terça-feira, 16 de dezembro de 2014

III Workshop de Defesa Pessoal Feminina


Integrado nas iniciativas da UMAR Açores para assinalar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres (25 de Novembro), decorreu no passado dia 22 de Novembro o 3º Workshop de Defesa Pessoal Feminina, realizado em parceria com a Delegação Açores da Federação Portuguesa de Krav Maga (F.P.K.M.). Este teve lugar no espaço da Academia Desportiva dos Açores, nos jardins dos Corte-Reais, e foi orientado pelos instrutores Manuel Martins, Hugo Rabaçal e José Almeida.

Foram simuladas várias situações de risco e ameaça física como agressões, agarres, estrangulamento, violação, entre outras. O principal objectivo desta formação prendia-se com o treino de estratégias de auto-defesa para reagir e lidar com essas situações, no sentido da preservação da integridade física. Também a componente psicológica é desenvolvida, pois uma vez que a pessoa se sente mais forte e capaz de reagir deixa de assumir uma postura tão passiva e submissa, o que muitas vezes é uma vantagem para os agressores.

O Krav Maga é um sistema de defesa pessoal e combate corpo a corpo, que pode ser praticado por pessoas de todas as idades e constituições físicas (incluindo crianças) e é por muitos considerado “o sistema de defesa pessoal mais eficaz do mundo”.

Na Ilha Terceira a F.P.K.M. tem duas escolas, uma em Angra do Heroísmo (no espaço referido anteriormente) onde os treinos são realizados às 2ªs, 4ªs e 6ªs das 20h15 às 21h30 e também aos Sábados das 13h00 às 14h30; e outra na Praia da Vitória (no Pavilhão das Artes Marciais) com aulas às 3ªs e às 5ªs das 19h00 às 20h30. Mais informações em facebook.com/fpkmrd e em www.kravmagaportugal.com.      

 





 
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 12 de Dezembro de 2014
 
 


Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR contabiliza 40 femicídios

De Janeiro a Novembro de 2014

 
 
Os registos do Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR mostram que, entre 1 de Janeiro e 30 de Novembro de 2014, ocorreram 40 femicídios e 42 na forma tentada em relações de intimidade presentes e passadas e ainda em contexto de relações familiares privilegiadas.
‘16 Dias de Activismo contra a Violência de Género’, é o tema de uma campanha internacional, iniciada em 1991, que se realiza, em mais de 140 países, entre os dias 25 de Novembro – Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres e o dia 10 de Dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos. Em Portugal muitos grupos e várias associações promovem iniciativas para denunciar a violência contra as mulheres e sensibilizar as populações para este combate.
O relatório anual de monitorização ‘Violência Doméstica 2013’, publicado pela Direcção Geral de Administração Interna, revela que só no primeiro semestre de 2014 foram registadas 13.071 participações de violência doméstica pelas forças de segurança e que comparativamente ao período homólogo de 2013 verificaram-se mais 291 participações.
Os progressos legislativos e a aplicação da lei não têm sido suficientes para travar os assassinos. O maior conhecimento científico e a produção académica, quer no âmbito da criminologia, quer no âmbito dos estudos das mulheres, avançam pistas que informam os poderes públicos. Mas também não bastam. Precisamos de um movimento popular que nas ruas denuncie a violência e exija justiça para as mulheres. A violência de género não é uma questão só das mulheres. A sociedade precisa de se insurgir contra a violência de género em defesa da justiça, da paz e da igualdade.
 
Fonte: artigo de Ana Cansado publicado em esquerda.net
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 12 de Dezembro de 2014
 
 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Mulher tem o Direito de aprender a defender-se


Rosa Carvalhal – Vice-Presidente da Direcção da UMAR Açores
 
 
A UMAR Açores está a organizar com a federação de Krav Maga um curso de defesa pessoal para mulheres. Que realidades justificam esta iniciativa?
Muitas mulheres são vítimas de violência doméstica, de violação, de furtos e de roubos, devido à sua frágil constituição física. Publicitam-se cartazes, sobre a violência exercida sobre os idosos, as crianças e as mulheres. Analisando cada grupo por si, constatamos que apenas a mulher é sempre vítima, porque a qualidade de idoso e de criança é sempre temporária e representa apenas um estado da vida. Por essas razões, a mulher tem de aprender a defender-se, não só enquanto criança e idosa, mas sempre enquanto mulher.
 
Sendo que a iniciativa se integra no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, em que medida as duas coisas se podem interligar?
A violência só poderá ser justificada, quando é exercida em legítima defesa, seja própria seja de terceiros. O agressor é tendencialmente cobarde, aproveitando-se da fragilidade física das suas vítimas e retirando, muitas vezes, prazer do medo que incute sobre as mesmas.
Se constatar que a vítima tem capacidade para se defender e que já não tem medo, é capaz de repensar a sua actuação, uma vez que esta já não o satisfaz da mesma forma.
 
