quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Hora do Conto – Cores da Igualdade

Integrada nas festividades de Verão, mais em concreto nas festas da Praia 2018, no âmbito da campanha “Açores pela Igualdade”, decorreu nos dias 6, 8 e 10 de Agosto, no espaço da Biblioteca Municipal Silvestre Ribeiro (na Praia da Vitória) a hora do conto, sob o tema “Cores da Igualdade”. A UMAR Açores colaborou nesta actividade do Núcleo de Iniciativas de Prevenção e Combate à Violência Doméstica, da Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória, no âmbito da participação na Rede de Apoio Integrado à Mulher da Ilha Terceira.
 
Ao longo dos três dias em que decorreu, participaram nesta iniciativa 83 crianças dos 3 aos 12 anos, de vários Jardins de Infância e ATL’s do município. A atividade consistia na leitura e exploração de duas histórias “As famílias não são todas iguais” e “Primeiro cresci no coração”, que abordam as novas formas de família. Além da família tradicional: pai, mãe e filhos, contemplam-se as famílias monoparentais, as famílias reconstituidas (com filhos de outros relacionamentos) e as famílias LGBT (com dois pais ou duas mães), salientando a importância das mesmas no desenvolvimento emocional das crianças. Num segundo momento, os/as participantes da sessão pintaram o desenho de um arco-íris, que representa a sua família e as características que a definem: o nome, o número de elementos que a constituem e as atividades que gostam de fazer em conjunto.
 
Esta iniciativa de carácter lúdico-pedagógico foi acolhida com entusiasmo pelas crianças que nela participaram e contribuiu para uma melhor compreensão da diversidade afectivo-sexual que caracteriza as relações amorosas e familiares.
 
 
 
 
 Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 18 de Setembro de 2018
  

REALIDADE DOS NOSSOS DIAS ...


O meu trabalho exige que me desloque pelas ilhas dos Açores contatando com muita gente de vários estratos sociais, idades e géneros. Por essa razão já vivenciei casos de alegada violência doméstica, desigualdade entre géneros e supressão de um membro em relação ao outro. Quando me foi proposto por um membro da UMAR escrever um pequeno texto sobre a minha opinião e a minha perspetiva em relação aos problemas referidos anteriormente não hesitei e entre os muitos casos optei por dois dos mais comuns e que têm vindo a aumentar atualmente.

Durante essas deslocações tenho observado nos últimos anos um aumento da emigração, sobretudo do Brasil, fruto de relacionamentos online, onde mulheres saem do seu país, acompanhadas muitas vezes por filhos menores, sem terem bem a noção do que vão encontrar. Quando chegam ficam sem trabalho e as suas habilitações literárias não são reconhecidas no nosso país. Por vezes encontram-se em relações abusivas para si e para os filhos, sem recursos financeiros para poderem regressar ao seu país ou sair dessas relações.

Ao contatarem comigo procuram uma valorização profissional de modo a alcançarem uma vida mais estável e independente, no entanto encontram-se economicamente dependentes dos companheiros que muitas vezes as controlam tanto financeiramente como socialmente, evitando contatos e amizades com outras pessoas fora do âmbito familiar. Muitas vezes sinto o medo das crianças face aos companheiros da mãe que são agressivos, (na minha presença), verbalmente com elas.

Tento sempre incutir-lhes a necessidade de se tornarem independentes e de pedirem ajuda familiar, mas muitas vezes a situação familiar é também muito instável e o fator económico não permite um apoio financeiro para poderem voltar ao país de origem, ou planearem uma vida independente para si e para os seus filhos.

Outra das situações que me choca é que cada vez mais sou confrontado com situações de abusos entre os jovens.

Apesar de toda a informação existente, tanto nas escolas, como meios de comunicação social, espanta-me ver jovens na dependência de namorados que lhes controlam os telemóveis, o dinheiro e as suas decisões. Por vezes a opção de realizar uma formação recai sobre eles, que decidem o que elas devem ou não fazer. Algumas jovens acabam por se afastar dos amigos e vivem em função dos relacionamentos sem ter em conta as repercussões que isso terá no futuro.

Em alguns casais, continuo a notar que apesar de ambos trabalharem, as decisões são muitas vezes tomadas de forma unilateral, recaindo sobre o elemento masculino a palavra final.

