sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Porque também há monstros...


Todos nós de uma forma geral, temos determinados cuidados com a nossa propriedade evitando comportamentos de risco. Fechamos sempre a porta da nossa casa à chave, verificamos as janelas, instalamos alarmes, colocamos grades nas janelas, construímos muros altos, celebramos contratos com seguradoras.
Tudo para protegermos os nossos bens patrimoniais.
E porquê? Porque existem pessoas que não respeitam o direito de propriedade dos outros, ou seja, porque há ladrões.
Devemos ser obrigados a ter estes comportamentos? Obviamente que não.
Mas, como todos nós sabemos, a proteção dos nossos bens patrimoniais é fundamental para afastar qualquer hipótese de furto ou roubo e por isso evitamos comportamentos de risco, como deixar o veículo automóvel com uma janela aberta ou a casa sem proteção adicional, como será o caso de um alarme.
No entanto, em relação à nossa integridade física e à nossa liberdade sexual, não temos tantos cuidados.
           Saímos à noite para festas e outro tipo de divertimentos e não nos preocupamos com as horas a que iremos voltar para casa, com os lugares que frequentamos, com as pessoas que conhecemos e com os caminhos que percorremos para casa.
           Não evitamos determinados comportamentos de risco, nomeadamente, não temos o cuidado de escolher os lugares para onde nos vamos divertir, avaliando as pessoas que os frequentam. Não temos o cuidado de escolher o melhor caminho para casa, evitando determinadas ruas e optando por vir a pé sozinhos ou na companhia de uma pessoa que acabamos de conhecer...
           Devemos ser obrigados a ter estes comportamentos? Obviamente que não.
           Mas, como também todos nós sabemos, existem pessoas que não respeitam a nossa integridade física e a nossa liberdade sexual.
           Se dedicamos tanta energia a proteger eficazmente a nossa propriedade, porque há ladrões, porque não fazemos o mesmo em relação à nossa integridade física e à nossa liberdade sexual?
          Porque se há ladrões, também há monstros...

Xénia Leonardo, jurista da UMAR
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 24 de Agosto de 2013.
 

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