Carta de Betty Harris, 37 anos,
denunciando as terríveis condições de vida dos/as trabalhadores/ras durante a
Revolução Industrial:
“ Casei-me aos 23 anos, e foi
somente depois de casada que desci à mina; não sei ler nem escrever. Trabalho
para Andrew Knowles, da Littel Bolton (Lancashire). Puxo pequenos vagões de
carvão; trabalho das 6 da manhã às 6 da tarde. Há uma pausa de cerca de uma
hora, ao meio-dia, para almoço; dão-me pão e manteiga, mas nada para beber.
Tenho dois filhos, porém eles são jovens demais para trabalhar. Eu puxava estes
vagões, quando estava grávida. Conheci uma mulher que voltou para casa,
lavou-se e deitou-se, deu à luz e retomou ao trabalho menos de uma semana
depois. Tenho uma correia à volta da minha cintura e uma corrente que passa por
entre as minhas pernas e ando sobre as mãos e pés. O caminho é muito íngreme, e
somos obrigados a segurar uma corda – e quando não há corda, agarramo-nos a
tudo o que podemos. Nas minas onde trabalho, há seis mulheres e meia dúzia de
rapazinhos e rapariguinhas; é um trabalho muito duro para uma mulher. No local
onde trabalho, a cova é muito húmida e a água abundante. Um dia a água chegou
até à minha cintura. E o que cai do tecto é terrível! As minhas roupas ficam
todas molhadas, todo o dia. Nunca fiquei doente na minha vida, a não ser na
época dos partos. Estou muito cansada quando volto à noite para casa, às vezes
adormeço antes de me lavar. Não sou tão forte como dantes, não tenho mais a
mesma resistência no trabalho. Estes vagões arrancam-me a pele; a correia e a
corrente são ainda piores quando se espera uma criança”.
Para
que a História não se repita!
Publicado na Página Igualdade XXI no Jornal Diário Insular de 23 de Maio de 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário