quarta-feira, 4 de junho de 2014

Ser feliz no singular

Workshop Ser Feliz no Singular - 9 de Maio de 2014 na UMAR Açores
 
Workshop Ser Feliz no Singular - 9 de Maio de 2014 na UMAR Açores
 
As relações, sejam elas de que tipo for, são por si complexas. Não fossem elas compostas por mais do que uma pessoa, isto é, por mais do que uma personalidade, mais do que um sentimento ou pensamento. Mas as relações amorosas são especiais. São elas que nos dão “borboletas no estômago”, um sentimento de pertença ao mundo dos enamorados, experienciar emoções de amar e ser amados e de ter os contributos sociais e psicológicos (filhos, ser desejado, enaltecimentos das qualidades) de estar numa relação. Contudo, bonitos contos de fadas podem não acabar felizes para sempre.
Experienciar o fim de uma relação é passar por um processo de luto doloroso e invisível. Invisível porque sente-se um turbilhão de sentimentos e emoções muito semelhantes a uma perda real. Numa relação perdemos a expetativa de viver felizes para sempre; a cumplicidade, a confiança, o afeto daquela pessoa e uma rotina diária sempre pensada a dois e nunca a um. Estas foram algumas das razões que Renascer – Grupo de Apoio ao Luto foi fundado. Como o nome indica é um grupo que pretende apoiar a comunidade em luto e que é constituído por psicólogas. Quando ouvimos falar em luto, automaticamente pensamos em morte, mas o luto vai para além disso. O luto é a reação a uma perda que pode ser real ou simbólica. Ao longo da vida vamos sofrendo perdas inevitáveis, quer seja a morte de um ente querido, uma separação ou até mesmo uma perda de expectativas. Há pessoas que conseguem fazer o luto sozinhas mas há outras que necessitam de algum apoio e é nessas alturas em que o Renascer pode intervir. Dado o interesse comum na temática, realizou-se um workshop no dia 9 de Maio intitulado “Ser feliz no singular”, decorrente da parceria do Renascer com a Umar – Delegação Açores, onde foi abordado o luto nas relações e de que forma isso pode afetar a autoestima das mulheres.
Quando estamos numa relação que não é suficientemente boa ou até mesmo quando temos um companheiro abusivo, a nossa autoestima e autoconceito ficam debilitados. Embora a autoestima seja a forma como nós nos vemos e a opinião que temos sobre nós mesmos e sobre as nossas ideias, atribuindo-lhes assim sentimentos negativos ou positivos, também há uma influência dos outros, pois para construirmos essa ideia de nós mesmos temos de o fazer através das experiências que vamos tendo ao longo da vida e no meio em que estamos inseridos, que é formado pelas pessoas que nos rodeiam.
Estar numa relação abusiva faz com que o processo de luto se inicie ainda mais cedo. Desde a primeira agressão que iniciamos o luto das expetativas entre o que esperávamos da relação e o que realmente recebemos dela. É o lutar contra sentimentos de frustração, tristeza e revolta e pensamentos incansáveis para perceber de quem é a culpa e porque aquilo aconteceu. São esses, e muitos mais, pensamentos e sentimentos característicos das fases do luto numa relação. Inevitavelmente, a primeira fase é a negação em que o sentimento de incredulidade acerca do que está acontecer é predominante. Os sentimentos de confusão e revolta denominam a segunda fase do luto numa relação. É a falta de controlo perante o desmembramento da sua relação que causa esses sentimentos, principalmente quando a pessoa nada fez para causar o fim da relação ou para o seu detrimento. De seguida é esperança de conseguir reconstruir ou dar mais uma nova oportunidade à relação. Racionalização é a terceira fase pela qual as pessoas passam. Contudo quando isto não tem efeito chega à fase da depressão e percebe que tudo o que tentou trabalhar não resultou e o desfecho será mesmo a separação. Sintomas de depressão podem, então, surgir. Não é fácil sair desta etapa e chegar à tão esperada aceitação. Aqui não pedimos que a pessoa esqueça o seu parceiro (a), muito menos os tempos de convivência e cumplicidade, mas há que aprender a viver e conviver com a perda da relação.
 
Renascer – Grupo de Apoio ao Luto
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 4 de Junho de 2014
 
 
 

Os meus pais estão separados!

 
O que se há-de pensar quando se vê que tudo o que sempre vivemos se está a desmoronar?
Chorar, desesperar, gritar ou sorrir e seguir em frente?
Primeiro pensamos no porquê de tudo isto nos acontecer, será que a culpa é nossa?
Mas então, porquê tantas perguntas?
A separação das pessoas que mais amamos dói muito, não há nada neste mundo que doa mais e o pior é que nada poder reparar o nosso coração despedaçado.
Falo por experiência própria, a separação dos meus pais foi a coisa mais horrível porque já passei.
Ninguém merece esse sofrimento, nem sequer o meu maior inimigo.
O desespero é o pior nesta situação, ficamos perdidos sem saber o que fazer e como ajudar.
E digo já que um sorriso e uma palavra de apoio é a coisa mais simples e bonita que se pode oferecer a alguém nesta situação.
Na minha opinião, que é irrelevante para a sociedade de hoje em dia, os filhos de quem se separa são os mais prejudicados.
Tudo o que acontece fica gravado nas suas mentes e de lá não sai.
Tudo é difícil de esquecer e ainda mais difícil de suportar.
Resumindo e concluindo, o que eu quero expressar é que os filhos de quem se separa sofrem e muitas das vezes não voltam a ser as mesmas pessoas que eram.
Algo que gostava que se recordassem é que antigamente as pessoas eram ensinadas a reparar o que se partia, hoje em dia, simplesmente atiram-no para o caixote do lixo.
O amor é precioso e não merece ser desperdiçado à mínima dificuldade.
A separação dos nossos pais é algo difícil, sem dúvida, mas com ajuda e muito amor, toda essa desilusão poder ser superada, basta acreditarmos em nós e termos força de vontade!
E apesar do que sofremos tanto eu, como a minha mãe, como o meu irmão estamos muito melhor e muito mais felizes.
Como se costuma dizer “há males que vêm por bem”.
E no meu caso, os meus pais separaram-se porque a minha mãe era vítima de violência doméstica, portanto, esta foi a única solução.
 
Filha de Utente da UMAR Açores – 13 anos
 
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 4 de Junho de 2014