O fenómeno da violência contra as mulheres parece ser endémico nos Açores. Há uma nova mentalidade a despontar ou, pelo contrário, a realidade reproduz-se?
Haverá uma nova mentalidade, porque as vítimas nos Açores estão mais informadas tanto dos seus direitos, como da existência de associações como a nossa, resultado do trabalho de sensibilização realizado nos últimos quinze anos. Neste contexto, as mulheres começaram a ter coragem para denunciar os seus agressores, contudo ainda é necessário desmistificar alguns estereótipos, para se chegar a uma real protecção para as vítimas.
Um exemplo concreto é o facto de na maioria das vezes, ser a vítima obrigada a abandonar o seu lar, para se afastar e proteger do agressor. Por sua vez, o agressor fica confortavelmente a aguardar o resultado da sua conduta, legalmente punível, inclusive em algumas situações, recebendo apoios sociais.
 
O crescimento da violência, sobretudo em contexto familiar, pode estar associado a situações de crise como a que vivemos. O que está a acontecer entre nós que possa ser associado ao actual contexto de crise?
É verdade que o contexto de crise actual poderá potenciar a violência, contudo não podemos minimizar este fenómeno, estabelecendo um paralelismo entre precariedade económica e índices de violência doméstica. O trabalho diário no terreno, demonstra que a violência doméstica e de género é um fenómeno transversal a todas as classes sociais.
 
 
Publicado no Jornal Diário Insular de 8 de Novembro de 2014


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

3º Workshop de Defesa Pessoal Feminina - KRAV MAGA

 
Estão abertas as inscrições para a 3ª edição do Workshop de Defesa Pessoal Feminina resultante de uma parceria entre a UMAR Açores / CIPA e a Delegação da Federação Portuguesa de KRAV MAGA nos Açores.
Este, terá lugar no próximo dia 22 de Novembro de 2014 (sábado) pelas 14h00 nos Jardins dos Cortes Reais junto à Prainha em Angra do Heroísmo.
Esta iniciativa realiza-se no âmbito das actividades da UMAR Açores / Cipa para assinalar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher – 25 de Novembro.
O principal objectivo deste Workshop consiste no treino de estratégias de prevenção e defesa perante situações de perigo e ameaça física.
A participação é gratuita e aberta a todas as interessadas, que poderão efectuar a sua inscrição através dos seguintes contactos telefónicos: 295217860 / 968687479, ou para o e-mail: umarterceira@gmail.com.
Participe e ajude-nos a divulgar!
 
Obrigada

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

VIDA DE SOFRIMENTO



O que nós mais desejamos na vida é sermos felizes e vivermos em paz, e isso foi coisa que até aos meus 16 anos de idade raramente senti. Outra coisa que me faltou foi o amor e o carinho que os meus pais me deviam ter dado mais na minha infância.
Eu vivi esses 16 anos com medo, sufoco, sem saber o que esperar quando chegasse a casa vinda da escola, mas quando o meu pai saia de casa eu já sabia que quando voltasse ia haver outra vez brigas e que voltaria a bater na minha mãe, a destruir coisas. Magoava-me tanto ver a minha mãe a sofrer e a ser agredida e eu sem poder fazer nada.
Eu sei que não era eu que levava tareia, mas eu sofri muito e todos os filhos também sofrem com esta situação.
Mas o problema era que a minha mãe tinha medo de sair de casa, de como é que iríamos sobreviver e onde, se o meu pai viria atrás de nós, etc.… Mas eu não queria saber disso, eu só queria era acabar com aquela vida, pois na altura o meu maior sonho era fazer 18 anos e sair daquela casa para fora.
Até ao dia em que a minha mãe teve muita coragem e força para fazer o que há muito tempo já devia ter feito: sair de casa.
Claro que foi muito difícil e triste, mas foi a melhor coisa que ela fez na sua vida. Apesar do medo das dificuldades conseguimos arrendar uma casa e refazer a nossa vida.
O meu pai já está um novo homem e nós umas novas pessoas.
Por mais difícil que aparente ser olhar para o futuro e pensar que será difícil conseguir atingir a sua felicidade e paz, nunca desista, pois há muitas pessoas que a ajudam a si e aos seus filhos a alcançar a VITÓRIA!
Não sofra e não deixe os seus filhos sofrer! Lute! Pois quem não arrisca, não triunfa!
 
Filha de utente da UMAR Açores
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 9 de Outubro de 2014
 