Como conclusão gostaria de fazer uma chamada de atenção a todas as mulheres e jovens: apostem na sua formação e valorização profissional de forma a poderem ter um meio de se sustentarem a si e aos seus filhos. Quanto mais uma mulher possuir independência financeira, menor a probabilidade de se ver presa numa relação abusiva e de ser tratada de forma desigual.

E.J.Cabral
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 18 de Setembro de 2018
 

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Igualdade de Género e Não-violência


Ao longo do mês de julho e no âmbito do plano de atividades da delegação da ilha Terceira da UMAR Açores / CIPA, realizaram-se três iniciativas orientadas para crianças e idosos. As referidas atividades abrangeram os temas da Desigualdade de Género e da Não-violência e procuraram transmitir ao público-alvo a necessidade de evoluir as “mentalidades” para estes temas que ainda são muito alvo de estereótipos na sociedade atual.

Estas atividades realizaram-se em parceria com a valência da Confederação Operária Terceirense (COT), Centro de Atividades e Tempos Livres (CATL) “O Golfinho” e com o Centro de Dia da Santa Casa da Misericórdia da Vila de São Sebastião. As sessões com as crianças realizaram-se nos dias 5 e 11 de julho, no espaço da delegação da ilha Terceira da UMAR Açores e a atividade com os idosos decorreu no Centro de Dia em São Sebastião no dia 10 de julho.

Na prática, com as crianças do CATL foi abordado o trabalho que a UMAR Açores desenvolve e posteriormente promoveu-se a igualdade de género através de jogos, pequenos filmes e histórias infantis. No final, foram entregues às crianças panfletos informativos sobre igualdade de género e, para entregarem ao pais e mães, panfletos com informações sobre as consequências da violência de género e recursos de apoio disponíveis na delegação da Associação na ilha Terceira.

Com os idosos do Centro de Dia, foram entregues panfletos onde consta uma linha telefónica de apoio ao idoso em caso de violência doméstica e realizados alguns jogos lúdico-pedagógicos.

Ambas as atividades permitiram mostrar, de forma sucinta, o trabalho que se desenvolve na UMAR Açores e o seu papel na sociedade, tendo a atividade como principal objetivo munir o público-alvo de informação para mostrar as consequências da discriminação.

Alexandre Silva
Formando na UMAR Açores do curso de Técnico de Apoio Psicossocial da Escola Profissional da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo
 
 
Centro de Dia da Santa Casa da Misericórdia de São Sebastião - 10 de Julho
 
Atividade com as crianças do CATL - 5 de julho
 
Atividade com as crianças do CATL - 11 de julho
 
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 1 de Agosto de 2018

 

 

quarta-feira, 4 de julho de 2018

A sociedade do século XXI


Culturalmente, a mulher foi associada ao serviço doméstico, sendo a única responsável pela lida da casa, pelos filhos e muitas vezes, pelos familiares com mobilidade reduzida. Posteriormente, começaram a surgir postos de trabalho nestas áreas, como a área social, a área da saúde e a área educativa, onde a mulher passou a ter um trabalho remunerado. O que fazia em casa, não sendo pago, passou a fazer diariamente com a criação de empregos nas referidas áreas, em que descontava e recebia mensalmente um salário. Trabalho idêntico ao que fazia anteriormente como cuidadora do lar, mas sem qualquer compensação financeira.

O trabalho social, nomeadamente, assistentes sociais, psicólogos, sociólogos, como também o trabalho educativo, como os professores e/ou educadores de infância, ou o trabalho de prestação de cuidados, como os enfermeiros, técnicos de lares, entre outros, são associados ao feminino. A mulher é quem toma conta dos filhos, dos idosos, quem cuida de algo/alguém. Este é um padrão assumido pela sociedade de muitos países ainda subdesenvolvidos. Assim, a mulher segundo a sociedade, assume o papel de sensível, frágil, cuidadora, sentimental, irracional, submissa, etc.

Já o homem, está culturalmente associado ao papel de chefe de família, sustento familiar e tradicionalmente mais insensível, dominante, forte, racional, etc. do que a mulher.

