Imagem cedida pelo autor
Mariana Ornelas
(*)
Não foi só a padeira de Aljubarrota
que mostrou bravura a combater os espanhóis na respectiva batalha. Temos ao
longo da História de Portugal, desde das Invasões Espanholas, às Invasões
Napoleónicas, às Lutas Liberais, à Primeira Republica, ao Estado Novo e à
Revolução de Abril, inúmeros casos de mulheres Portuguesas que perante crises
lutaram pelas suas vidas, famílias, pela sua segurança, liberdade e pelos seus
direitos.
O caso mais famoso na nossa ilha
Terceira é o caso da Brianda Pereira. Como todos nós sabemos, Brianda Pereira
foi uma das responsáveis pela expulsão dos espanhóis, quando da invasão em 1581
na Baía da Salga.
Diz
a história, que Brianda Pereira pertencia a uma das famílias mais nobres da
cidade de Angra. O seu pai foi juiz ordinário da Câmara de Angra em 1553 e
descendia de Pero Anes de Alenquer, um dos primeiros colonos da ilha Terceira.
Brianda Pereira mudou-se para a baía da Salga após o seu casamento. Casou-se
com Bartolomeu Lourenço, que era dono de muitas terras e tinha uma abastada
casa agrícola na zona litoral do Porto Judeu. A casa do casal situava-se na
arriba da baía da Salga, onde residiram com os seus filhos até 25 de Julho de 1581.
A
25 de Julho de 1581, no contexto da luta entre partidários de Filipe II de
Espanha e de D. António I de Portugal, ocorreu nesse dia na baía da Salga, a
famosa batalha da Salga.
A batalha iniciou-se pelo desembarque de uma força espanhola que de
imediato incendiou as searas e as casas existentes nas imediações, entre as
quais muito provavelmente a de Brianda Pereira, aprisionando os homens que
encontrou. Entre os prisioneiros figurava Bartolomeu Lourenço, que se
encontraria ferido.
Nesse momento, Brianda Pereira fugindo com seus filhos e a ver provavelmente
a sua casa e as searas em chamas e o seu marido ferido e prisioneiro dos
espanhóis encheu-se de coragem e lançou as seus toiros em tropel sobre os
espanhóis tendo estes após o sucedido, iniciado a sua retirada. A partir daqui
estava lançado o mito de Brianda Pereira, tornando-se uma heroína.
Muito mais tarde, com a ajuda da muito bem oleada máquina de propaganda
do Estado Novo, fizeram de Brianda Pereira uma figura popular, particularmente
por apelar à heroicidade dos habitantes da ilha Terceira e assim alimentar o
sentimento nacionalista e independentista Português.
No entanto, não desprezando o heroísmo de Brianda Pereira, esta foi mais
uma das muitas demonstrações de coragem que uma mulher faz com o objectivo de
proteger-se a si e há sua família. No momento da batalha, ao ver o seu marido
ferido e prisioneiro dos espanhóis e ao ver-se sozinha a zelar pela segurança
dos seus filhos, esta não pensou duas vezes em agir e elaborar tal estratégia.
Qual seria a mulher que não faria o mesmo?
(*) Mariana Ornelas
Psicóloga da UMAR Açores / CIPA
Delegação da ilha Terceira
Publicado na Página Igualdade XXI no Jornal Diário Insular de 22 de Junho de 2012
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarComo terceirense que sou, tenho muito orgulho da história dessa "nossa" mulher, um espelho da mulher terceirense que não mede riscos a correr em luta pela sua familia.
ResponderEliminarHenrique Alberto Silveira Luiz - 06-02-1947, freguesia de S. Mateus da Calheta. Ultima moradia em Angra do Heroismo: Rua da Esperança nº 8. Residente (desde novembro 1963) no Estado do Rio de Janeiro