Sugestões de segurança para vítimas de violência doméstica


Se é vítima de violência doméstica e decidir afastar-se ou permanecer com o agressor, é importante que elabore um plano de segurança pessoal, isto é, definir um conjunto de estratégias para se proteger e aumentar o seu grau de segurança em diferentes situações de risco ou de violência por que possa vir a passar. Assim, é importante analisar as situações mais frequentes de violência e os acontecimentos que mais vezes as precipitam, os contextos em que ocorrem e as alternativas de fuga que tem face a cada uma. Importa planificar a reacção a ter perante os episódios de violência, bem como a prevenção de situações de risco: aprender a reconhecer os sinais de tensão que antecedem um episódio violento, saber quais as melhores escapatórias de casa (portas ou janelas), evitar ficar “presa” em divisórias da casa sem saída, evitar a proximidade de objectos ou utensílios que possam ser usados como armas pelo agressor (candeeiros, espelhos, facas, louças, etc), ter em local acessível ou memorizar os números de telefone de emergência ou o contacto de uma pessoa de confiança a quem possa pedir auxílio, combinar com um vizinho/a de confiança um código de alerta para situações de violência (ex: fazer determinados ruídos, gritar, acender e apagar luzes) ensinar os filhos a usar o telefone para chamar a polícia ou a recorrer à ajuda de uma pessoa de confiança (aliás, os filhos devem treinar também planos de segurança adequados à sua idade). Se sair de casa, deve levar consigo os elementos de prova da violência de que foi vítima que possua: exames médicos comprovativos de lesões, cópias de anteriores queixas/autos de denúncia, bilhetes ou cartas com ameaças, objectos ou roupas destruídos pelo agressor, etc. Se possível, é importante também que indique pessoas que tenham testemunhado os actos violentos e estejam dispostas a testemunhá-lo. Não deve nunca levar consigo bens que pertençam ao agressor nem destruir os seus pertences, por raiva ou retaliação, mesmo que ele lhe tenha feito isso. Convém que tenha à mão, ou escondido em casa de alguém de confiança, um “saco de saída”, para o caso de ter de fugir de repente de casa, no qual tenha algumas peças de roupa, para si e/ou os filhos, algum dinheiro, moedas ou cartão de telefone, para o caso de ter de ligar de cabinas públicas, medicamentos de toma regular, cópias das chaves de casa e carro, cópias do cartão de cidadão, certidão de casamento, cédula de nascimento dos filhos, entre outros necessários para o dia a dia e para apresentar ao longo do(s) processo(s) judicial(ais). É importante ainda que planeie de antemão o que vai fazer se tiver de sair de casa (contactos, alojamento, quem vai avisar, como vai ajudar os filhos a lidar com a situação, etc). Mesmo depois de separada, pode continuar a ser alvo de ameaças ou ataques pelo agressor. Convém, por isso, que tome algumas medidas de segurança, designadamente: Se for você a sair de casa, avisar os amigos, os familiares e no emprego e alertá-los para o risco de serem contactados ou perseguidos pelo agressor; não revelar a sua nova morada; não contactar o agressor com números de telefone identificáveis; alterar os percursos que utiliza para ir trabalhar, buscar os filhos, fazer compras; evitar andar na rua sozinha; informar a escola dos filhos da situação e indicar quem pode e quem não pode levar as crianças; ensinar as crianças a não revelar a sua localização, a não viajarem com o pai sem autorização, a utilizarem o telefone para pedir ajuda. Se necessário, pedir protecção policial e medidas de afastamento do agressor.

Se for o agressor a sair de casa, deve mudar as fechaduras, reforçar portas e colocar fechaduras de segurança, alterar o número de telefone e pedir que lhe seja atribuído um número confidencial, instalar alarmes e outros meios de segurança, combinar com vizinhos sinais que estes emitam se virem o agressor a aproximar-se (luzes, telefonema, ruídos); ensinar as crianças a não abrir a porta a ninguém, nem sequer ao pai.

Estas sugestões devem ser adaptados de forma individual, tendo sempre em conta as características específicas da cada vítima e das suas circunstâncias, bem como a necessidade de assegurar a sua segurança.

Fonte: Violência doméstica: compreender para intervir Guia de Boas Práticas para Profissionais de Instituições de Apoio a Vítimas Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 9 de Outubro de 2014
 
 
 

Grande Mulher (dedicado a todas as Mães)



I
Dia de festividade
E diferente doutro qualquer.
Retrato fiel e falado
Da vida duma Grande Mulher.

II
Mulher, Mulher só
E abandonada pelo marido.
Mulher desiludida,
Quando vê tudo perdido.

III
Mulher que ironiza
Quando fala de amor,
E se finge resignada,
Para ocultar a sua dor.

IV
Mulher que se restabelece
E recomeça tudo de novo
Mulher, Mulher símbolo
Orgulho do seu próprio povo

 
V
Mulher, essa Mulher triunfante
E hoje aclamada vencedora
Mulher, Mulher mãe
Como todas as mulheres, sonhadora

Utente da UMAR Açores
 
 

Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 9 de Outubro de 2014

 
 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Convenção de Istambul

Convenção do Conselho da Europa para a Prevenção e Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica
 
 
A Convenção de Istambul, que entrou em vigor no dia 1 de Agosto de 2014, coloca a Portugal desafios de uma abordagem holística do seu quadro normativo, mas é também uma oportunidade de comprometimento da sociedade, do Estado e dos/as parlamentares na sua implementação e monitorização.

A violência doméstica é uma realidade que atinge particularmente as mulheres, e a violência contra as mulheres tem como fundamento uma sociedade patriarcal que discrimina e educa para a manutenção de referenciais que mantêm as desigualdades e discriminações estruturais. A legislação portuguesa ainda não considera a violência de género, quedando-se na violência doméstica de forma indiferenciada e, por isso mesmo, também discriminando, não contribuindo para um julgamento e censura baseados nas desigualdades de género.

Muitas mulheres vítimas do crime de violência doméstica não sentem, nos seus quotidianos, o impacto positivo dos avanços ao nível da legislação e das práticas, persistindo um sentimento de revitimação, de resposta desadequada ou extemporânea e de insegurança persistente.

Ora, o quadro normativo e as políticas só são úteis quando servem as pessoas. Este é o desafio que mais uma vez se encontra colocado com a presente Convenção.

