quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O porquê do laço preto…

25 de Novembro
Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres
 
 
A violência sobre as mulheres é um flagelo à escala mundial. Poucos fenómenos são tão globais como os maus tratos e abusos sofridos por milhares de mulheres diariamente. Falamos principalmente de violência doméstica, mas não só! O tráfico de seres humanos, a mutilação genital, os assim designados “crimes de honra”, entre outras manifestações de violência vitimizam principalmente o sexo feminino.
As desigualdades de género que alimentam o preconceito e a discriminação escavam um fosso entre mulheres e homens, com consequências nefastas para toda a humanidade. A violência doméstica é uma questão de género, uma vez que está comprovado que na grande maioria das situações o agressor é do sexo masculino e a vítima do sexo feminino (embora também estejam a aumentar os casos de homens que são vítimas). Isto ocorre porque ainda prevalece uma mentalidade machista e patriarcal na sociedade, onde se verifica desigualdade de poder havendo um elemento que domina e outro que é dominado.
A violência doméstica deixa lesões físicas e psicológicas, traumas emocionais e estados incapacitantes em muitas das suas vítimas. O expoente máximo dessa situação é o homicídio conjugal, através do qual as mulheres sucumbem às mãos de maridos, namorados, companheiros, ou mesmo ex., que não as deixaram seguir com a sua vida.
Por isso o laço preto, porque estamos de luto. Luto pelas mais de 450 mulheres que foram assassinadas no nosso país, entre 2004 e 2016. Luto pelas 18 que já morreram este ano, de acordo com os dados do Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR. As que sofreram tentativas de homicídio mais que duplicam este número. Por detrás dos números estão pessoas, histórias de vida, nomes e caras… neste Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres estamos de luto e queremos que se junte a nós na luta por um mundo mais justo!
 
