sexta-feira, 29 de julho de 2011

Destaque do mês de Julho de 2011

MARGARIDA FORJAZ LEONARDO

Margarida Forjaz Leonardo tem 30 anos e é Licenciada em Saúde Ambiental e Técnica Superior de Higiene e Segurança no Trabalho. Sempre adorou desporto e é actualmente jogadora de futsal no Clube Desportivo do Posto Santo equipa que conta com um palmarés recheado de êxitos no panorama regional feminino.

Como começou e o que a motivou a praticar futsal?
Sempre adorei desporto! Lá em casa os meus Pais sempre incentivaram, a mim e ao meu irmão, para a prática de actividade desportiva. Estarmos envolvidos nalgum desporto e em actividades extra-curriculares sempre foi importante. Já pratiquei ginástica rítmica, ténis, futebol e basquetebol federados, sendo esta última a minha modalidade de eleição. A prática do futsal surge aos 27 anos, pela curiosidade de experimentar outra modalidade. Apesar de ter quase “caído de pára-quedas” no Clube Desportivo do Posto Santo, acabei por me integrar bem, o que motivou a minha continuação na modalidade.

Como é praticar um desporto maioritariamente associado ao masculino?
Também no desporto, o género masculino e feminino assumem valores distintos, apesar de surgirem oportunidades tanto para homens como para mulheres de participar nas diversas actividades desportivas, muitas são ainda predominantemente masculinas, pelas suas raízes históricas, culturais, sociais e políticas.
Hoje, o futsal é, também, um “jogo de raparigas”. Praticar esta modalidade exige dedicação e esforço, como outra qualquer, e, como rapariga, o gosto pela prática desportiva regular, designadamente do futsal, é suficiente para surgir o empenho e a motivação para o treino. Torna-se um desafio lutar por um lugar na equipa, procura-se fazer o melhor para fincar que também somos capazes de jogar futsal e ter bons resultados. Mesmo que por vezes me digam, embora em tom de brincadeira, “parece um rapaz pequeno”, tenho a certeza que dentro de campo as coisas podem ser diferentes!

Tendo como referência a actual divulgação, promoção e informação sobre o futsal e independentemente do número de praticantes (sabendo que há mais homens do que mulheres a praticar), acha que as mulheres têm a mesma visibilidade que os homens neste desporto?
Penso que não, mas posso arriscar em afirmar que conseguem um maior impacto do que os homens! Começa a surgir um interesse constante por ver as “raparigas” a praticar um desporto de “rapazes”, surge a curiosidade de ver as suas habilidades, se chegam, ou não, a dar um pontapé na bola, sendo a reacção, na maioria das vezes, de espanto e admiração pela qualidade do futsal que se pratica no género feminino. No nosso campeonato da Ilha Terceira, chegamos a ter jogos em que os Pavilhões estão cheios de adeptos e simpatizantes. Penso que pelo facto das equipas surgirem em Clubes das próprias freguesias à uma envolvência muito grande por parte da sua população em apoiar as suas “meninas”. Sinto isso no Clube Desportivo do Posto Santo, uma vez que o apoio e o carinho são uma constante por parte das pessoas que nos acompanham de perto.
Já no campo dos apoios privados e públicos, penso que o futsal feminino ainda fica um pouco aquém do que acontece no género masculino, dado que os menos atentos ainda não se aperceberam da dimensão, seriedade e impacto que esta modalidade praticada no género feminino alcançou e, principalmente, o enorme potencial de crescimento que ainda apresenta.

Alguma vez sentiu que, no exercício da sua profissão ou noutro desporto que pratique e/ou actividade que desempenhe, não lhe era dada a devida credibilidade por ser mulher?
Não, até pelo contrário. A nível profissional trabalho com uma população maioritariamente masculina, pois sou responsável por implementar a Prevenção e Segurança em obras de Construção Civil, e sinto o respeito de todos. Acredito, inclusive, que pelo facto de ser mulher os colaboradores acabam por aceitar com maior facilidade as decisões e medidas que procuro implementar no desempenho das minhas funções.
Sinto que os meus amigos e colegas até “acham” engraçado as minhas práticas desportivas, inclusive algumas que habitualmente associam à prática masculina, pois estão sempre a perguntar e entusiasmam-se com isso. Estão sempre a brincar!

Já alguma vez sentiu que era discriminada pelo facto de ser mulher?
Não, nunca! Um ou outro olhar mais indiscreto quando procuro informações sobre caça submarina, ou digo que jogo futsal ou até mesmo se me vêm a andar de bicicleta, mas nada mais do que isso, situações essas que até me divertem.

Como acha que são vistas as mulheres vítimas de violência doméstica pela sociedade em geral?
Infelizmente, penso que ainda persiste a ideia de que as vítimas de violência doméstica, na verdade, são culpadas de terem feito algo que não deviam, de que agiram mal ou que são, simplesmente, infelizes. Existe a vergonha de reconhecer que são vítimas e acabam por ter medo de procurar ajuda e de denunciar este facto às autoridades competentes.

Como poderia contribuir para uma maior de participação de raparigas e mulheres no futsal?
Através do incentivo a quem queira praticar futsal. É importante que as raparigas saibam que a prática do futsal não é uma coisa de rapazes, não se inibam, pois se gostam, devem procurar uma equipa para jogar. As suas famílias têm de ser sensibilizadas para compreender que não vão ter uma “Maria Rapaz” em casa, não importa o que os vizinhos dizem ou podem vir a dizer, deixem os preconceitos de lado e deixem-nas praticar desporto, designadamente futsal, conviver, criar amizades e competir!

Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 29 de Julho de 2011

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