CAROLINA ROCHA
Mestre em Artes Plásticas pela Escola
Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, Carolina Alexandra de Melo
Rocha, tem 29 anos e actualmente desempenha a sua actividade profissional como
artista plástica e técnica de cenografia. Recorda-se de ser bem pequena e de ter curiosidade relativamente à plasticidade
dos materiais. Gostava imenso de tarefas relacionadas com a expressão plástica.
Durante a minha infância e adolescência, frequentei aulas de pintura e
expressão plástica promovidas pela Oficina de Angra. Foram oportunidades de
formação, sobretudo prática, interessantes porque consegui explorar diferentes
materiais e perceber eventuais caminhos.
Também a fotografia foi
motivo de interesse durante o seu percurso académico universitário. Conheci algumas autoras que me despertaram
a curiosidade para esse meio visual, nomeadamente Cindy Sherman, Sophie Calle e
Francesca Woodman. Fiz várias experiências e finalizei alguns trabalhos nesse
contexto. No entanto, atualmente não é um meio visual que utilize no meu
trabalho de artes plásticas.
Dificuldades
de integração profissional
Pessoalmente as maiores dificuldades que senti desde que terminei a minha formação
estão relacionadas com o tempo em que vivemos. A situação atual portuguesa não é muito animadora, o que obriga a
pessoa a estar preocupada em garantir um futuro que não dá indícios de ser
muito risonho. Ainda assim, com os recursos, o tempo e as oportunidades
possíveis desenvolvo um trabalho de artes plásticas. Percebendo que o caminho
faz-se caminhando e que a determinação e a esperança são elementos
fundamentais, os erros e as dificuldades são importantes para a pessoa evoluir.
As
artes e a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens
Atualmente
continuam a existir mais artistas homens do que mulheres. Na minha opinião, tal
situação poderá ficar a dever-se ao facto de ainda haver uma separação e
definição do papel do homem e da mulher na sociedade. No século XXI, por
motivos de subsistência é fundamental para a maioria dos artistas plásticos
desenvolver em paralelo com as artes plásticas outra atividade profissional. Observo
em muitos casais jovens que a mulher, para além de ter a sua atividade
profissional, é a principal responsável pela educação dos filhos e pelas
tarefas domésticas. Neste tipo de contexto, o homem tem muito mais tempo para
se dedicar à sua profissão, nomeadamente as artes plásticas. É importante que
nesse aspeto haja uma mudança de igualdade de género e partilha de tarefas.
Sobre
discriminação
Nas
artes plásticas creio que nunca senti esse tipo de situações (de
discriminação). Mas enquanto mulher sim,
exatamente pela definição de papéis socialmente pré estabelecidos e por a
mulher ser considerada, em alguns contextos, um ser frágil. Considero que deve
existir em condições semelhantes igualdade de oportunidades pessoais e
profissionais.
Sobre
a violência doméstica
Na
minha opinião, existe uma indiferença social relativamente às mulheres que são
vítimas de violência doméstica. Infelizmente, pelo que observo, comportamentos
e frases como “entre marido e mulher não se mete a colher” continuam bem
presentes na nossa atualidade. Deparo-me também com opiniões de pessoas que
pensam que a mulher é vítima de violência doméstica porque assim o deseja.
Penso que é um tema que necessita de ser mais debatido. Torna-se fundamental
que as pessoas denunciem e se organizem contra todo o tipo de violência e discriminação.
Neste contexto, Associações como a Umar,
que têm o papel de lutar pelos direitos das mulheres são sempre importantes
numa sociedade como a nossa. Apesar de haver muita informação disponível e de
fácil acesso a todos, os problemas permanecem e é sem dúvida importante haver
uma instituição que intervenha e aborde as problemáticas para que as pessoas se
sintam orientadas.
Principais
Exposições
- 2016 “Flash Back”, Carpediem, Lisboa
- 2016 “Flash Back”, Círculo
de Artes Plásticas, Coimbra
- 2015 “Prémio
Internacional de Pintura 2015”, Focus Abengoa Foundation, Sevilha
- 2015 “Mistérios de Tinta”,
Museu de Angra do Heroísmo, Angra do Heroísmo
- 2012 “Mostra
Labjovem 2012”, exposição itinerante
- 2011 “Quem
são eles? Evocação dos 40 anos da galeria Ogiva”, galeria Nova Ogiva, Óbidos
- 2010 “Exposição
de Finalistas na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha", Caldas da Rainha
Outros
Destaques
- 2015 Selecionada
para a exposição “Prémio Internacional de Pintura 2015”, da Fundação Focus Abengoa
- 2014 2º
e 3º Selecionado/as, no concurso de artes plásticas “Labjovem” 2014
- 2012/2013 Bolsa de “Criação Artística”,
Artes Plásticas, da Direção Regional da Cultura dos Açores
- 2012 1ª Selecionada no concurso de artes
plásticas “Labjovem” 2012
- 2012 1º Prémio no concurso “A Mulher e a
Água”, 2012
Publicado na página
IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 27 de Julho de 2016