Rita Ferreira / UMAR Açores
 
Publicado no jornal Diário Insular de 25 de Novembro de 2017
 

terça-feira, 14 de novembro de 2017

25 Anos de UMAR Açores


Associação Para a Igualdade e Direitos das Mulheres
 
Clarisse Canha e Maria José Raposo
 
Outubro de 2017 é mês de comemoração para a Umar-Açores. Em 1992 chega aos Açores a União de Mulheres Alternativa e Resposta, a fim de trabalhar a prevenção e o combate ao fenómeno da violência de Género no percurso feminista dos direitos das Mulheres e na Igualdade nos Açores, com base no ativismo e no voluntariado.
A violência contra as mulheres era e é um obstáculo à concretização dos objetivos da Igualdade que fundamentam os direitos humanos e as liberdades fundamentais.
Hoje, muitas mulheres vítimas do crime de violência doméstica não sentem ainda, nos seus quotidianos o impacto positivo dos avanços ao nível da legislação e das práticas, persistindo um sentimento de revitimização, de resposta desadequada ou extemporânea e de insegurança persistente.
Entre os grupos de maior vulnerabilidade a este fenómeno estão as crianças, as pessoas idosas, pessoas dependentes e as pessoas com deficiência. Contudo as mulheres continuam a ser o grupo onde se verifica maior vitimização, assumindo claramente uma dimensão de violência de género.
Desde 2008 a UMAR - Associação Para a Igualdade e Direitos das Mulheres, prossegue este trabalho com a mesma sigla, sem nunca desvirtuar os seus pressupostos e caminhada, passando de delegação para Associação.
Na evolução da UMAR-Açores, identificam-se diferentes etapas, desde o debate publico, formação-ação, promoção da mulher no trabalho, ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. Articula atividades e projetos com organizações de outras áreas de intervenção, integrando trabalho de rede e inúmeras parcerias.
Em 1997, reconhecendo-se a violência doméstica e de género uma das barreiras à emancipação das mulheres e à igualdade, criou-se a LINHA SOS-MULHER, pioneira em Portugal, pensando nas mulheres que dentro de casa tenham as vozes silenciadas.
Uma das mais-valias da sua atividade nos Açores, prende-se com a garantia de trabalho continuado, com base no ativismo, voluntariado e equipas profissionais, assim como trabalho em rede e parcerias.
De facto nos anos 90, foi a hora de se criar raízes, numa evolução organizativa, que imprime à Associação uma responsabilização na prevenção, no estudo, na procura de soluções para colmatar as necessidades de inúmeras mulheres, jovens e famílias por estes Açores fora.
Aposta-se na prevenção, na sensibilização, na formação de mulheres, com vista à conquista da sua autonomia, capacitação e autoestima pessoal, social e profissional.
Momentaneamente cria-se a delegação da UMAR- Terceira e da UMAR- Faial, esta última com valência de Casa de Abrigo, a segunda nos Açores e a primeira a localizar-se no Grupo Central. Local onde as mulheres em perigo eminente encontram apoios, compreensão e orientação para traçarem um futuro sem opressão e perigo.
Por tudo isto destaca-se a UMAR-Açores, como Associação dinâmica, produzindo impacto na sociedade açoriana no âmbito da Igualdade e dos feminismos na Região.
Nas décadas de 80 e 90 destacam-se a celebração do Dia Internacional da Mulher e o lançamento do movimento de combate à violência doméstica e de Género.
Nas décadas seguintes, prosseguem-se linhas de formação/ação, destacando-se o papel de se refletir e desenvolver a prevenção no domínio da violência no namoro, violência doméstica e no âmbito da Igualdade de Género.
Faz-se investigação a fim de promover a mulher e o trabalho, comprovado em inúmeras publicações, que fomos editando online e em produtos diversos.
Nada se faz sozinhas e aqui registamos as inúmeras parcerias que fomos criando e sedimentando ao longo destes 25 anos, tais como o Governo Regional, associações da área e outras, associadas, voluntárias e amigas da causa.
Na génese desta Associação e ideal de ideário esteve e está uma mulher de nome – Clarisse Canha – feminista de convicção e de coração. Mulher, mãe, esposa e profissional dinâmica, astuta, perseverante, livre de espirito e de ação, profundamente igual a ti, a mim e a nós.
Todos e todas devem homenagear esta mulher, personalidade de caracter, detentora de um poder de ação e persuasão único, próprio e exemplar ao longo destes 25 anos, fazendo do seu pensamento uma devoção ao serviço dos direitos das mulheres e do progresso nas ilhas e que decididamente nos ensina todos os dias que o futuro é já amanhã e em conjunto somos mais fortes e assertivas.
Porque não dizê-lo – é a matriarca da Igualdade nos Açores pela sua constante e acutilante luta na reivindicação desta Igualdade.
É um autêntico pilar de congregação de vontades, de ideias, inovando, terminando e recomeçando a luta, sempre que se justifica, acreditando sempre ser possível.
Sem qualquer pudor, registo que é uma verdadeira inspiração e um privilégio trabalharmos a seu lado.
A UMAR é hoje uma associação que se reclama de um feminismo comprometido socialmente, empenhada em despertar a consciência feminista na sociedade açoriana, congregando gerações e ligando as «velhas causas com as novas causas», como seja a luta contra a Violência Doméstica; Paridade nos órgãos de decisão política, envolvimento internacional na Marcha Mundial da Mulher e os 16Dias de Ativismo Contra a Violência de Género.
A direção da UMAR- Açores combina hoje uma nova geração de mulheres com sonhos e anseios ainda por concretizar no âmbito da igualdade de género com mulheres que viveram os tumultos dos anos 70. Ambas criam elos e pontes de assertividade, na certeza porém de que nos próximos 25 anos erradicaremos fenómenos que tanto têm flagelado as mulheres na nossa sociedade, há que trabalhar arduamente para aprofundar os direitos das Mulheres.
Bem-haja a todos e a todas.
 
Maria José Medeiros Carreiro Raposo
Presidente da UMAR Açores
Associação para a Igualdade e Direitos das Mulheres

 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 11 de Novembro de 2017

 


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

CONVITE - 25º Aniversário da UMAR Açores

 
A UMAR Açores – Delegação da ilha Terceira convida-vos para o 25º Aniversário da Associação que se realizará na próxima 6ª feira dia 27/10/2017 a partir das 16:00 Horas na Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro.
 
