Associação
Para a Igualdade e Direitos das Mulheres
Clarisse Canha e Maria José Raposo
Outubro de 2017 é mês de
comemoração para a Umar-Açores. Em 1992 chega aos Açores a União de Mulheres Alternativa e Resposta, a fim de trabalhar a
prevenção e o combate ao fenómeno da violência de Género no percurso feminista
dos direitos das Mulheres e na Igualdade nos Açores, com base no ativismo e no
voluntariado.
A violência contra as mulheres
era e é um obstáculo à concretização dos objetivos da Igualdade que fundamentam
os direitos humanos e as liberdades fundamentais.
Hoje, muitas mulheres vítimas
do crime de violência doméstica não sentem ainda, nos seus quotidianos o
impacto positivo dos avanços ao nível da legislação e das práticas, persistindo
um sentimento de revitimização, de resposta desadequada ou extemporânea e de
insegurança persistente.
Entre os grupos de maior
vulnerabilidade a este fenómeno estão as crianças, as pessoas idosas, pessoas
dependentes e as pessoas com deficiência. Contudo as mulheres continuam a ser o
grupo onde se verifica maior vitimização, assumindo claramente uma dimensão de
violência de género.
Desde 2008 a UMAR - Associação
Para a Igualdade e Direitos das Mulheres, prossegue este trabalho com a mesma
sigla, sem nunca desvirtuar os seus pressupostos e caminhada, passando de
delegação para Associação.
Na evolução da UMAR-Açores,
identificam-se diferentes etapas, desde o debate publico, formação-ação,
promoção da mulher no trabalho, ativismo pelo fim da violência contra as
mulheres. Articula atividades e projetos com organizações de outras áreas de
intervenção, integrando trabalho de rede e inúmeras parcerias.
Em 1997, reconhecendo-se a
violência doméstica e de género uma das barreiras à emancipação das mulheres e
à igualdade, criou-se a LINHA SOS-MULHER, pioneira em Portugal, pensando nas
mulheres que dentro de casa tenham as
vozes silenciadas.
Uma das mais-valias da sua
atividade nos Açores, prende-se com a garantia de trabalho continuado, com base
no ativismo, voluntariado e equipas profissionais, assim como trabalho em rede
e parcerias.
De facto nos anos 90, foi a
hora de se criar raízes, numa evolução organizativa, que imprime à Associação
uma responsabilização na prevenção, no estudo, na procura de soluções para
colmatar as necessidades de inúmeras mulheres, jovens e famílias por estes
Açores fora.
Aposta-se na prevenção, na
sensibilização, na formação de mulheres, com vista à conquista da sua
autonomia, capacitação e autoestima pessoal, social e profissional.
Momentaneamente cria-se a
delegação da UMAR- Terceira e da UMAR- Faial, esta última com valência de Casa
de Abrigo, a segunda nos Açores e a primeira a localizar-se no Grupo Central.
Local onde as mulheres em perigo eminente encontram apoios, compreensão e
orientação para traçarem um futuro sem opressão e perigo.
Por tudo isto destaca-se a
UMAR-Açores, como Associação dinâmica, produzindo impacto na sociedade açoriana
no âmbito da Igualdade e dos feminismos na Região.
Nas décadas de 80 e 90
destacam-se a celebração do Dia Internacional da Mulher e o lançamento do
movimento de combate à violência doméstica e de Género.
Nas décadas seguintes,
prosseguem-se linhas de formação/ação, destacando-se o papel de se refletir e
desenvolver a prevenção no domínio da violência no namoro, violência doméstica
e no âmbito da Igualdade de Género.
Faz-se investigação a fim de
promover a mulher e o trabalho, comprovado em inúmeras publicações, que fomos
editando online e em produtos diversos.
Nada se faz sozinhas e aqui
registamos as inúmeras parcerias que fomos criando e sedimentando ao longo
destes 25 anos, tais como o Governo Regional, associações da área e outras,
associadas, voluntárias e amigas da causa.
Na génese desta Associação e
ideal de ideário esteve e está uma mulher de nome – Clarisse Canha – feminista
de convicção e de coração. Mulher, mãe, esposa e profissional dinâmica, astuta,
perseverante, livre de espirito e de ação, profundamente igual a ti, a mim e a
nós.
Todos e todas devem homenagear
esta mulher, personalidade de caracter, detentora de um poder de ação e
persuasão único, próprio e exemplar ao longo destes 25 anos, fazendo do seu
pensamento uma devoção ao serviço dos direitos das mulheres e do progresso nas
ilhas e que decididamente nos ensina todos os dias que o futuro é já amanhã e
em conjunto somos mais fortes e assertivas.
Porque não dizê-lo – é a
matriarca da Igualdade nos Açores pela sua constante e acutilante luta na
reivindicação desta Igualdade.
É um autêntico pilar de
congregação de vontades, de ideias, inovando, terminando e recomeçando a luta,
sempre que se justifica, acreditando sempre ser possível.
Sem qualquer pudor, registo que
é uma verdadeira inspiração e um privilégio trabalharmos a seu lado.
A UMAR é hoje uma associação
que se reclama de um feminismo comprometido socialmente, empenhada em despertar
a consciência feminista na sociedade açoriana, congregando gerações e ligando
as «velhas causas com as novas causas», como seja a luta contra a Violência
Doméstica; Paridade nos órgãos de decisão política, envolvimento internacional
na Marcha Mundial da Mulher e os 16Dias de Ativismo Contra a Violência de
Género.
A direção da UMAR- Açores
combina hoje uma nova geração de mulheres com sonhos e anseios ainda por
concretizar no âmbito da igualdade de género com mulheres que viveram os
tumultos dos anos 70. Ambas criam elos e pontes de assertividade, na certeza
porém de que nos próximos 25 anos erradicaremos fenómenos que tanto têm
flagelado as mulheres na nossa sociedade, há que trabalhar arduamente para
aprofundar os direitos das Mulheres.
Bem-haja a todos e a todas.
Maria José Medeiros Carreiro
Raposo
Presidente da UMAR Açores
Associação para a Igualdade e Direitos das Mulheres
Publicado na Página IGUALDADE XXI no
jornal Diário Insular de 11 de Novembro de 2017