A Convenção de Istambul é, pois, um momento de reforço do nosso referencial em termos de sistematização de novos ilícitos penais e constitui, sem dúvida, um marco conceptual na explicitação da violência contra as mulheres como integrando a violência de género, distinguindo-a e diferenciando-a da noção de violência doméstica, conceitos que em Portugal a lei não distingue.

Em nosso entender a Convenção de Istambul coloca, em síntese, os seguintes desafios:
- conceptualização da violência de género contra as mulheres como expressão das discriminações de género e como violação de direitos humanos;
- enquadrar distintamente a violência de género contra as mulheres e a violência doméstica;
- reconhecer e valorizar o papel, saberes e competências das organizações de mulheres;
- identificar as diversas formas de violência de género contra as mulheres, nomeando-as, e demandando os Estados, no dever da sua previsão e estatuição;
- enfatizar a necessidade de medidas de protecção e apoio às vítimas das diversas formas de violência e de forma integrada e articulada;
- acentuar a necessidade da prevenção como motor da conscientização para a mudança, com especial enfoque para a prevenção primária, e de forma transversal;
- prever a integração e articulação das políticas públicas e da acção e recursos disponíveis ou a criar, de forma holística, prevendo a participação dos parlamentos e um sistema de monitorização, capaz de avaliar o impacto das medidas propostas e a diferentes níveis: prevenção; protecção; punição e, em parceria.
- E ainda, ser capaz de se articular com outros instrumentos internacionais de referência no âmbito dos direitos das mulheres e da violência contra as mulheres e, bem assim, com o previsto na Directiva 2012/29/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Outubro de 2012.
- E também, na decorrência desta, enfatizar e promover uma maior capacitação e qualificação dos recursos e respostas às vítimas, de forma transversal e numa abordagem integrada.

A cada tratado, convenção, legislação, abre-se uma nova janela de oportunidade, uma fénix que renasce e acalenta a acendalha – possível, mas que tarda - de uma vivência de igualdade em equidade, um passo mais na efectivação de vidas sem violência, em igualdade de direitos, não só na lei, mas na vida, uma responsabilidade em parceria, de todas e todos, em que mulheres e homens são igualmente necessários.

Seguiremos intervindo pela efectivação de direitos humanos, seguiremos dando voz ao que ainda não foi alcançado, continuaremos na busca dos direitos das mulheres, de melhor justiça, de mais oportunidades, de mais igualdade. Um outro mundo é possível: um mundo livre de violência!

Seguiremos na expectativa de que os Estados e os Parlamentos tudo farão para que os direitos consagrados na Convenção de Istambul possam ser vividos na vida das mulheres vítimas de violência e de violência doméstica.

 
A UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 5 de Agosto de 2014
 

 

quinta-feira, 31 de julho de 2014

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Destaque do mês de Julho de 2014


Sónia Bettencourt, entre a poesia e o jornalismo
 
Fotografia de António Araújo

Sónia Marisa Bettencourt Vieira tem 36 anos, é licenciada em Filosofia pela Universidade dos Açores e desempenha actualmente a actividade de jornalista. No entanto a poesia ocupa uma parte significativa da sua vida. Estreou-se com o lançamento do livro “Pena e Pluma”, em 2003, edição de autor, reeditado em 2007, no Brasil, em versão bilingue português/castelhano, pela chancela Demónio Negro. No mesmo ano publicou “As Três Faces de Eva”, pela Corpos Editora. Com o conto "Mar Vazio", venceu o Prémio Conto, categoria sénior, do Certame da Macaronésia de Jovens Artistas, Canárias, em 2005. Publicou ainda outros contos em revistas do Brasil e de Espanha, a par de revistas locais, mas sempre com as atenções viradas para a América do Sul, por gostar de castelhano e acreditar que é um idioma bastante significativo no contexto mundial. 
 
Como começou a escrever poesia?
O gosto pela poesia, e pelos livros em geral, surgiu durante a adolescência, fase propícia aos primeiros rabiscos alusivos aos desgostos de amor e às rebeldias sociais próprias da idade. Entretanto, a maioria dos meus professores, dos diferentes anos de ensino, incentivou-me a trabalhar as palavras em profundidade e a (re)ler bastante. A par disso sugeriram-me autores e críticos literários, como Aquilino Ribeiro, Eduardo Lourenço e Umberto Eco, e, até hoje, essas “coisas” da escrita têm sido uma descoberta contínua. Os gostos pelos autores e pelos registos literários vão variando conforme os meus estudos, as minhas vivências e a exigência pessoal aumentando a cada frase que escrevo ou a cada poema. É caso para dizer que o perfecionismo é tramado! Posso passar semanas à volta de uma vírgula. Trata-se apenas de uma vírgula, podem dizer-me, mas a “minha” vírgula não pode ficar num sítio que não lhe pertence. Uma vírgula mal colocada ou uma gralha num texto podem estragar-me um dia.
Presentemente, a maioria dos livros de “poesia” lançados nos últimos tempos deixam muito a desejar. Há uma confusão tremenda entre poesia e “palavras bonitas”. A primeira dá muito trabalho, e, como diz o outro “os dias não estão para isso”, a segunda só permite dar luz a flores de plástico.
 
E para si o que é a poesia?
Ainda não sei. Talvez amanhã saberei.
 
