jornal Diário Insular - IGUALDADE XXI - de 5 de Agosto de 2009

Sem comentários:

Enviar um comentário