Atualmente, no século XXI, em alguns países e sociedades, são atribuídas funções familiares a cada membro do casal heterossexual, sendo que as sociedades estão a progredir relativamente a esta mudança, mas ainda há muita desigualdade de género e discriminação. Tanto o homem como a mulher tem direitos, como por exemplo, o direito a escolherem um emprego e não serem discriminados por isso, como por exemplo, a mulher pode escolher ser comandante da Força Aérea e o homem pode escolher a área social como profissão e ambos puderem ter a sua profissão de sonho sem serem marginalizados pela sociedade.

Como exemplo do homem na área social, está a decorrer desde 2015 até ao presente ano letivo (2018) o Curso de Técnico de Apoio Psicossocial com saídas profissionais associadas ao sexo feminino, sendo que de 21 alunos existentes no curso, apenas 3 são rapazes, o que pode ser consequência dos estereótipos de género.

Muitos países ainda obrigam os homens a cumprirem o serviço militar e são enviados para a guerra, sem opção de escolha. Esta é uma discriminação por parte da sociedade, pois eventualmente, existem mulheres com o sonho de ingressarem nesta carreira e só o sexo masculino é que é associado a este serviço. Devia ser possível ingressarem tanto homens como mulheres de livre vontade ao invés de homens coagidos.

O feminismo não tem que ser inimigo do homem, como muitas pessoas o idealizam, o feminismo existe para igualar a mulher ao homem e não para discriminar nem desvalorizar o homem.
 
Exemplo de profissão associada à mulher, prestação de cuidados a idosos
Fotografia: www.correiodeuberlandia.com.br

Exemplo de profissão associada ao homem, serviço militar
 
Alexandre Silva
Formando na UMAR Açores do curso de Técnico de Apoio Psicossocial da Escola Profissional da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo
 
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 4 de Julho de 2018
 

 

sexta-feira, 15 de junho de 2018

UMAR Açores assinala Datas Comemorativas


A 17 de maio comemora-se o Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia. Neste contexto, a delegação da ilha Terceira da UMAR Açores / CIPA dinamizou uma iniciativa de sensibilização, através da criação do “Menu do Dia” que foi distribuído por alguns snack-bares, restaurantes e cafés, nomeadamente, nas freguesias da Sé, São Bartolomeu de Regatos e Feteira. Com o intuito de promover a não discriminação em função da orientação sexual, os referidos “menus” foram colocados sobre as mesas dos estabelecimentos com o objetivo de transmitir às pessoas que precisamos de uma sociedade sem preconceitos, discriminação e desigualdade.
Assim procurou-se reforçar, através de algumas mensagens, que “aceitar a homossexualidade é uma escolha, mas respeitar é um dever de todo/as”.
Para além desta atividade, foi também comemorado o Dia Mundial da Criança, que se celebra a 1 de junho, para o qual foi idealizado um porta-chaves para oferecer às crianças com uma mensagem relacionada com a igualdade de género. Deste modo, a delegação da UMAR Açores concretizou a sua ideia em parceria com as valências da Confederação Operária Terceirense, Creche e Jardim de infância “O Golfinho” e Centro de Atividades e Tempos Livres (CATL) “O Golfinho”. Na prática, foram transmitidos às crianças os princípios da UMAR Açores e de seguida distribuídos rebuçados e porta-chaves com a mensagem - “No Dia da Criança promovemos a igualdade de oportunidades entre meninos e meninas”.

 
“Menu” do Dia Internacional contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia
 
Dia Mundial da Criança - Centro de Atividades e Tempos Livres “O Golfinho”
 
Dia Mundial da Criança - Porta-chaves oferecidos às crianças
 
Alexandre Silva UMAR Açores
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 8 de Junho de 2018
 


quinta-feira, 24 de maio de 2018

Alianças da Diversidade – Uma Escola Segura para Tod@s

 
 
Os dados estatísticos não mentem: 48% de jovens gays e lésbicas, bem como 33% de jovens bissexuais já foram alvo de homofobia e bifobia em contexto escolar (Freitas e Fontaine, 2014). Perante um contexto ainda discriminatório e heteronormativo, 94% de jovens lésbias, gay, bissexuais, trans e intersexo (LGBTI) optam por esconder a sua identidade, enquanto 36% a revelam de forma seletiva. E os números não se ficam por aqui: 60% já ouviu comentários ou testemunhou eventos negativos e 44% diz ser muito comum ouvir piadas sobre a sua identidade no dia-a-dia (Inquérito LGBT da Agência Para os Direitos Fundamentais da União Europeia, 2013). Perante este cenário, como podemos contribuir para que a escola seja um lugar seguro? A lei Lei n.º 60/2009 estabelece a obrigatoriedade de lecionar Educação Sexual nas escolas, nas diferentes disciplinas, implementada, por exemplo, através do PES – Projeto de Educação para a Saúde. Não existem, contudo, evidências que a abordagem destes conteúdos seja inclusiva.
 
