Hoje diz-se que
o homem e a mulher vivem numa sociedade moderna, civilizada, justa onde todos
em conjunto usufruem dos mesmos direitos e privilégios.
No entanto, em
lares a violência doméstica ainda é um problema que afeta crianças, idosos,
sobretudo mulheres. Elas são vítimas nas mãos dos seus maridos, companheiros
que as agridem com murros, pontapés, que as insultam e humilham, que as forçam
a torturas sexuais, só porque se julgam donos dos seus corpos e almas. Estes homens
cruéis e desumanos não se lembram, ou não querem lembrar-se, que a violência
doméstica é crime.
Para eles as
suas mulheres são apenas meros objetos que eles utilizam a seu belo prazer e
que quando estão fartos as deitam fora (põe de lado). No meu ponto de vista a
mulher de hoje deve ser encarada da mesma forma que o homem. Ela não pode, nem
deve ser vítima de qualquer violência, seja ela física, sexual ou psíquica. Ela
não pode ser violentada nos seus direitos de mulher, de esposa, de mãe e de
trabalhadora. O seu trabalho deve ser merecedor do mesmo respeito que o homem.
E se ela se vir humilhada e insultada, deve recorrer de imediato ao tribunal da
sua localidade de residência, para que este a possa defender.
Infelizmente
também já passei por isso, e às vezes dou por mim a pensar como fui capaz de
deixar alguém pensar que tinha todo o direito de espancar, violar, agredir
física e psicologicamente. Fui vítima de violência doméstica durante 13 anos e
sempre calada, sempre assustada e não podia dizer a ninguém porque era ameaçada
de morte. Mas finalmente consegui libertar-me desse homem. Mas as recordações,
a dor e a angústia continuam bem presentes.
Hoje aprendi uma
grande lição: ninguém me volta a maltratar. Tenho muito orgulho na mulher que
me tornei pois consegui ultrapassar tudo isso e apoio qualquer mulher que
denuncia o seu agressor, nunca se deixem vencer pelo medo porque nós mulheres
somos mais fortes do que imaginamos. Mas não convém esquecer que também há
muitos homens que sofrem de violência doméstica e que também tem vergonha ou
medo de denunciar suas agressoras.
Utente
da UMAR Açores
Publicado na Página
IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 3 de Outubro de 2013.
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