Participe e ajude-nos a divulgar!
Obrigada
 

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

A CUIDADORA

 
Tanto nas redes sociais como em diversos textos jornalísticos, foi muito debatido um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, que fundamentava a sua decisão, com a argumentação de que a sexualidade depois dos cinquenta anos já não tem a importância que assume em idades mais jovens, importância essa que vai diminuindo à medida que a idade avança, relativamente a uma mulher que na sequência de uma intervenção cirúrgica ficou inibida de ter relações sexuais, ficando ainda com outras lesões, nomeadamente incontinência, nevralgias e todo um mal estar constante e generalizado.
Como facilmente se constata, pela leitura atenta de todo o debate, que a referida afirmação despoletou, estamos a falar apenas da sexualidade no feminino.
No entanto, há uma outra afirmação que passou despercebida, provavelmente pelo facto de não versar a sexualidade, tema demasiado fácil para despertar a atenção dos intervenientes, mas de igual gravidade. (Não é por acaso, que em certas faculdades, quando as associações académicas necessitam de alertar os estudantes para alguma temática, elaboravam um cartaz com a palavra "sexo" em letras garrafais e depois escreviam em letras de tamanho mais reduzido, "agora que captamos a vossa atenção, gostaríamos de alertar para ...".)
O mencionado acórdão, refere num dos seus parágrafos e no que concerne à necessidade de contratação de uma empregada doméstica a tempo inteiro, que atenta a idade dos filhos da visada, a mesma apenas teria de cuidar do seu marido...
Esta afirmação, está associada a uma tradição resultante de anos de educação e de socialização, aliados à obrigação moral e que são transmitidos para todas as meninas, de que o papel principal da mulher é o de cuidadora.
Este papel da mulher enquanto cuidadora de filhos, marido, pais e sogros, está de tal forma enraizado, que a referida afirmação, passou completamente despercebida no referido artigo, não tendo gerado qualquer polémica (pelo menos na pesquisa que efetuei, não encontrei qualquer referência.).
Reduzir o papel da mulher, a ser mãe, filha e esposa, é muito comum numa sociedade como a nossa, onde até pessoas com formação académica e com uma profissão que decide a vida de muitas mulheres, reduzem o papel da mulher, quando os filhos já estão crescidos, ao cuidar do marido, ou seja, a mulher apenas existe enquanto associada a alguém que necessite do seu cuidado ...
Mas ainda mais grave, é que na elaboração deste acórdão interviu uma mulher, que consentiu por omissão ou por ação, que esta expressão fizesse parte de uma fundamentação tradicionalmente redutora do papel da mulher, tanto na família como na sociedade.
Ainda hoje, mesmos em famílias de casais jovens, na casa dos vinte e trinta anos, ainda se ouvem expressões, como "o meu marido ajuda ...", seja no cuidar dos filhos, seja nas atividades domésticas. Esta expressão, tem como premissa que as referidas tarefas são da mulher e ele deve ser beatificado por "ajudar", de forma esporádica e condescendente.
Ainda relativamente ao texto do referido acórdão, também é preciso analisar a perspetiva por parte do marido, que não pode ser culpado das ilações, que a referida decisão judicial retira da sua vida conjugal, partindo do princípio, que o mesmo não é um ser independente, capaz de se prover de forma autónoma.
Eventualmente, poderá ser um marido capaz de partilhar as atividades domésticas com a sua mulher, ainda mais pelo facto da mesma se encontrar parcialmente incapacitada.
É urgente alterar essa mentalidade e adaptá-la às novas realidades.
Já muito se tem feito com esse objectivo, nomeadamente em associações como a UMAR, que se desdobram em iniciativas com essa finalidade, sobretudo junto dos mais jovens, com ações de sensibilização nas escolas, com temáticas como a igualdade de género e a violência no namoro, iniciativas essas que será premente manter e incentivar.
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 21 de Setembro de 2017