 
É neste âmbito que surge a ideia das Alianças Da Diversidade (ADD), um novo projeto da Associação ILGA Portugal. Os dados são claros na necessidade de tomar medidas que visem combater todas as formas de discriminação em função da orientação sexual, identidade ou expressão de género ou características sexuais. O principal objetivo é a integração da população jovem LGBTI. Como? Não existe uma fórmula universal; para criar uma Aliança da Diversidade basta que um grupo de pessoas (independentemente da orientação sexual e identidade e expressão de género!) forme um grupo com o objetivo de dar visibilidade positiva a identidades não normativas, e a partir daí muitas ideias e atividades são válidas e bem-vindas, especialmente se partirem da própria comunidade escolar. Já assistimos a iniciativas como: encenações de situações românticas entre casais do mesmo sexo; o hastear da bandeira arco-íris; uma photo booth de aliad@s; a comemoração de datas simbólicas para a comunidade LGBTI (como por exemplo, o IDAHOT, no dia 17 de Maio - Dia Internacional da Luta Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia), entre muitas outras.
Ideias não faltam, aliados e aliadas também não: porque continuam então a soar tão alto as vozes da discriminação? Acreditamos que as Alianças da Diversidade são um importante contributo para esta necessidade de resposta: todos/as os que se identificam com a causa e acreditem na importância da luta pelos direitos humanos, sejam estudantes, docentes ou qualquer outro membro da comunidade escolar, podem ter a iniciativa de iniciar uma Aliança. Uma comunidade escolar que promove a diferença e trata todos/as como iguais é o ideal de escola segura e inclusiva!
 
 
Para mais informações:
add.ilga-portugal.pt | add@ilga-portugal.pt | +351927567666

 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 24 de Maio de 2018



terça-feira, 8 de maio de 2018

MUTILAÇÃO TAMBÉM É TRADIÇÃO


Segundo dados da Unicef, no ano de 2016 foram contabilizados em Portugal, 80 casos de Mutilação Genital Feminina (MGF).
Na maioria dos casos, a prática de MGF é feita durante a infância e compreende todos os procedimentos, que levam à remoção de parte ou da totalidade dos órgão genitais externos da mulher, levados a cabo por motivos não médicos.
Existem vários tipos, que infra  se indicam:
Tipo I: remoção parcial ou total do clítoris e/ou do prepúcio, designada por clitoridectomia;
Tipo II: remoção parcial ou total do clítoris e dos pequenos lábios, com ou sem excisão dos grandes lábios;
Tipo III: Estreitamento do orifício vaginal através da criação de uma membrana selante, pelo corte e aposição dos pequenos lábios e/ou dos grandes lábios, com ou sem excisão do clítoris, designada por infibulação;
Tipo IV: Todas as outras intervenções nefastas sobre os órgãos genitais femininos por razões não médicas, por exemplo: punção/picar, perfuração, incisão/corte, escarificação e cauteriação.
Todas estas intervenções têm inúmeras complicações decorrentes e os seus efeitos são extremamente prejudiciais à saúde da mulher e mantêm-se ao longo da vida. Os efeitos a curto prazo, são nomeadamente, dor severa, choque, hemorragias, por vezes mortais, infeção por tétano, infeções generalizadas, retenção urinária, aparecimento de úlceras na zona genital, retenção urinária e febre.
Já os efeitos a longo prazo, consistem em anemia, formação de quistos e abcessos, lesões na uretra devida à incontinência urinária, relações sexuais muito dolorosas, hipersensibilidade da zona genital, formação de cicatrizes profundas, distúrbios ao nível do ciclo menstrual, infecões recorrentes no trato urinário, infertilidade, obstrução por vezes completa da vagina, maior risco de hemorragia em caso de parto.
Parece impossível, mas existem vários países e comunidades, que incentivam e justificam esta violação clara dos direitos das mulheres e das crianças, motivados por uma tradição religiosa enraizada.
A MGF é vista como uma iniciação das meninas e raparigas no mundo adulto, levando à sua integração social. As que não passam por este processo, são muitas vezes discriminadas, gozadas e postas de parte. Neste contexto, os órgãos genitais femininos são encarados como sujos e impróprios.
Sexualmente, a MGF é considerada como um garante de fidelidade. É mais uma forma de controlo da virgindade da mulher, sendo a castidade tida como promotora de um bom casamento.
É geralmente iniciada e executada por mulheres, que a vêem como motivo de honra e receiam, que se não realizarem a intervenção, as filhas e netas ficarão expostas à exclusão social. O procedimento é normalmente realizado por uma circuncisadora tradicional, nas casas das meninas, com ou sem anestesia. O cortador é geralmente uma mulher mais velha, mas em comunidades onde o barbeiro assumiu o papel de assistente de saúde, ele também executará a MGF.
Quando actuam os cortadores tradicionais, podem ser usados ​​dispositivos não esterilizados, incluindo facas, navalhas, tesouras, vidro, e pedras afiadas.
A MGF é praticada em cerca de 28 países de África e em muitos outros no Oriente Médio e na Ásia, bem como várias comunidades de imigrantes na Europa, América do Norte e Austrália.
Infelizmente esta prática, como supra se referiu, também se verifica em Portugal a coberto de comunidades de imigrantes, que não denunciam estas situações, não sendo as mesmas criminalmente punidas. No entanto, a nossa legislação é severa na punição da MGF, sendo considerada um crime autónomo desde 2015, de acordo com o artigo 144ºA, do Código Penal, é punida com pena de prisão de dois a dez anos.
O Dia Internacional da Tolerância Zero contra a Mutilação Genital feminina celebra-se a 6 de Fevereiro.
 
