terça-feira, 26 de novembro de 2013

Como me libertei da violência doméstica

 
“Passados três anos venho aqui dar o meu testemunho, com todo o prazer, de como é possível sair de uma situação de violência doméstica.
Nos primeiros tempos, foi muito difícil, com dois filhos menores e o pai sempre a tentar manipulá-los, sempre a usá-los como arma para me atingir, foi muito duro mas valeu a pena todo o esforço, todo o sofrimento, o mais difícil foi dar o primeiro passo, ou seja, sair de casa porque infelizmente como diz o ditado “quem está mal é que se muda” e em Portugal as leis parecem favorecer sempre os agressores.
Não foi fácil deixar para trás o trabalho de dezoito anos e recomeçar tudo do zero, mas com a ajuda da minha família e de todos os profissionais da UMAR, a quem agradeço tanto à minha família como à UMAR todo o apoio e a ajuda que sempre me deram, foi bem mais fácil ultrapassar isto tudo.
Com o passar do tempo sinto-me cada vez melhor, tenho uma liberdade fantástica que não imaginava que existisse, é tão bom não ter ninguém a controlar-me os passos, as palavras, enfim, tudo aquilo que eu fazia.
Hoje sou uma mulher feliz e gostava de deixar aqui o meu conselho ou opinião, como quiserem entender, a todas as pessoas que vivem situações de violência doméstica, o mais frequente é serem mulheres, nunca fiquem presas a uma casa ou a uma relação que não vale a pena e também não arrastem essa relação por causa dos filhos, ou por qualquer outra razão, não vale a pena. Sei bem do que estou a falar sofri muitos anos por todos estes motivos e mais alguns, lutem sempre pelo melhor para os vossos filhos, foi o que eu fiz e agora é muito gratificante ouvi-los dizer “estamos muito melhor assim, foi o melhor que a mãe fez”, sei que é muito difícil mas vale a pena os sacrifícios que temos que fazer para poder viver em paz e liberdade sem agressões físicas e verbais. Não se deixem acanhar pelas consequências que possam surgir não vivam aterrorizadas e lembrem-se sempre que ninguém merece viver assim.
E a quem já viveu situações de violência deixe o passado para trás, bem sei que não é fácil mas acreditem que é o melhor, vivam o presente com toda a intensidade que puderem e façam um favor a si próprias e sejam felizes.
Aproveitem ao máximo e acima de tudo sejam livres porque têm esse direito e a vida é muito curta para viver em sofrimento e nunca se esqueçam que o tempo cura tudo.”
 
Utente da UMAR Açores
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 26 de Novembro de 2013.
 


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