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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

“Violência nas relações de intimidade: o que importa saber…”

Raquel Costa

Raquel Félix Fontes

Carla Mourão

“Violência nas relações de intimidade: o que importa saber…” foi o título dado a uma tertúlia / live através da rede social Facebook que a UMAR Açores levou a cabo no passado dia 10 de Dezembro de 2020 – Dia Internacional dos Direitos Humanos – como forma de “encerrar” a campanha deste ano relativa aos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres. O evento foi dinamizado pelas três psicólogas da Associação: Raquel Félix Fontes - UMAR São Miguel; Carla Mourão - UMAR Faial e Raquel Costa - UMAR Terceira.

Inicialmente estava pensado fazer-se uma organização por temas mas o discurso, felizmente, saiu de tal modo natural que muitos pontos foram tocados e que são preocupações comuns partilhadas não só pelas técnicas como por muitos dos participantes que assistiram e intervieram no momento.

Iniciou-se o discurso abordando a perspetiva feminista sobre o fenómeno da violência na intimidade que amplifica a dinâmica de desequilíbrio e poder dentro da relação abusiva, assim, como as narrativas socioculturais em torno das mulheres. O ciclo da violência também foi assunto, neste espaço, recordando a complexidade da relação abusiva. Foi realçada a importância de conhecer os sinais para que se possa intervir o mais atempadamente possível, evitando, assim, problemas de saúde maiores.

Também foi possível refletir sobre os avanços que se denotam na região no que concerne ao tema da Violência Doméstica e no Namoro e como se pode/deve melhorar as formas de intervir e de prevenir esta problemática.

Foi de comum acordo que nos últimos anos tem deixado de ser um tópico tabú (ainda o é mas não tanto como à uma década atrás), porém ainda não são tomadas formas de afirmação por parte de vítimas, testemunhas e até autoridades em diversas situações e contextos. É verdade que o nosso contexto sócio-cultural tem as suas particularidades e o facto de estarmos isolados na nossa insularidade permite que muitas situações se conheçam e se tornem incomodativas em diversos aspetos. Ainda assim, todo/as concordaremos que o facto de serem as vítimas a saírem do seu espaço pessoal trata-se de uma nova (entre muitas outras) formas de revitimizar a pessoa.

Ao longo da conversa foi possível ainda perceber que a prevenção e formação deveriam ser focos constantes e que o seu início precoce apenas viria a beneficiar a população em geral, e educar para a igualdade, no sentido de precocemente estes valores estarem solidificados, permitindo na adultez a robustez da igualdade, e de uma sociedade sem discriminações tão visíveis e expostas, mesmo fraturantes.

A “normalização” que se faz constantemente da violência é que é anormal, e mais curioso é que são os próprios jovens que a legitimam nos seus comportamentos dentro das relações de namoro.

De igual modo, foi possível perceber as vulnerabilidades do próprio sistema de intervenção face a vítimas de idade avançada e de realidades que ainda não foram “pensadas” na região (como o caso de pessoas LGBTI). As respostas são condicionadas pela nossa realidade e pela inexistência de facilidade de articulação entre diferentes meios de intervenção.

A nível judicial é pertinente “proteger” a vítima do seu próprio consentimento nas situações de suspensão provisória do processo, pois estamos a expô-la novamente, e a revitalizá-la, não a protegê-la, diria até que a estamos a por em risco. Também nesta área é fundamental o cruzamento dos processos de violência doméstica com os de família e menores. Dá que pensar se quem agrediu, muitas vezes em frente dos próprios filhos, consegue ser na verdade um bom pai ou uma boa mãe… Temos o dever de não só proteger a vítima, como proteger a criança e perceber e avaliar o impacto da violência doméstica nos menores.

A violência é um problema social e, como tal é necessário o entrosamento de toda/os nós para a vivência de comunidades mais saudáveis, que abraçam a diversidade humana e não são cúmplices com maus-tratos.

Aproveitamos para recordar que a Violência Doméstica é um crime público, o que significa que todo/as nós podemos denunciar esta situação. Para tal deverá contactar a Polícia de Segurança Pública, por telefone ou presencialmente, e relatar o sucedido (tem o direito ao anonimato!).

Resumidamente, estamos melhores do que estávamos mas podemos ficar muito melhor do que estamos. Para isso é necessária a intervenção, ajuda, consciencialização e atuação de todos. Porque uma boa sociedade constroí-se com bons cidadãos... 


As psicólogas da UMAR Açores

Raquel Félix Fontes

Carla Mourão

Raquel Costa


Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 23 de Dezembro de 2020



segunda-feira, 9 de novembro de 2020

No meu Ser

 

Na minha pele está revestido o meu Ser
O meu Ser é igual aos outros Seres
Ama, chora, ri, sofre
O meu olhar, não difere dos outros olhares
Os meus sentimentos, são os mesmos sentimentos dos outros
Mas as minhas escolhas, as minhas opções e preferências
Cabem ao meu livre arbítrio, e à minha autodeterminação
Os meus direitos, são os Vossos direitos
Não percebo a Discriminação, e a Intolerância
Somos pessoas, somos todos/as pessoas
Num mundo tão vasto de escolhas
A mim não me incomodam as tuas escolhas
A mim não me incomoda quem tu és
Porque te incomodam as minhas escolhas?
Porque te incomoda quem eu sou?
Sou simplesmente um Ser, como tu és um Ser
Somos tão somente iguais
Vamos tão somente Viver!

 

Carla Mourão

 

Poema escrito no âmbito do evento online “Contra a LGBTI+Fobia aos Caminhos da Igualdade”


Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 13 de Junho de 2020