O que a motivou a ser jornalista?
O jornalismo surgiu na minha vida, em primeiro lugar, pelo gosto da escrita. Era a única maneira de escrever e ser paga por isso. Mas claro que é muito mais do que isso. É informação, intervenção social, esclarecimento, divulgação mesclada de chatices, pressões, ordenados precários e feira de vaidades. Acrescente-se, obviamente, muito amor à camisola. Caso contrário seria como ter uma profissão onde se perde mais do que se ganha. Hoje em dia o jornalismo está bastante desvalorizado face à concorrência desleal, isto é, o acesso fácil a microfones, máquinas fotográficas, câmaras de filmar, blogs e outras plataformas fomentam a criação de pseudo-repórteres. É a chamada “sociedade do espetáculo” em que todos querem ver e ser vistos. Depois fui desbravando terreno, à medida de cada uma das suas vertentes – imprensa escrita, rádio, televisão -, e trabalhando mais afincadamente conforme os pedidos e as oportunidades de emprego. Posso dizer que já vi muitos projetos nascer e outros tantos morrer. O último a encerrar foi o jornal “A União”. Estamos sempre sujeitos.
 
E o jornalismo no feminino?
O mundo do jornalismo está cada vez mais povoado pelas mulheres. Nos últimos anos tive oportunidade de acompanhar o trabalho de alguns estagiários, sobretudo jovens do sexo feminino. Hoje em dia a maior parte está no ativo, apesar da conjuntura desfavorável para os jornalistas, mostrando-se muito competentes. Mas recordo-me de nos inícios dos anos 90, a redação do Diário Insular, por exemplo, só ter uma mulher entre tantos colegas masculinos. Havia, e estou certa que ainda há, muita estima.
 
Alguma vez sentiu que não lhe era dada a devida credibilidade por ser mulher?
Não tenho razões de queixa. As coisas fluíram naturalmente, ou seja, com base no diálogo e nos compromissos. Acredito no trabalho. Mas é claro que todos temos de zelar pelo objetivo principal do projeto em causa, sob pena de instalar-se o caos. O que sempre senti foi um “choque de gerações”. Não propriamente por ser mulher, visto que costumava ouvir várias vezes: “antes de tu nasceres já cá estávamos neste mundo”. Cheguei a cobrir desporto automóvel, à partida uma área confinada aos homens, assumindo que não dominava a matéria. Mas as missões eram cumpridas. Se um colega, masculino, faria melhor do que eu? Com certeza. Mas outra colega, feminina, também poderia fazê-lo.   
 
Já se sentiu discriminada?
Se algum dia isso aconteceu, provavelmente tratou-se de uma referência à minha fraca capacidade física. Estaremos a falar daquele conceito muito em voga “discriminação positiva”? Prefiro ver isto como um momento de atenção que tem a ver com a diferença entre as capacidades físicas de um homem e uma mulher. Não quero com isto dizer que uma mulher não é capaz de carregar uma garrafa de gás, por exemplo, mas se ela tem alternativa ou se um homem pode prestar-lhe ajuda, a minha pergunta é: qual o problema de aceitar isso? Temos de ter cuidado para não sermos a nossa própria discriminação. Se essa discriminação surge por parte do sexo oposto, é ridícula; mas se surge auto infligida pelas próprias mulheres, é repugnante. Vejamos bem as coisas: os homens são gerados por mulheres.
 
Sobre a violência doméstica
As mulheres e os homens vítimas de violência doméstica não o são por escolha, por opção. Ninguém o será aliás. Parece-me que são vistas com piedade e surge a pergunta inevitável do mero espetador quando toma conhecimento do seu drama: porque consente? E, depois, surgem outras perguntas a propósito desses casos, independentemente de tratarem-se de episódios pontuais ou duradouros: falaremos com essas pessoas acerca do amor, perdão, castigo ou ignorância? São vidas ainda mais complexas do que as comuns, pois trazem nos olhos diferentes perspetivas, quer estejamos a falar da vítima quer do agressor. E, no fundo, creio que a questão deve centrar-se enquanto problema social e cultural e não tanto de género. A dignidade humana é inalienável.
 
As associações de apoio à vítima.
O papel dessas associações são determinantes na nossa sociedade atual no que diz respeito ao apoio e à prevenção de casos de violência de género. Mas não deixemos o trabalho todo nas suas mãos. Essa missão é cultural e começa à mesa de cada família e nos “bancos” da escola.
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 19 de Julho de 2014
 

 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Campanha “Antes de me discriminares, conhece-me!” na ilha Terceira de 9 a 12 de Julho


Campanha "Antes de me discriminares, conhece-me!"
Ilha Terceira
 PROGRAMA
A edição de 2014 do projecto “Antes de me discriminares, conhece-me!” propõe-se articular a luta contra as discriminações e a violência doméstica, com a intervenção social através da arte, através de vários eventos e actividades, que permitirão também aprofundar o conhecimento dos/as jovens e dos/as que ocupam um papel fundamental na sua formação e integração social, sobre o princípio da igualdade.

Esta campanha pretende, por isso, desenvolver acções de sensibilização, divulgação e intervenção de jovens no combate às multidiscriminações e à violência doméstica, na Região Autónoma dos Açores.