SENSIBILIZAR PARA A NÃO DISCRIMINAÇÃO

UMAR Açores disponibiliza sessões de sensibilização


Estamos no início do ano lectivo de 2017/18 e neste contexto a UMAR Açores / CIPA volta a disponibilizar um conjunto de sessões de sensibilização para a não discriminação. As temáticas disponíveis passam pela não discriminação em função do género, etnia / cultura, orientação sexual e deficiência no âmbito do programa Crescer sem Discriminar. Continuamos a trabalhar, também, as temáticas de prevenção para a violência doméstica / conjugal e violência no namoro, exemplificando em que é que consistem relações amorosas saudáveis. Estas sessões estão projectadas para diferentes públicos-alvo, podendo ser solicitadas por escolas de diferentes níveis de ensino, ou mesmo por outras instituições ou associações que achem pertinente.

Também numa perspectiva de promover a igualdade de género, este ano a Associação disponibiliza novamente acções de esclarecimento sobre direitos dos/as trabalhadores/as e boas práticas de conciliação entre a vida familiar e a profissional, dirigidas a sindicatos e a outras associações / organizações que se mostrem interessadas.

A equipa técnica é constituída por uma jurista, um sociólogo e uma psicóloga e o agendamento das sessões pode ser efectuado para os contactos da Associação.

Para mais informações sobre o nosso trabalho, poderá contactar a delegação da UMAR Açores na ilha Terceira no Edifício da Recreio dos Artistas em Angra do Heroísmo ou através dos telefones 295 217 860 / 968 687 479 ou e-mail umarterceira@gmail.com.

Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 21 de Setembro de 2017
 

terça-feira, 1 de agosto de 2017

UMAR Açores na 10ª Edição do Festival Azure

Prevenção da Violência no Namoro

No âmbito do plano de actividades para o ano de 2017, a UMAR Açores esteve presente na 10ª edição do Festival Azure que se realizou na zona de lazer de Santa Bárbara, Angra do Heroísmo, nos dias 14 e 15 de Julho.
Através de um espaço cedido pela organização do festival, a equipa técnica, associadas e voluntárias da Associação, procuraram promover a erradicação de preconceitos associados às discriminações em função do género, sensibilizar para os sinais de abuso (verbal, psicológico, físico, sexual ou outros) nos relacionamentos íntimos, informar sobre os direitos / recursos de apoio para quem é vítima de violência no namoro / violência doméstica, incentivar o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis e prevenir a violência doméstica em relacionamentos futuros.
 
Espaço da UMAR Açores no Festival Azure 2017
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 1 de Agosto de 2017
 

terça-feira, 18 de julho de 2017

Sensibilizar para a Igualdade de Género

Atividades para crianças

Ao longo dos anos tem-se assistido a um melhoramento nas questões relacionadas com a Igualdade de Género em Portugal mas ainda está longe de ser uma realidade. Tanto em casa como no trabalho muitas mulheres vêm os seus direitos e regalias ficarem aquém daqueles que são dados aos homens. Ocupam mais tempo em tarefas domésticas, assim como é mais difícil para elas chegar ao topo das empresas ou a cargos de chefia.
 
Neste contexto, de forma a minimizar esta realidade, a UMAR Açores participou em duas atividades de sensibilização. A primeira realizou-se no passado dia 29 de Junho a convite do Séquito Real das Sanjoaninas 2017 da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo. A Associação participou num Peddy Paper, direcionado para crianças, intitulado "Sensibilizar para a Solidariedade", que teve lugar no Jardim Duque da Terceira durante o período da manhã. A iniciativa contou com a presença de diversas associações entre as quais a Cáritas, a Make-A-Wish, a Associação Nascer e Crescer Feliz e a UMAR Açores. Participaram, aproximadamente meia centena de crianças, dos colégios do Carrossel e de Santa Clara de Angra do Heroísmo.
 
Durante a atividade, cada associação tinha uma estação na qual as crianças passavam com o objetivo de aprenderem e conhecerem mais sobre as instituições participantes. Na estação da UMAR Açores, foram disponibilizados panfletos informativos sobre a igualdade de género direcionados para as crianças, bem como para as educadoras e auxiliares de infância. Foram facultadas ainda, informações sobre os recursos de apoio disponíveis e atividades da delegação da Associação na ilha Terceira e cartazes informativos sobre a situação das Mulheres no Mundo.
 
