Cláudia
Sousa “ Esponja” – A Jardineira de serviço
“Os espaços verdes urbanos desempenham um papel fundamental
na qualidade de vida das populações, uma vez que, constituem um elemento
essencial para o equilíbrio ecológico e saudável do meio urbano.
A preservação e conservação destes espaços é da responsabilidade de toda a população, é essencial o desenvolvimento de comportamentos ambientalmente correctos e respeito por todos os espaços verdes assim como pela própria cidade.”
A preservação e conservação destes espaços é da responsabilidade de toda a população, é essencial o desenvolvimento de comportamentos ambientalmente correctos e respeito por todos os espaços verdes assim como pela própria cidade.”
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Cláudia de Fátima Ribeiro Sousa,
mais conhecida por “Esponja” tem 32 anos e é natural da Praia da Vitória. Há
seis anos que exerce uma das profissões que mais requinte deixa ao concelho da
Praia da Vitória. Esponja é a única mulher jardineira nos quadros da Câmara
Municipal da Praia da Vitória.
Foi aos 21 anos que descobriu o
seu talento para a jardinagem e, através do fundo de desemprego, ingressou na
Escola Profissional da Praia da Vitória, com intuito de concluir o 9º ano de
escolaridade, através do curso de operador/a de floricultura. Foi assim que
descobriu o amor à “enxada”.
Durante dois anos lutou muito
para encontrar o seu espaço no mundo do trabalho. Trabalhou num hipermercado
local durante um curto período de tempo, mas sabia que só iria sentir-se
realizada, quando encontrasse um emprego na área em que agora, mais do que
nunca, não pára de a cativar, a jardinagem em espaços públicos.
Os seus objectivos pessoais
concretizaram-se através da sua admissão na Câmara Municipal. Reforça que faz
aquilo que mais gosta e desempenha a sua actividade com muito orgulho, “não
escolheria outra profissão”.
“Quando era pequena não me
imaginava a trabalhar como jardineira“ sendo que agora não se imagina a fazer
outra coisa. Durante a entrevista fui percebendo que a Cláudia realmente gosta
muito do que faz e sente que o seu trabalho é indispensável para o Município da
Praia da Vitória. Contudo, por vezes sente-se indignada pelo facto de algumas
pessoas não respeitarem os espaços verdes da cidade, chegando ao ponto de
destruir o trabalho realizado pelo/as jardineiro/as. Por vezes “acaba por ser
desmotivante, ver o nosso trabalho destruído da noite para o dia”. Apela por
isso ao bom senso de todos os munícipes para que desfrutem dos espaços verdes
sem os destruírem.
Sendo a única mulher a exercer
o trabalho e a profissão de jardineira “ torna-se um desafio, e ao mesmo tempo
uma responsabilidade, pois considero-me uma representante do sexo feminino num
meio maioritariamente masculino”.
Quando questionada, se alguma
vez sentiu que no exercício da sua profissão não lhe era dada a devida
credibilidade por ser mulher, respondeu que não, “sou respeitada pelos meus
colegas, chefes e patrões. Durante os quase seis anos que trabalho na Câmara
Municipal, sempre me dei bem com todos eles, respeitam-me a mim e ao meu trabalho.
Não sinto qualquer tipo de discriminação, nem o meu trabalho é desvalorizado pelo
facto de ser mulher, nem pelos colegas nem pelo público em geral”.
No decurso de uma longa
conversa, fomos discutindo a temática da desigualdade de género, sublinhado o
mercado de trabalho, como principal sistema onde essa desigualdade se manifesta.
Cláudia afirma a importância da
existência de associações como a UMAR Açores, que ao longo dos tempos têm vindo
a desenvolver projectos que combatem essa desigualdade observável entre homens
e mulheres. Sublinhou que é “graças a associações como essas”, que “nós
mulheres temos vindo a progredir e a usufruir dos nossos direitos ao longo dos
tempos”.
Por fim, e de um modo
abrangente, perguntámos-lhe se gosta de ser mulher, apesar de toda a
discrepância ainda existente entre ambos os sexos. Confidenciou-nos que “sim,
adoro ser mulher, tem muitas vantagens, a maior delas é o facto de poder dar à
luz, ser mãe, algo que não está por enquanto nos meus planos. Eu adoro
crianças, mas infelizmente a crise que atravessamos, não me permite começar já
uma família, por isso, esse grande acontecimento vai ter que esperar mais um
bocado”.
Sara Ataíde (Educadora Social)
Publicado na página Igualdade XXI no jornal Diário Insular de 30 de Janeiro de 2013
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