Além de informar, consideramos relevante estimular os/as jovens à participação livre e ao exercício de uma cidadania activa, promovendo o combate à violência doméstica, e, desmistificando preconceitos, estereótipos e representações sobre o género, a idade, a orientação sexual, a etnia e a deficiência, tendo como base o Princípio da Igualdade previsto no Artigo 13 da Constituição da República Portuguesa.
A campanha está activa desde o passado mês de Março.
 
Para mais informações contactar:
N'Zinga Oliveira - CIPA / Novo Dia
Telefone: 296 209 600

 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Ser feliz no singular

Workshop Ser Feliz no Singular - 9 de Maio de 2014 na UMAR Açores
 
Workshop Ser Feliz no Singular - 9 de Maio de 2014 na UMAR Açores
 
As relações, sejam elas de que tipo for, são por si complexas. Não fossem elas compostas por mais do que uma pessoa, isto é, por mais do que uma personalidade, mais do que um sentimento ou pensamento. Mas as relações amorosas são especiais. São elas que nos dão “borboletas no estômago”, um sentimento de pertença ao mundo dos enamorados, experienciar emoções de amar e ser amados e de ter os contributos sociais e psicológicos (filhos, ser desejado, enaltecimentos das qualidades) de estar numa relação. Contudo, bonitos contos de fadas podem não acabar felizes para sempre.
Experienciar o fim de uma relação é passar por um processo de luto doloroso e invisível. Invisível porque sente-se um turbilhão de sentimentos e emoções muito semelhantes a uma perda real. Numa relação perdemos a expetativa de viver felizes para sempre; a cumplicidade, a confiança, o afeto daquela pessoa e uma rotina diária sempre pensada a dois e nunca a um. Estas foram algumas das razões que Renascer – Grupo de Apoio ao Luto foi fundado. Como o nome indica é um grupo que pretende apoiar a comunidade em luto e que é constituído por psicólogas. Quando ouvimos falar em luto, automaticamente pensamos em morte, mas o luto vai para além disso. O luto é a reação a uma perda que pode ser real ou simbólica. Ao longo da vida vamos sofrendo perdas inevitáveis, quer seja a morte de um ente querido, uma separação ou até mesmo uma perda de expectativas. Há pessoas que conseguem fazer o luto sozinhas mas há outras que necessitam de algum apoio e é nessas alturas em que o Renascer pode intervir. Dado o interesse comum na temática, realizou-se um workshop no dia 9 de Maio intitulado “Ser feliz no singular”, decorrente da parceria do Renascer com a Umar – Delegação Açores, onde foi abordado o luto nas relações e de que forma isso pode afetar a autoestima das mulheres.
Quando estamos numa relação que não é suficientemente boa ou até mesmo quando temos um companheiro abusivo, a nossa autoestima e autoconceito ficam debilitados. Embora a autoestima seja a forma como nós nos vemos e a opinião que temos sobre nós mesmos e sobre as nossas ideias, atribuindo-lhes assim sentimentos negativos ou positivos, também há uma influência dos outros, pois para construirmos essa ideia de nós mesmos temos de o fazer através das experiências que vamos tendo ao longo da vida e no meio em que estamos inseridos, que é formado pelas pessoas que nos rodeiam.
Estar numa relação abusiva faz com que o processo de luto se inicie ainda mais cedo. Desde a primeira agressão que iniciamos o luto das expetativas entre o que esperávamos da relação e o que realmente recebemos dela. É o lutar contra sentimentos de frustração, tristeza e revolta e pensamentos incansáveis para perceber de quem é a culpa e porque aquilo aconteceu. São esses, e muitos mais, pensamentos e sentimentos característicos das fases do luto numa relação. Inevitavelmente, a primeira fase é a negação em que o sentimento de incredulidade acerca do que está acontecer é predominante. Os sentimentos de confusão e revolta denominam a segunda fase do luto numa relação. É a falta de controlo perante o desmembramento da sua relação que causa esses sentimentos, principalmente quando a pessoa nada fez para causar o fim da relação ou para o seu detrimento. De seguida é esperança de conseguir reconstruir ou dar mais uma nova oportunidade à relação. Racionalização é a terceira fase pela qual as pessoas passam. Contudo quando isto não tem efeito chega à fase da depressão e percebe que tudo o que tentou trabalhar não resultou e o desfecho será mesmo a separação. Sintomas de depressão podem, então, surgir. Não é fácil sair desta etapa e chegar à tão esperada aceitação. Aqui não pedimos que a pessoa esqueça o seu parceiro (a), muito menos os tempos de convivência e cumplicidade, mas há que aprender a viver e conviver com a perda da relação.
 
Renascer – Grupo de Apoio ao Luto
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 4 de Junho de 2014
 
 
 

Os meus pais estão separados!

