quinta-feira, 24 de maio de 2012

Testemunho de uma trabalhadora da Revolução Industrial



Carta de Betty Harris, 37 anos, denunciando as terríveis condições de vida dos/as trabalhadores/ras durante a Revolução Industrial:


“ Casei-me aos 23 anos, e foi somente depois de casada que desci à mina; não sei ler nem escrever. Trabalho para Andrew Knowles, da Littel Bolton (Lancashire). Puxo pequenos vagões de carvão; trabalho das 6 da manhã às 6 da tarde. Há uma pausa de cerca de uma hora, ao meio-dia, para almoço; dão-me pão e manteiga, mas nada para beber. Tenho dois filhos, porém eles são jovens demais para trabalhar. Eu puxava estes vagões, quando estava grávida. Conheci uma mulher que voltou para casa, lavou-se e deitou-se, deu à luz e retomou ao trabalho menos de uma semana depois. Tenho uma correia à volta da minha cintura e uma corrente que passa por entre as minhas pernas e ando sobre as mãos e pés. O caminho é muito íngreme, e somos obrigados a segurar uma corda – e quando não há corda, agarramo-nos a tudo o que podemos. Nas minas onde trabalho, há seis mulheres e meia dúzia de rapazinhos e rapariguinhas; é um trabalho muito duro para uma mulher. No local onde trabalho, a cova é muito húmida e a água abundante. Um dia a água chegou até à minha cintura. E o que cai do tecto é terrível! As minhas roupas ficam todas molhadas, todo o dia. Nunca fiquei doente na minha vida, a não ser na época dos partos. Estou muito cansada quando volto à noite para casa, às vezes adormeço antes de me lavar. Não sou tão forte como dantes, não tenho mais a mesma resistência no trabalho. Estes vagões arrancam-me a pele; a correia e a corrente são ainda piores quando se espera uma criança”.


 Para que a História não se repita!

Publicado na Página Igualdade XXI no Jornal Diário Insular de 23 de Maio de 2012 

Sem comentários:

Enviar um comentário