Xénia Leonardo - Jurista
UMAR Açores

Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 4 de Maio de 2018
 
 

terça-feira, 3 de abril de 2018

Dia Internacional da Mulher


No passado dia 8 de Março assinalou-se o Dia Internacional da Mulher e a delegação da ilha Terceira da UMAR Açores, dinamizou uma iniciativa no âmbito do projecto e unidade móvel de proximidade “Haja Saúde” em parceria com a Casa do Povo de Santa Bárbara e com o núcleo regional dos Açores da Liga Portuguesa contra o Cancro.
Neste contexto, técnico/as das três instituições estiveram presentes no Alto das Covas em Angra do Heroísmo de manhã e no Largo Conde da Praia da Vitória durante a tarde, de modo a sensibilizar a população em geral para a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres.
Realizaram-se rastreios de saúde gratuitos e foram distribuídos folhetos alusivos ao dia e prestados esclarecimentos vários.
 
Alto das Covas em Angra do Heroísmo
 
Largo Conde da Praia da Vitória
 
Largo Conde da Praia da Vitória
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 3 de Abril de 2018
 

Dia Mundial da Protecção Civil

O Dia Mundial da Proteção Civil foi comemorado a 1 de Março, com a participação de diversas entidades num espaço designado para o efeito no Porto de Pipas.
A UMAR Açores esteve presente enquanto membro da Rede de Apoio Integrado à Mulher da Ilha Terceira (R.A.I.M.I.T.) .
Foram distribuídos panfletos, livros, marcadores de livros e outras formas de publicidade das associações intervenientes, divulgando a referida rede a todos os alunos das inúmeras escolas, que nos visitaram.
Esclareceram-se dúvidas e disponibilizaram-se os serviços inseridos na R.A.I.M.I.T., tanto aos alunos, como a todos os que mostraram interesse no nosso espaço.
Com esta iniciativa,  promoveu-se o convívio entre as associações e o público em geral, de uma forma divertida e animada, como se constata pelas fotos infra.
 
Membros da R.A.I.M.I.T.