 
O que se há-de pensar quando se vê que tudo o que sempre vivemos se está a desmoronar?
Chorar, desesperar, gritar ou sorrir e seguir em frente?
Primeiro pensamos no porquê de tudo isto nos acontecer, será que a culpa é nossa?
Mas então, porquê tantas perguntas?
A separação das pessoas que mais amamos dói muito, não há nada neste mundo que doa mais e o pior é que nada poder reparar o nosso coração despedaçado.
Falo por experiência própria, a separação dos meus pais foi a coisa mais horrível porque já passei.
Ninguém merece esse sofrimento, nem sequer o meu maior inimigo.
O desespero é o pior nesta situação, ficamos perdidos sem saber o que fazer e como ajudar.
E digo já que um sorriso e uma palavra de apoio é a coisa mais simples e bonita que se pode oferecer a alguém nesta situação.
Na minha opinião, que é irrelevante para a sociedade de hoje em dia, os filhos de quem se separa são os mais prejudicados.
Tudo o que acontece fica gravado nas suas mentes e de lá não sai.
Tudo é difícil de esquecer e ainda mais difícil de suportar.
Resumindo e concluindo, o que eu quero expressar é que os filhos de quem se separa sofrem e muitas das vezes não voltam a ser as mesmas pessoas que eram.
Algo que gostava que se recordassem é que antigamente as pessoas eram ensinadas a reparar o que se partia, hoje em dia, simplesmente atiram-no para o caixote do lixo.
O amor é precioso e não merece ser desperdiçado à mínima dificuldade.
A separação dos nossos pais é algo difícil, sem dúvida, mas com ajuda e muito amor, toda essa desilusão poder ser superada, basta acreditarmos em nós e termos força de vontade!
E apesar do que sofremos tanto eu, como a minha mãe, como o meu irmão estamos muito melhor e muito mais felizes.
Como se costuma dizer “há males que vêm por bem”.
E no meu caso, os meus pais separaram-se porque a minha mãe era vítima de violência doméstica, portanto, esta foi a única solução.
 
Filha de Utente da UMAR Açores – 13 anos
 
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 4 de Junho de 2014


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Palavras que o vento não leva

17 de Maio - Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia - Praça Velha, Angra do Heroísmo

Iniciativa promovida pela Associação LGBT Pride Azores com a participação da UMAR Açores na Câmara Municipal de Angra do Heroísmo a 17 de Maio de 2014
Respeito, Tolerância, Igualdade, Inclusão, são palavras que ouvimos constantemente, quer pela comunicação social, quer no nosso dia a dia, nos mais diversos contextos. Assistimos à adoção em massa de um discurso que hoje é tido como socialmente correto no que diz respeito a questões como a orientação sexual. No entanto, é necessário analisar e desconstruir esse discurso de forma a tentar compreender se o mesmo corresponde à apropriação do conceito que ele próprio encerra, isto é, a consciência para práticas que têm em conta a diversidade.
De acordo com os resultados da investigação de carater qualitativo que pretendeu aceder à compreensão dos discursos e da ação de professores, a lecionar na ilha de São Miguel, em relação à homossexualidade, e que deu origem à dissertação de Mestrado Discursos sobre homossexualidade numa comunidade educativa: perspetivas de professores (Rodrigues, 2012), apresentada na Universidade dos Açores, ainda existem muitos constrangimentos em relação à homossexualidade, embora muitas vezes camuflados por um discurso socialmente polido. De um modo geral, encontraram-se professores que conseguem identificar preconceitos, estereótipos e situações de discriminação devido à orientação sexual, tanto na sociedade como na escola. No entanto, eles próprios têm enraizado o modelo heterossexual da sexualidade, de que fazem uso, tanto na vida pessoal como na prática profissional.
Na escola, é a partir da ideia de heterossexualidade que os conteúdos são elaborados e que os discursos são produzidos. Perguntar a um rapaz "Já tens namorada?" e a uma rapariga "Já tens namorado?", ignorando outras possibilidades de relação afetiva, é algo que está tão interiorizado e mecanizado como "a ordem natural das coisas", que parece não admitir outras formas de sexualidade. No referido estudo, apenas uma professora evidenciou a utilização de um discurso abrangente, justificando para tal as diversas formações que teve sobre sexualidade e afetos, as quais lhe despertaram para a importância da utilização de um discurso respeitador da diferença.
Ainda de acordo com os resultados desta investigação, a referência à homossexualidade como forma de insulto entre alunos parece ser uma prática tão comum que, na generalidade, não é considerada uma forma de agressão. Comentários como "maricas", "zabela" ou "paneleiro" fazem parte do dia a dia escolar e são muitas vezes ignorados pela comunidade educativa. De facto, parece existir uma grande lacuna na formação dos professores no que se refere à sexualidade e, especificamente, à homossexualidade. Estes profissionais, que deveriam ser os principais agentes de mediação e combate de práticas discriminatórias dentro da escola, pela afirmação ou pelo silenciamento vão legitimando determinadas práticas sexuais e reprimindo outras, e assim exercendo uma pedagogia da sexualidade, muitas vezes sem terem disso consciência.
Toda esta problemática ganha particular relevância quando falamos de adolescentes, pois para além das profundas alterações que vivenciam a nível físico e nos domínios cognitivo, psicológico, afetivo e relacional, têm a complexa tarefa de conciliar todas essas transformações com a exigências sociais e esperanças pessoais de formar um autoconceito coerente, isto é, uma identidade. E se a escola nega ou ignora outras formas de sexualidade que não a heterossexualidade, está a oferecer poucas oportunidades para que os adolescentes e jovens assumam, sem culpa ou vergonha, a sua orientação sexual.
Então, se queremos realmente uma sociedade mais justa, podemos começar por alterar os discursos. A discriminação não se manifesta apenas pelas atitudes violentas e homofóbicas, vindo, muitas vezes, dissimulada em discursos que se dizem "tolerantes".
Citando o escritor Vergílio Ferreira, "Há no homem o dom perverso da banalização. Estamos condenados a pensar com palavras, a sentir com palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. Mas as palavras são pedras". E, infelizmente, não são levadas pelo vento. Pelo contrário, vão deixando marcas nas histórias pessoais e moldando quem as ouve.
A escola, como espaço que propõe educar e propiciar recursos para a evolução intelectual, social e cultural do homem, tem o dever de formar gerações mais informadas e sem preconceitos. Mas todos nós, enquanto sociedade, também temos um papel. Não somos só o produto, também somos produtores da sociedade em que vivemos.
Na equação do respeito pela diversidade, as únicas variáveis somos nós. Não deixemos que esta seja uma tarefa para "os outros", pois "os outros" dos outros, somos nós.
Catarina Rodrigues

Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 21 de Maio de 2014

Nunca é tarde para ser feliz! - Testemunho

 
“UMAR, muito obrigado. Agradeço do fundo do meu coração não há palavras para descrever como me ajudaram a mim e ao meu filho menor. Namorei o meu ex-marido tinha 14 anos, casei aos 20, vivemos juntos até aos 50 anos. Temos três filhos lindos, maravilhosos, foi só o que ficou nesses 40 anos de recordações, nada mais… Pensava eu que era feliz, que tinha o amor da minha vida, só a morte nos separava. Fiz tudo, disse sempre “sim, sim”, assinei papeis com confiança nele, fazia tudo o que ele queria…
Mães do mundo, não digam sempre “sim” aos maridos, eu fui um exemplo negativo, aguentar um casamento não resulta nem pelos filhos, nem por nada, quanto mais anos pior… é preciso cortar o mal pela raiz cedo, mas eu não tinha forças, chorei muito, pensava que tinha a minha vida terminada.
Queridas mães, conheci pessoas maravilhosas na UMAR quando necessitava apoio. Fiquei doente da minha cabeça, chorava muito, não queria aceitar a separação. A minha assistente social foi a minha segunda mãe, obrigado a ela, obrigado a estas pessoas, que estão sempre dispostas a ajudar-nos e dão-nos força para continuar em frente. Hoje sinto-me feliz, preciso muito deles mas estou melhor… sem essas pessoas da UMAR eu não chegava onde estou. Obrigada! Beijos para todas as mães, força, procurem ajuda!”
Utente da UMAR Açores

Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 21 de Maio de 2014


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia - 17 de Maio

Sábado 17 de Maio de 2014
Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia

18h00
Encontro na entrada da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo
 
 
A associação LGBT Pride Azores promove um evento de acção pública na ilha Terceira com o apoio da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.

Está previsto a realização de um "cordão humano", na praça em frente às portas da Câmara, em que os participantes dão as mãos em nome de todos os seres humanos que sofrem devido à sua orientação sexual. O programa continua no Salão Nobre da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo para uma conversa tertúlia sobre o assunto, incluindo testemunhos para que continuamos a combater as fobias na nossa sociedade através de educação e visibilidade do ser.

"Todas as pessoas são bem vindas, não interessa a orientação sexual, interessa a luta para uma sociedade mais justa de respeito para com todos os seres humanos," diz Terry Costa, presidente da Pride Azores, "Educação é muito importante e hoje em dia só através de visibilidade é que chegamos lá, por isso este evento é realizado anualmente de portas abertas num local público."

O Dia Internacional contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia assinala-se a17 de Maio. A data foi escolhida lembrando a exclusão da Homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 17 de Maio de 1990, oficialmente declarada em 1992. Um pouco por todo o mundo faz-se neste dia incluindo actividades a sensibilizar as pessoas no assunto. Este é o terceiro ano que a Pride Azores marca o dia, depois da Horta e São Roque do Pico a associação agradece o apoio da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo para que o evento se manifeste na ilha Terceira.


 
 

terça-feira, 29 de abril de 2014

Workshop Ser Feliz no Singular


CONVITE
 
 
O Renascer - Grupo de Apoio ao Luto em colaboração com a UMAR Açores - Delegação da ilha Terceira convida todo/as o/as interessado/as a participarem num workshop intitulado Ser Feliz no Singular.

Com esta iniciativa pretende-se
"explorar o luto nas relações bem como a possibilidade de se ser feliz mesmo quando nos apontam o contrário..."
 
Data e hora: 9 de Maio de 2014 pelas 19:30h
 
Local: UMAR Açores - Delegação da ilha Terceira
Edifício da Recreio dos Artistas
Rua da Rosa s/n 1º Andar em Angra do Heroísmo
 
As inscrições são limitadas com o custo de apenas 3.00€ e com direito a certificado de participação.
Para reservas e informações contacte-nos através de
e-mail: renascer.grupodeluto@gmail.com
ou telemóvel 963892685
 
No final, oferecemos um pequeno mimo (bolachas e chá) em colaboração com a Hortelã Doce.
 
Agradecemos a vossa participação, partilha e divulgação pelos vossos amigo/as e colegas.
 
Obrigada.