Crianças do colégio de Santa Clara
 
Crianças do colégio Carrossel
 
A segunda atividade, realizou-se no passado dia 11 de Julho e consistiu numa visita de estudo do Ginásio da Educação Da Vinci às instalações da UMAR Açores, seguida de uma sessão de sensibilização para a igualdade de género. Participaram na iniciativa cerca de três dezenas de crianças entre os 5 e os 12 anos.
 
Para além das questões relacionadas com a igualdade de género também foram trabalhados alguns sinais de alerta para relações abusivas que mais tarde poderão originar violência doméstica. Para o efeito, utilizou-se "O Jogo da Família Gomes" com o objetivo das crianças perceberem que não existem brinquedos, atividades ou profissões exclusivamente de homens e mulheres. Acresce que tanto o homem como a mulher devem participar nas tarefas domésticas, ou seja, ambos têm os mesmos direitos e deveres. Foram ainda entregues panfletos informativos sobre a Igualdade de Género para as crianças e monitoras/es. No final da visita foi projetado o conto infantil "Quando for grande, quero ser PAI" da autoria de Susana Teles Margarido o qual aborda o tema de Igualdade de Género.
 
Visita de Estudo do Ginásio da Educação Da Vinci às instalações da UMAR Açores
 
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 18 de Julho de 2017
 
 

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Festival AZURE 2017


Espaço da UMAR Açores
10º Edição do Festival AZURE – Santa Bárbara

 
PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA NO NAMORO
 






























 

terça-feira, 4 de julho de 2017

DESTAQUE DO MÊS DE JUNHO DE 2017

PAULA LOURENÇO
(Produtora agrícola)
 
 
"Quando os ventos da mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento"
Érico Veríssimo
 
Paula Isabel Lourenço, tem 48 anos e é natural da freguesia de Santa Cruz, concelho da Praia da Vitória. Durante 24 anos trabalhou como auxiliar de educação numa creche e jardim-de-infância e atualmente é produtora agrícola desde os 42 anos. Foi depois da morte do seu marido que deu continuidade à empresa e continuou a trabalhar em simultâneo no colégio. Ao fim de dois anos não conseguiu conciliar ambas as atividades e por isso abdicou do colégio e ficou com a empresa pensando no futuro dos seus filhos. Actualmente conta com um funcionário que a ajuda e dividem tarefas, "raramente estou sozinha, fico na parte da ordenha a tratar dos vitelos, na limpeza da mesma e na burocracia, que não é pouca". Segundo a entrevistada, não é tarefa fácil exercer uma profissão maioritariamente associada ao masculino porque além da atividade agrícola tem à sua conta as tarefas domésticas, cuidar dos seus filhos e ajudá-los naquilo que for necessário, "como deve calcular, tenho uma vida extremamente preenchida (...) mas é gratificante principalmente quando se tem amigo/as para ajudar. É uma aprendizagem diária". Quando questionada, como foi a sua integração nesta área e quais as principais dificuldades que enfrentou, a senhora referiu que "na prática, foi começar do zero" mas tinha muita vontade de aprender, "claro que não se aprende num dia a lidar com as diversas situações ou tarefas inerentes à agricultura". As principais dificuldades que sentiu foi em relação às condições climáticas, com a forma de maneio dos animais mas sobretudo na preparação da ordenha porque esta tarefa está relacionada com diversos procedimentos que envolvem toda a maquinaria existente numa casa de ordenha, "todos estes procedimentos têm, obviamente, uma enorme responsabilidade". Uma vez que trabalha numa área maioritariamente associada ao masculino, não se sente discriminada no seu trabalho pelo facto de ser mulher, no entanto, sente "que poderá haver uma maior abertura no desempenho das mulheres na agricultura, pois em certos países é normal esta atividade ser realizada por mulheres (ex: Holanda). Relativamente à sua opinião acerca das mulheres vítimas de Violência Doméstica, comentou que "felizmente os tempos mudaram para melhor (...), este tema tem merecido algum destaque na televisão, jornais, entre outros meios de comunicação (...). Apesar de haver mais sensibilização para este tema, a nossa sociedade vê com algum conformismo e indiferença estas mulheres". Para finalizar, à pergunta, “o que acha do papel das associações que defendem os direitos das mulheres?”, a entrevistada replicou que "é bom porque estas mulheres têm a quem recorrer para orientá-las" e que é uma mais valia, "tudo o que seja para defender uma boa causa é sempre positivo".
Por Adriano Lopes Estagiário na UMAR Açores do curso de Técnico de Apoio Psicossocial
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 4 de Julho de 2017 
 

