terça-feira, 16 de dezembro de 2014

III Workshop de Defesa Pessoal Feminina


Integrado nas iniciativas da UMAR Açores para assinalar o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres (25 de Novembro), decorreu no passado dia 22 de Novembro o 3º Workshop de Defesa Pessoal Feminina, realizado em parceria com a Delegação Açores da Federação Portuguesa de Krav Maga (F.P.K.M.). Este teve lugar no espaço da Academia Desportiva dos Açores, nos jardins dos Corte-Reais, e foi orientado pelos instrutores Manuel Martins, Hugo Rabaçal e José Almeida.

Foram simuladas várias situações de risco e ameaça física como agressões, agarres, estrangulamento, violação, entre outras. O principal objectivo desta formação prendia-se com o treino de estratégias de auto-defesa para reagir e lidar com essas situações, no sentido da preservação da integridade física. Também a componente psicológica é desenvolvida, pois uma vez que a pessoa se sente mais forte e capaz de reagir deixa de assumir uma postura tão passiva e submissa, o que muitas vezes é uma vantagem para os agressores.

O Krav Maga é um sistema de defesa pessoal e combate corpo a corpo, que pode ser praticado por pessoas de todas as idades e constituições físicas (incluindo crianças) e é por muitos considerado “o sistema de defesa pessoal mais eficaz do mundo”.

Na Ilha Terceira a F.P.K.M. tem duas escolas, uma em Angra do Heroísmo (no espaço referido anteriormente) onde os treinos são realizados às 2ªs, 4ªs e 6ªs das 20h15 às 21h30 e também aos Sábados das 13h00 às 14h30; e outra na Praia da Vitória (no Pavilhão das Artes Marciais) com aulas às 3ªs e às 5ªs das 19h00 às 20h30. Mais informações em facebook.com/fpkmrd e em www.kravmagaportugal.com.      

 





 
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 12 de Dezembro de 2014
 
 


Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR contabiliza 40 femicídios

De Janeiro a Novembro de 2014

 
 
Os registos do Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR mostram que, entre 1 de Janeiro e 30 de Novembro de 2014, ocorreram 40 femicídios e 42 na forma tentada em relações de intimidade presentes e passadas e ainda em contexto de relações familiares privilegiadas.
‘16 Dias de Activismo contra a Violência de Género’, é o tema de uma campanha internacional, iniciada em 1991, que se realiza, em mais de 140 países, entre os dias 25 de Novembro – Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres e o dia 10 de Dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos. Em Portugal muitos grupos e várias associações promovem iniciativas para denunciar a violência contra as mulheres e sensibilizar as populações para este combate.
O relatório anual de monitorização ‘Violência Doméstica 2013’, publicado pela Direcção Geral de Administração Interna, revela que só no primeiro semestre de 2014 foram registadas 13.071 participações de violência doméstica pelas forças de segurança e que comparativamente ao período homólogo de 2013 verificaram-se mais 291 participações.
Os progressos legislativos e a aplicação da lei não têm sido suficientes para travar os assassinos. O maior conhecimento científico e a produção académica, quer no âmbito da criminologia, quer no âmbito dos estudos das mulheres, avançam pistas que informam os poderes públicos. Mas também não bastam. Precisamos de um movimento popular que nas ruas denuncie a violência e exija justiça para as mulheres. A violência de género não é uma questão só das mulheres. A sociedade precisa de se insurgir contra a violência de género em defesa da justiça, da paz e da igualdade.
 
Fonte: artigo de Ana Cansado publicado em esquerda.net
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 12 de Dezembro de 2014
 
 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Mulher tem o Direito de aprender a defender-se


Rosa Carvalhal – Vice-Presidente da Direcção da UMAR Açores
 
 
A UMAR Açores está a organizar com a federação de Krav Maga um curso de defesa pessoal para mulheres. Que realidades justificam esta iniciativa?
Muitas mulheres são vítimas de violência doméstica, de violação, de furtos e de roubos, devido à sua frágil constituição física. Publicitam-se cartazes, sobre a violência exercida sobre os idosos, as crianças e as mulheres. Analisando cada grupo por si, constatamos que apenas a mulher é sempre vítima, porque a qualidade de idoso e de criança é sempre temporária e representa apenas um estado da vida. Por essas razões, a mulher tem de aprender a defender-se, não só enquanto criança e idosa, mas sempre enquanto mulher.
 
Sendo que a iniciativa se integra no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, em que medida as duas coisas se podem interligar?
A violência só poderá ser justificada, quando é exercida em legítima defesa, seja própria seja de terceiros. O agressor é tendencialmente cobarde, aproveitando-se da fragilidade física das suas vítimas e retirando, muitas vezes, prazer do medo que incute sobre as mesmas.
Se constatar que a vítima tem capacidade para se defender e que já não tem medo, é capaz de repensar a sua actuação, uma vez que esta já não o satisfaz da mesma forma.
 
O fenómeno da violência contra as mulheres parece ser endémico nos Açores. Há uma nova mentalidade a despontar ou, pelo contrário, a realidade reproduz-se?
Haverá uma nova mentalidade, porque as vítimas nos Açores estão mais informadas tanto dos seus direitos, como da existência de associações como a nossa, resultado do trabalho de sensibilização realizado nos últimos quinze anos. Neste contexto, as mulheres começaram a ter coragem para denunciar os seus agressores, contudo ainda é necessário desmistificar alguns estereótipos, para se chegar a uma real protecção para as vítimas.
Um exemplo concreto é o facto de na maioria das vezes, ser a vítima obrigada a abandonar o seu lar, para se afastar e proteger do agressor. Por sua vez, o agressor fica confortavelmente a aguardar o resultado da sua conduta, legalmente punível, inclusive em algumas situações, recebendo apoios sociais.
 
O crescimento da violência, sobretudo em contexto familiar, pode estar associado a situações de crise como a que vivemos. O que está a acontecer entre nós que possa ser associado ao actual contexto de crise?
É verdade que o contexto de crise actual poderá potenciar a violência, contudo não podemos minimizar este fenómeno, estabelecendo um paralelismo entre precariedade económica e índices de violência doméstica. O trabalho diário no terreno, demonstra que a violência doméstica e de género é um fenómeno transversal a todas as classes sociais.
 
 
Publicado no Jornal Diário Insular de 8 de Novembro de 2014