MARIA BETTENCOURT
Fotografia: Candi Bettencourt
Maria Garcia Gil Bettencourt tem 19 anos,
o 12º ano de escolaridade e vive com a música desde sempre. No entanto
considera a profissão de música como a “da miséria”…
Não se lembra de nenhum dia em concreto em
que decidiu que queria cantar. Foi uma
coisa que esteve sempre presente, já desde criança. A minha mãe cantava, o meu
pai cantava e tocava, e depois todos os outros Bettencourt que de uma maneira
ou outra me influenciaram. A sério comecei em 2007, com 13 anos.
Como
é trabalhar num mundo maioritariamente masculino?
Sinceramente,
é uma coisa que nunca me fez muita confusão. Para mim é normal. Talvez pelo
hábito. É verdade que não há muitas mulheres em bandas, principalmente nas
nossas ilhas, mas felizmente o número está a crescer. Também tenho tido sorte
com as pessoas com quem partilhei o palco até hoje. Sempre me fizeram sentir
como uma igual. A banda sempre me tratou como uma mulher, mas fez-me sentir
como “one of the guys”. Quando subo ao palco, esqueço-me que sou a única
rapariga no meio de 5 homens. Faço o meu trabalho o melhor possível. A
principal dificuldade é, muitas vezes, ter de ouvir comentários menos
agradáveis vindos principalmente do público masculino. Umas vezes dá-se resposta
(vá, a maior parte das vezes. Não sou de ficar calada) outras, esses
comentários entram por um ouvido e saem por outro. E há também o facto de levar
mais tempo a arranjar-me. O pessoal todo com pressa, são homens, não querem
saber de maquilhagem, e eu a tentar fazer o meu eyeliner o mais perfeito
possível.
Sobre violência doméstica, pensa que muita gente acha que é uma coisa que a
mulher deve aceitar. E não é. A vida pertence-lhe e deve ser ela a decidir o
seu próprio destino. A igreja teve grande influência na ideia de submissão da
mulher ao homem. Felizmente, as coisas estão a mudar e a evoluir para melhor.
Mas há ainda muito a fazer para mudar este preconceito. Basta olhar para os
números de mulheres vítimas de violência doméstica.
Releva o papel de associações como a UMAR
Açores, pois é importante divulgar este
problema (violência doméstica),
sensibilizar as pessoas e abrir os olhos à nossa sociedade. Trabalhar para um
futuro melhor.
Que
bandas a influenciam mais e porquê?
Em
primeiro lugar, os Beatles. Não me lembro de não os conhecer. É a banda dos
Bettencourts. Acho que não há ninguém na família que não goste deles. Depois os
grande Led Zeppelin, os Queen e os Aerosmith. Todos liderados por grandes
vocalistas que são um verdadeiro exemplo para mim. E da
actualidade, os Paramore. São sem dúvida os que mais me influenciam. São
liderados por uma rapariga, uma das mais energéticas e poderosas que vi em
palco até hoje. Tenho muito respeito pela Hayley e pelo exemplo que ela dá a
qualquer mulher que queira seguir a sua vida na música. Ela é a prova viva de que,
actualmente, a mulher pode ter sucesso num mundo maioritariamente composto por
homens e, para mim, destaca-se de todas as outras vocalistas que andam por aí
agora.
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular
de 24 de Julho de 2013.
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