Dia Internacional de Sensibilização sobre a Prevenção da Violência contra as Pessoas Idosas

UMAR Açores assinala
 
Dia Internacional de Sensibilização sobre a Prevenção da Violência contra as Pessoas Idosas


Sessão de Prevenção realizada no Lar Residencial da Sé valência da S.C.M.A.H.
 
No passado dia 15 de junho, assinalou-se o Dia Internacional de Sensibilização sobre a Prevenção da Violência contra as Pessoas Idosas. Segundo os dados disponibilizados pela APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, registou-se um aumento de 30% de crimes contra idoso/as entre 2013 e 2016, sendo as mulheres as principais vítimas, muitas delas a sofrerem em silêncio há mais de 40 anos.
Reconhecendo que a violência contra as pessoas idosas constitui um problema social e de saúde pública, considera-se que o seu eficaz combate pode contribuir para um futuro mais inclusivo, onde todo/as sejam respeitado/as ao longo do ciclo de vida, nomeadamente num contexto de um envelhecimento ativo e saudável.
Desta forma, a UMAR Açores foi convidada para realizar duas sessões de prevenção para a Violência Contra a Pessoa Idosa. A primeira realizou-se na Escola Profissional da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, no âmbito do Curso Técnico de Geriatria - Reativar S3, 1 .º ano e contou com a presença de quinze formando/as, com idades compreendidas entre os 23 e os 47 anos de idade. A segunda realizou-se no Lar Residencial da Sé, valência da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo, com um grupo de idosas, onde se desenvolveu uma pequena atividade utilizando para o efeito um conjunto de temas e expressões para estimular a participação e debate do público alvo.
Os temas que foram abordados nestas duas sessões foram o conceito de maus-tratos, as suas categorias, os fatores de risco (agressor, vítima e instituições), a legislação e os alertas e obstáculos a ter. Estas sessões tiveram como objetivo dar a conhecer os direitos das pessoas idosas bem como sensibilizar e esclarecer para a violência contra a pessoa idosa.
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 4 de Julho de 2017

sexta-feira, 9 de junho de 2017

CONVITE - Concentração LGBT em Angra do Heroísmo (17/06/2017)

 
Pelo NÃO à DISCRIMINAÇÃO!
Pela LIBERDADE de amar!
Uma iniciativa que envolve todos e todas os(as) que desejam viver numa sociedade sem preconceitos!
 


quarta-feira, 24 de maio de 2017

Quebrar estereótipos, assegurar #MuitoMaisIgualdade

Conferência internacional “Fé na Igualdade: Pessoas LGBTI, Religião e Espiritualidade”
17 de Maio de 2017
Fotografia de Pedro Loureiro
 

