Todos nós de uma forma
geral, temos determinados cuidados com a nossa propriedade evitando
comportamentos de risco. Fechamos sempre a porta da nossa casa à chave,
verificamos as janelas, instalamos alarmes, colocamos grades nas janelas,
construímos muros altos, celebramos contratos com seguradoras.
Tudo para protegermos os
nossos bens patrimoniais.
E porquê? Porque existem
pessoas que não respeitam o direito de propriedade dos outros, ou seja, porque
há ladrões.
Devemos ser obrigados a ter
estes comportamentos? Obviamente que não.
Mas, como todos nós
sabemos, a proteção dos nossos bens patrimoniais é fundamental para afastar
qualquer hipótese de furto ou roubo e por isso evitamos comportamentos de
risco, como deixar o veículo automóvel com uma janela aberta ou a casa sem
proteção adicional, como será o caso de um alarme.
No entanto, em relação à
nossa integridade física e à nossa liberdade sexual, não temos tantos cuidados.
Saímos à
noite para festas e outro tipo de divertimentos e não nos preocupamos com as
horas a que iremos voltar para casa, com os lugares que frequentamos, com as
pessoas que conhecemos e com os caminhos que percorremos para casa.
Não
evitamos determinados comportamentos de risco, nomeadamente, não temos o
cuidado de escolher os lugares para onde nos vamos divertir, avaliando as
pessoas que os frequentam. Não temos o cuidado de escolher o melhor caminho
para casa, evitando determinadas ruas e optando por vir a pé sozinhos ou na
companhia de uma pessoa que acabamos de conhecer...
Devemos
ser obrigados a ter estes comportamentos? Obviamente que não.
Mas,
como também todos nós sabemos, existem pessoas que não respeitam a nossa
integridade física e a nossa liberdade sexual.
Se
dedicamos tanta energia a proteger eficazmente a nossa propriedade, porque há
ladrões, porque não fazemos o mesmo em relação à nossa integridade física e à
nossa liberdade sexual?
Porque se há ladrões,
também há monstros...
Xénia Leonardo, jurista da UMAR
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 24 de Agosto de 2013.
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