Susana Coelho
Como mulher que sou, aconselho as vítimas a
não se deixarem intimidar nem humilhar pelo agressor, fazendo frente às
possíveis ameaças.
Susana de Lurdes
Silveira Coelho, cantora Açoriana, descendente de uma família de músicos, desde
cedo iniciou o seu percurso musical integrando vários grupos e diversos projectos,
a solo ou em grupo, cantando variados estilos, do barroco ao jazz, passando
pelo bossa nova à música tradicional. A sua motivação para cantar surgiu
naturalmente através dos serões musicais em casa com o pai e as suas duas
irmãs.
Em 2000 gravou o
seu primeiro álbum, com o projecto Susana Coelho & Trio. Participou como
cantora em diversos programas televisivos da RTP Açores, como “Xailes Negros”,
“Toadas do Vento Ilhéu”, “Balada do Atlântico”, “O barco e o sonho”, ou “A
lenda das Sete Cidades”. Tem actuado mais recentemente como convidada em
diversos espectáculos pelos Açores e feito algumas apresentações a solo ou
acompanhada na ilha Terceira.
Em 2015 lançou o
seu mais recente álbum intitulado Agridoce que é um trabalho composto por doze
temas que viajam por entre sonoridades com influências do jazz, da música
tradicional e até mesmo do rock. Onze destas canções são originais, com letras
de Cláudia Coelho Cardoso, João Lemos e de alguns autores anónimos, sendo o
tema “Alma dos Poetas” da autoria de João Lemos com um poema de Florbela
Espanca.
Ao longo da
nossa pequena conversa a cantora referiu que, pelo facto de ser mulher, nunca
sentiu qualquer dificuldade em se integrar pelos projectos onde tem passado.
Sobre a
violência doméstica opina que numa primeira fase há a surpresa na cara das pessoas (pelo facto de perceberem que
alguém conhecido é ou foi vítima de violência conjugal), mas depois ignoram e esquecem, visto que vivemos num sistema muito
conservador e cheio de critérios. As vítimas são automaticamente esquecidas e
ignoradas pelo sistema se não seguirem os critérios estabelecidos. Muitas
vezes, esse esquecimento, é o mais conveniente para a sociedade…. Neste contexto
advoga que o trabalho das associações de apoio às vítimas torna-se essencial
nos dias de hoje. Como mulher que sou,
aconselho as vítimas a não se deixarem intimidar nem humilhar pelo agressor,
fazendo frente às possíveis ameaças.
O que dizer de Susana?!
Susana é ilha em
punho
É uma quadra de junho
É solstício de verão
É voz do mar e da
terra
É tudo o que da alma
descerra.
Susana é a voz da
Terceira,
Ilha brava e
festeira,
Porto de abrigo e
luar
Onde a música é
salutar.
Susana por ondas
navega
E a voz toda entrega
No regaço de cada dia
Numa doce maresia…
Teu canto é açoriano
Chega longe é
veterano
Esvoaça qual gaivota
Neste céu que não
desbota.
É a ilha que nos cria
…Essa eterna melodia…
Rosa Silva
(“Azoriana”)
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário
Insular de 11 de Maio de 2017
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