A 17 de maio celebra-se o Dia (Inter)Nacional de Luta contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia. Em 2017, foi a segunda vez que foi assinalado enquanto dia nacional em Portugal e desta vez aconteceu de uma forma muito mais pública, com hastear de bandeiras arco-íris na Câmara Municipal de Lisboa e Junta de Freguesia da Misericórdia (também em Lisboa), com a inauguração de uma faixa comemorativa na fachada do edifício da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e que por lá ficará até ao final do mês de junho, mas também com uma multiplicidade de eventos físicos e iniciativas digitais um pouco por todo o país. O 17 de maio é uma data especial porque relembra o dia em que a Organização Mundial de Saúde, em 1990, retirou a homossexualidade da lista de patologias. E porquê relembrar? Porque há muitos países e muitas áreas na nossa sociedade (também em Portugal) que continuam a categorizar as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e/ou intersexo (LGBTI) como pessoas doentes, pessoas criminosas ou pessoas pecadoras e que, portanto, reforçam estereótipos e preconceitos, contribuindo assim para a discriminação e violência contra as pessoas LGBTI.
É pela importância e visibilidade deste dia que, desde 2013, a Associação ILGA Portugal apresenta todos os anos os resultados do Observatório da Discriminação em função da orientação sexual e/ou identidade de género. Em 2016, o Observatório recebeu 179 denúncias anónimas de incidentes discriminatórios, destas 92 configuram crimes de ódio segundo a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), o que não significa que seja este o entendimento do Código Penal Português. A maioria dos casos, e à semelhança de anos anteriores, tratam-se de insultos e ameaças verbais que acontecem regularmente em espaço público (na rua). As vítimas, na sua maioria, têm entre 18 e 24 anos, identificam-se como homens gay e reportam que a situação denunciada teve bastante impacto psicológico nas suas vidas. Interessante é perceber que pela primeira vez, temos um grande número de situações reportadas em que as testemunhas intervieram e apoiaram a(s) vítima(s) e é também positivo realçar que, e pelo segundo ano consecutivo, houve um aumento do número de denúncias para as autoridades. Estes dados espelham bem que a discriminação ainda existe e está bastante presente no dia-a-dia das pessoas LGBTI em Portugal, mas que as pessoas cada vez mais reconhecem a homofobia, a bifobia e a transfobia e atuam perante situações a que assistem ou de que foram vítimas.
Com a consciência de que há muito trabalho ainda a fazer e em muitas áreas, a ILGA Portugal organizou no dia 17 a conferência internacional “Fé na Igualdade: Pessoas LGBTI, Religião e Espiritualidade” com representantes da diversas religiões: Krzysztof Charamsa, padre ex-funcionário do Vaticano, Wajahat Abbass Kazmi, ativista muçulmano e fundador da campanha “Allah Loves Equality”, Mark Barwick, coordenador do projeto europeu Building Communities of Trust, Maria Eduarda Titosse, Pastora na Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal, e João Cláudio Maria, ex-maestro do coro de São Domingos de Castanheira de Pera. A religião não pode ser um tabu para a sociedade e para as pessoas LGBTI, portanto este é um primeiro passo para se falar abertamente sobre fé, crenças e de que modo é que as pessoas LGBTI podem praticar a sua fé livremente, sem receio de discriminação e sem exclusão da participação na vida pública.


Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 24 de Maio de 2017
 
 

 

O que é um Técnico de Apoio Psicossocial?

Por Adriano Lopes
Estagiário na UMAR Açores do curso de Técnico de Apoio Psicossocial
 
O Técnico de Apoio Psicossocial (T.A.P) é um profissional qualificado apto a promover, autonomamente ou integrado em equipas multidisciplinares, o desenvolvimento psicossocial de grupos e comunidades no domínio dos cuidados sociais e de saúde e da intervenção social e comunitária. Este está determinado a realizar "uma função seriamente humana", isto é, promove a segurança e proteção na vida das pessoas, o contacto e desempenho pessoal, o seu sentimento comunitário e a sua afetividade. Pretende também promover uma melhor qualidade de vida do seu público-alvo.
Um Técnico de Apoio Psicossocial intervém com diversos públicos-alvo, tais como, crianças, idosos, cidadãos "sem abrigo", toxicodependentes e públicos com necessidades especiais, um deles, por exemplo, mulheres que sofrem de violência doméstica. Este tem como função, junto destas, identificar, diagnosticar, analisar e avaliar diferentes domínios, contextos, situações, problemas e comportamentos sobre os quais seja necessário intervir; Planear, organizar, desenvolver e avaliar programas, projetos, ações e atividades que dêem resposta às necessidades diagnosticadas; Definir estratégias, métodos e técnicas de intervenção face a cada situação diagnosticada; identificar recursos, encaminhando, articulando ou criando novas soluções para as situações detectadas. Os dados internos da empresa/entidade a que o técnico tem acesso, bem como os dados resultantes do trabalho deste, serão escrupulosamente considerados sigilosos.
Para finalizar, no papel de um T.A.P, é muito importante saber a Trilogia dos Três Saberes:
            -Saber Ser - o T.A.P deve trabalhar as suas características pessoais para que melhore a sua forma de ser bem como a comunicação com outras pessoas;
            -Saber Estar - trata-se do relacionamento que se estabelece com as pessoas, a sua postura corporal;
            -Saber Fazer - a aplicação adequado dos conteúdos apreendidos numa formação profissional.

