CARLA COSTA
piloto de ralis
Carla
Costa (à direita) com a filha Bárbara Costa sua navegadora
Carla Cristina Bento Ferreira
Costa, tem 39 anos é proprietária da empresa Mil Flores e foi sexta classificada
à geral, primeira entre as pilotos açorianas no Rali Sprint da Praia da
Vitória, prova realizada no passado dia 8 de Março e destinada a pilotos
mulheres.
O interesse pelo automobilismo
nasceu à 17 anos, tinha então 23. Tudo
começou por brincadeira entre amigos. Tinha o carro que já era do meu marido (uma
Renault 4 Gtl) que já tinha feito ralis e foi só arranjar apoios para as
despesas e fui com uma amiga (Natacha Pires, minha primeira navegadora). Foi um
dia inesquecível em que sentimos o carinho das pessoas na estrada e que não
arredaram pé para nos verem, mesmo sendo as últimas a passar. Foi aí que
começou o vício. Porque os ralis são viciantes. A adrenalina de andar depressa
é viciante, queres sempre mais.
Relativamente ao automobilismo ser
maioritariamente para homens a piloto refere que espera que isso mude. Nem sempre é fácil, porque eles têm sempre a
ideia que são eles que devem ser os melhores e não aceitam o contrário. Mas a
integração foi fácil. Fui sempre bem recebida entre eles. No entanto, houve uma altura em que por ser mulher não
levavam a sério a minha participação, mas houve um rali em que andei melhor do
que alguns e não acharam muita piada e via-se que se sentiam incomodados. Mas
eu estava lá e tinham que contar com isso. Com estas situações, só fazem com
que queiramos aprender, melhorar e andar mais depressa. Recebem-nos sempre bem,
mas se por acaso os tempos ditarem que é uma mulher a estar á frente, as
reações já não são as mesmas. Mas temos que ser indiferentes a isso e não
mostrarmos insegurança, mesmo que ela exista. Em geral confessa que nunca
se sentiu discriminada, só se for pelo
facto de pensarem que não somos capazes por sermos mulheres, mas isso é o que
pensam e não nos pode incomodar.
Sobre
as mulheres vítimas de violência doméstica.
Acho
que são vistas com pena. São mulheres a quem lhes foi negado a felicidade e a
auto estima, mas que devem de ter todo o nosso mérito, porque passam o pior dos
piores e continuam a viver e a sobreviver e muitas delas com um sorriso no
rosto.
Relativamente às instituições que trabalham com
vítimas de violência a piloto refere que fazem
o que deveria ser feito por qualquer pessoa, mas ainda bem que existem. Fazem
com que essas mulheres sintam que tem como ser protegidas.
Opinião
sobre o Ladies Rally Trophy
Acho
que foi uma ideia genial. Vai dar a oportunidade das mulheres mostrarem o que
valem na estrada. Que também sabem conduzir e andar depressa. Tirar a ideia que
as mulheres não sabem conduzir. Espero que apareçam mais mulheres interessadas
na modalidade. Que com este primeiro rali, faça com que desperte a curiosidade
e as faça querer experimentar. E depois de experimentar vão querer continuar de
certeza.
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular
de 20 de Março de 2015
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