Professoras das escolas participantes

Alunos das escolas participantes
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 3 de Abril de 2018
 



segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

CARTA AOS PAIS

 
 
 
A 14 de Fevereiro celebra-se o Dia de São Valentim, vulgarmente conhecido como o Dia dos Namorados. Neste dia celebra-se as relações de namoro mais direcionadas para os jovens. Paralela a esta questão, surge-nos a violência no namoro.
A violência emerge no contexto das relações de namoro, quando um dos parceiros (ou mesmo ambos) é agressivo, visando com esse comportamento colocar-se numa posição de poder e controlo sobre o outro. Este tipo de violência assume diferentes formas: verbal, psicológica, física ou sexual, algumas de tal forma subtis, que nem a vítima e muito menos os pais se apercebem desta situação.
Com a agravante que, à medida que a relação se vai consolidando, o/a jovem envolve-se numa relação marcada por ameaças, insultos, agressões, perseguições, controlo de horários, de telefonemas, da forma de vestir, das amizades, entre outros.
É frequente a vítima sentir que a culpa é sua, sendo esta uma das estratégias utilizadas pelo agressor, que na sequência da agressão, tende a mostrar-se arrependido e carinhoso.
Ora estes comportamentos, geram confusão na vítima, que perpetua a expetativa de mudança e fazem com que a relação se mantenha num círculo vicioso, alternando entre agressões e pedidos de desculpa.
Aos pais, deverá ser aconselhada uma educação baseada no respeito, na igualdade e na partilha de tarefas e responsabilidades entre homens e mulheres, pois este comportamento tem influência como fator de prevenção de relações violentas. Em todas as fases da vida dos filhos/as, mas com especial acuidade na adolescência, a presença de pais atentos, afetuosos e disponíveis é um aspecto fundamental na vida dos jovens, a fim de evitar relacionamentos abusivos e violentos.
No entanto, é difícil para os pais nos dias de hoje reconhecer se o seu filho/a se encontra numa relação de namoro violenta.
Na celebração deste dia, a UMAR/Açores, optou por elaborar esta CARTA AOS PAIS, onde para além do supra referido, acrescenta uma enumeração de alguns sinais de alerta comportamentais, por parte dos filhos/as, vítimas de violência no namoro:
- o/a jovem mostra-se triste, desanimado/a, infeliz;
- o/a jovem mostra-se agressivo/a ou irritável;
- o/a jovem isola-se da família, dos amigos, deixa atividades que praticava;
- o/a jovem apresenta marcas no corpo, sem justificação plausível;
- o/a jovem manifesta alterações de sono e/ou apetite;
 - o/a jovem mostra-se intimidado/a na presença do/a namorado/a;
- o/a jovem apresenta uma diminuição do seu rendimento escolar;
- o/a jovem evita falar sobre o seu relacionamento;
- o/a jovem mostra-se dependente, receando que o relacionamento termine;
Um comportamento destes isoladamente pode significar outra situação que não violência no namoro, de qualquer modo, deve ser alvo de atenção por parte dos pais e professores. 
É importante ouvir o/a jovem sem emitir juízos de valor e disponibilizar ajuda, seja para terminar com a situação, ou para apresentar queixa, pois a violência no namoro é crime.
Uma pessoa que sofre ou sofreu maus-tratos num relacionamento amoroso, manifesta uma diminuição na sua auto-estima, além de outros sintomas emocionais que necessitam intervenção especializada, de modo que procurar apoio psicológico pode ajudar a ultrapassar a situação e recuperar o bem estar.
 
Xénia Leonardo – Jurista
Rita Ferreira – Psicóloga
UMAR Açores
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 16 de Fevereiro de 2018
 


DOMÍNIO

 
 
Hoje em dia a maior parte das pessoas não falam nos problemas, discutem. Namorados, maridos ou amantes por vezes veem a mulher como uma toalha, um saco de boxe para descarregar a sua raiva depois de um dia difícil de trabalho ou de copos, depende da pessoa. Os maltratos podem-se trocar por amor, carinho e afeto, estimar a mulher é fazer com que ela passe de lixo a algo útil.
No meu caso consegui, de lixo reciclado, fiz uma obra de arte, aconselho a todos serem amigos e namorados por toda a vida.
A mulher é um elo tão forte e poderoso. Temos o dever de a respeitar e aceitar tanto a ela ou outra pessoa como são.
 