Formando/as do 2º ano do curso de Técnico de Apoio Psicossocial da Escola Profissional da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo
 
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 24 de Maio de 2017
 
 

terça-feira, 16 de maio de 2017

DESTAQUE DO MÊS DE ABRIL DE 2017

Susana Coelho
 
 
Como mulher que sou, aconselho as vítimas a não se deixarem intimidar nem humilhar pelo agressor, fazendo frente às possíveis ameaças.

Susana de Lurdes Silveira Coelho, cantora Açoriana, descendente de uma família de músicos, desde cedo iniciou o seu percurso musical integrando vários grupos e diversos projectos, a solo ou em grupo, cantando variados estilos, do barroco ao jazz, passando pelo bossa nova à música tradicional. A sua motivação para cantar surgiu naturalmente através dos serões musicais em casa com o pai e as suas duas irmãs.

Em 2000 gravou o seu primeiro álbum, com o projecto Susana Coelho & Trio. Participou como cantora em diversos programas televisivos da RTP Açores, como “Xailes Negros”, “Toadas do Vento Ilhéu”, “Balada do Atlântico”, “O barco e o sonho”, ou “A lenda das Sete Cidades”. Tem actuado mais recentemente como convidada em diversos espectáculos pelos Açores e feito algumas apresentações a solo ou acompanhada na ilha Terceira.

Em 2015 lançou o seu mais recente álbum intitulado Agridoce que é um trabalho composto por doze temas que viajam por entre sonoridades com influências do jazz, da música tradicional e até mesmo do rock. Onze destas canções são originais, com letras de Cláudia Coelho Cardoso, João Lemos e de alguns autores anónimos, sendo o tema “Alma dos Poetas” da autoria de João Lemos com um poema de Florbela Espanca.

Ao longo da nossa pequena conversa a cantora referiu que, pelo facto de ser mulher, nunca sentiu qualquer dificuldade em se integrar pelos projectos onde tem passado.

Sobre a violência doméstica opina que numa primeira fase há a surpresa na cara das pessoas (pelo facto de perceberem que alguém conhecido é ou foi vítima de violência conjugal), mas depois ignoram e esquecem, visto que vivemos num sistema muito conservador e cheio de critérios. As vítimas são automaticamente esquecidas e ignoradas pelo sistema se não seguirem os critérios estabelecidos. Muitas vezes, esse esquecimento, é o mais conveniente para a sociedade…. Neste contexto advoga que o trabalho das associações de apoio às vítimas torna-se essencial nos dias de hoje. Como mulher que sou, aconselho as vítimas a não se deixarem intimidar nem humilhar pelo agressor, fazendo frente às possíveis ameaças.
 

O que dizer de Susana?!

Susana é ilha em punho
É uma quadra de junho
É solstício de verão
É voz do mar e da terra
É tudo o que da alma descerra.

Susana é a voz da Terceira,
Ilha brava e festeira,
Porto de abrigo e luar
Onde a música é salutar.
Susana por ondas navega
E a voz toda entrega
No regaço de cada dia
Numa doce maresia…

Teu canto é açoriano
Chega longe é veterano
Esvoaça qual gaivota
Neste céu que não desbota.

É a ilha que nos cria
…Essa eterna melodia…

Rosa Silva (“Azoriana”)
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 11 de Maio de 2017