A 14 de Fevereiro
celebra-se o Dia de São Valentim, vulgarmente conhecido como o Dia
dos Namorados. Neste dia celebra-se as relações de namoro mais direcionadas
para os jovens. Paralela a esta questão, surge-nos a violência no namoro.
A violência emerge no
contexto das relações de namoro, quando um dos parceiros (ou mesmo ambos) é agressivo,
visando com esse comportamento colocar-se numa posição de poder e controlo
sobre o outro. Este tipo de violência assume diferentes formas: verbal,
psicológica, física ou sexual, algumas de tal forma subtis, que nem a vítima e
muito menos os pais se apercebem desta situação.
Com a agravante que, à
medida que a relação se vai consolidando, o/a jovem envolve-se numa relação
marcada por ameaças, insultos, agressões, perseguições, controlo de horários, de
telefonemas, da forma de vestir, das amizades, entre outros.
É frequente a vítima
sentir que a culpa é sua, sendo esta uma das estratégias utilizadas pelo
agressor, que na sequência da agressão, tende a mostrar-se arrependido e
carinhoso.
Ora estes
comportamentos, geram confusão na vítima, que perpetua a expetativa de mudança
e fazem com que a relação se mantenha num círculo vicioso, alternando entre
agressões e pedidos de desculpa.
Aos pais, deverá ser
aconselhada uma educação baseada no respeito, na igualdade e na partilha de
tarefas e responsabilidades entre homens e mulheres, pois este comportamento tem
influência como fator de prevenção de relações violentas. Em todas as fases da
vida dos filhos/as, mas com especial acuidade na adolescência, a presença de
pais atentos, afetuosos e disponíveis é um aspecto fundamental na vida dos
jovens, a fim de evitar relacionamentos abusivos e violentos.
No entanto, é difícil
para os pais nos dias de hoje reconhecer se o seu filho/a se encontra numa relação
de namoro violenta.
Na celebração deste
dia, a UMAR/Açores, optou por elaborar esta CARTA AOS PAIS, onde para além do
supra referido, acrescenta uma enumeração de alguns sinais de alerta
comportamentais, por parte dos filhos/as, vítimas de violência no namoro:
- o/a jovem mostra-se
triste, desanimado/a, infeliz;
- o/a jovem mostra-se
agressivo/a ou irritável;
- o/a jovem isola-se
da família, dos amigos, deixa atividades que praticava;
- o/a jovem apresenta
marcas no corpo, sem justificação plausível;
- o/a jovem manifesta
alterações de sono e/ou apetite;
- o/a jovem mostra-se intimidado/a na presença
do/a namorado/a;
- o/a jovem apresenta
uma diminuição do seu rendimento escolar;
- o/a jovem evita
falar sobre o seu relacionamento;
- o/a jovem mostra-se
dependente, receando que o relacionamento termine;
Um comportamento
destes isoladamente pode significar outra situação que não violência no namoro,
de qualquer modo, deve ser alvo de atenção por parte dos pais e
professores.
É importante ouvir o/a
jovem sem emitir juízos de valor e disponibilizar ajuda, seja para terminar com
a situação, ou para apresentar queixa, pois a violência no namoro é crime.
Uma pessoa que sofre
ou sofreu maus-tratos num relacionamento amoroso, manifesta uma diminuição na
sua auto-estima, além de outros sintomas emocionais que necessitam intervenção
especializada, de modo que procurar apoio psicológico pode ajudar a ultrapassar
a situação e recuperar o bem estar.
Xénia
Leonardo – Jurista
Rita Ferreira
– Psicóloga
UMAR Açores
Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário
Insular de 16 de Fevereiro de 2018