 Desabafo, Emanuel
 

Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 16 de Fevereiro de 2018
 


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

INDIGNAÇÃO

 

 
Quando vemos os cartazes onde se alerta para a violência sobre as crianças, sobre os idosos e sobre as mulheres, há um pormenor que nos falha ... A vitimização da mulher resulta de algo que não é apenas uma etapa da vida.
A mulher é vítima de vários estereótipos, nomeadamente, o de ter nascido para se sacrificar pelos outros, sejam estes os filhos ou o marido.
No caso dos filhos, este sacrifício é notório na separação, que antecipa um processo de regulação das responsabilidades parentais.
A mulher na separação fica quase sempre com os filhos, com a responsabilidade de cuidar destes e de prover ao seu sustento sozinha.
Regra geral, o pai só intervém quando notificado pelo tribunal para uma conferência de pais, na sequência da instauração de uma ação judicial de fixação da regulação das responsabilidades parentais por parte da mãe.
A pensão de alimentos é fixada, de acordo com as necessidades dos filhos e com os rendimentos do pai.
Se cada filho necessitar (a título de exemplo) de 200,00 € (duzentos euros) mensais para sobreviver com o mínimo de condições, sendo 100,00 € (cem euros) da responsabilidade de cada um dos pais, mas o pai apenas pode contribuir com 75,00 € (setenta e cinco euros), quem compensa o remanescente em falta? A mãe. Que até pode auferir rendimentos inferiores aos do pai.
Acresce ainda, que nunca é tido em conta o facto do pai auferir subsídio de férias e subsídio de Natal, porque é que nesses meses não se fixa o dobro da pensão de alimentos?
Mas há também aqui algo, que todos se esquecem ... Mesmo que o pai contribua com uma pensão de alimentos minimamente digna, quem cozinha, lava a roupa, passa a roupa, limpa a casa, propiciando um ambiente confortável, limpo e saudável, para os filhos? A mãe.
Quem fica sem dormir quando os filhos estão doentes e os leva ao hospital? A mãe.
Quem ajuda a fazer os trabalhos de casa e orienta os filhos na escola, zelando pelo cumprimento dos seus deveres? A mãe.
É tudo muito bonito, quando vemos os anúncios de fraldas na televisão, cujo conteúdo é sempre azul, mas sabemos que o verdadeiro conteúdo da fralda não é azul ... E quando a fralda nem sempre resguarda, quem vai limpar o que sai por fora e por vezes tem de mudar toda a cama, mesmo a meio da noite? A mãe.
Convém alertar (saindo um pouco fora do tema), quem elabora os anúncios publicitários dos pensos higiénicos e dos tampões, que o período menstrual também não é azul ...
Ou seja, a mãe sacrifica a sua vida pessoal, profissional e até relacional, em proveito dos filhos. Já o pai raramente o faz.
Convenhamos, que não é nos fins de semana alternados, que regra geral são fixados para os filhos estarem com o pai, que este vai cumprir com todas as responsabilidades acima descritas ... Isto quando realmente está com os filhos, quando não os deixa aos cuidados da avó paterna ...
E não é com a pensão de alimentos, que o pai liquida mensalmente, que compensa a dedicação com que as mulheres cuidam dos filhos, a responsabilidade pela sua saúde, pelo seu futuro na escola e na vida.
Existem casos também muito frequentes, de pais que deixam de trabalhar por conta de outrem, para não terem comprovativos dos seus rendimentos, com o único intuito de se esquivarem ao pagamento da pensão de alimentos ...
Por isso hoje em dia, as mulheres estão indignadas ...
Indignadas com os tribunais, que fixam pensões de alimentos miserabilistas a cargo do pai e que se esquecem de quem paga o remanescente em falta para o sustento dos filhos ...
Indignadas por abdicarem de toda uma vida em proveito dos filhos e sem apoio do pai destes ...
Indignadas por estarem sempre cansadas, tristes e nunca terem um momento só seu ...
E acima de tudo, indignadas por não poderem ter estes pensamentos em voz alta, porque são logo apelidadas de mães egoístas, comodistas, de não pensarem nos filhos em primeiro lugar ...
E indignadas por os pais não passarem por nada disto e serem pais com iguais direitos e muito menos deveres e de nunca serem censurados por não pensarem nos filhos em primeiro lugar ...
Claro, que existem verdadeiros pais, que têm o direito de não concordar com este texto, mas lamento informar, que são casos muito excecionais.
Para estes pais, deixo um apelo, tentem influenciar todos os outros pais, chamando-lhes a atenção para as suas responsabilidades, para os seus deveres e para as contrapartidas que retiram, participando no seu crescimento, na sua educação, na sua vida.
 
Xénia Leonardo – Jurista da UMAR Açores
 
Publicado no jornal Diário Insular de 5 de Janeiro de 2018