SARA SILVEIRA
Sara Lima
Silveira tem 34 anos e é licenciada em engenharia e gestão do ambiente com
especialização em gestão e conservação da natureza. Possui mestrado em
engenharia do ambiente e é, desde 2009, técnica superior na Secretaria Regional
do Ambiente e Mar e presidente da direcção AMPA - IT Associação de mulheres de
pescadores e armadores da ilha Terceira desde 1 de Junho de 2011.
O
que a motivou a fazer parte da AMPA - IT?
O facto
da associação ter passado por uma fase menos boa e de ter estado em perigo de
ser encerrada, levou a que houvesse necessidade de eleger para os seus corpos
constituintes pessoas com vontade e conhecimentos suficientes para reerguer a
associação e realizar um trabalho que permitisse o lançamento e continuidade do
projecto Pesca-Turismo e de outras formações que possam dar conhecimentos e
ferramentas úteis de trabalho à comunidade onde está inserida. Pessoalmente o
que me motivou a encabeçar esta lista como Presidente da Direcção da AMPA-IT
foi uma grande vontade de fazer alguma diferença e ajudar de alguma forma a
comunidade onde nasci, cresci e vivo até hoje.
Acha
que as associações feministas desempenham um papel importante na nossa
sociedade actual?
Com
certeza, o fomentar do diálogo e da discussão entre membros das várias
associações e público em geral sobre questões pertinentes como a igualdade de
direitos é sempre uma mais valia e uma contribuição para a abertura de todas as
mentalidades.
Já
trabalhou como o guarda-florestal de 2001 a 2009. Tendo em conta que é uma
profissão associada maioritariamente ao masculino como foi a sua integração?
De início foi um pouco complicado fazia
parte de um grupo restrito (onze mulheres guardas-florestais a nível nacional),
trabalhei sempre com homens em diversas frentes de trabalho e muitas vezes em
locais onde não existiam condições durante estes oito anos, no entanto foi das
melhores experiências que tive, fiz grandes amizades, tive excelentes convívios
e aprendi muita coisa a nível profissional com as dezenas de operários rurais
com quem trabalhei. Consegui ultrapassar todas as dificuldades que me foram
aparecendo através do diálogo e sendo uma pessoa muito activa, mas
principalmente sendo humilde e sabendo ouvir e aceitar as opiniões/sugestões
dos operários que comigo trabalhavam e que já tinham muitos anos de
experiência. Criou-se um elo de respeito mútuo e de protecção, eles olhavam por
mim e eu por eles.
Alguma
vez sentiu que, no exercício da sua profissão, não lhe era dada a devida
credibilidade por ser mulher?
No
início da minha carreira de guarda-florestal apareceram algumas situações em
que senti discredibilidade pela minha opinião nas frentes de trabalho, mas a
partir do momento em que mostrei ter o conhecimento teórico e prático das
situações que apareciam e que as resolvia sem qualquer dificuldade, esta
questão nunca mais se pôs até aos dias de hoje.
Já
alguma vez sentiu que era discriminada pelo facto de ser mulher?
Não.
Se por acaso alguma vez alguém me discriminou por ser mulher passou-me ao lado,
sempre fui uma pessoa muito determinada. Quando traço objectivos na minha vida
procuro sempre cumpri-los da melhor forma, sem me interessar sobre o que as
pessoas vão pensar ou se vou ser ou não discriminada por isso. Já fiz grandes
sacrifícios pessoais, tirei uma licenciatura e mestrado enquanto trabalhava,
cuidava dos afazeres de uma casa e criava um filho pequeno.
Como
acha que são vistas as mulheres vítimas de violência doméstica pela sociedade
em geral?
Há
uns anos atrás a violência doméstica contra as mulheres era vista,
infelizmente, com uma naturalidade assustadora, actualmente já é vista como
deve ser vista: é um crime punido por lei. A sociedade já denúncia este tipo de
violência e já apoia as vitimas, coisa que não acontecia no passado. A
sociedade evoluiu imenso nos últimos anos, as pessoas estão mais conscientes do
que se passa à volta delas, as mulheres em particular, são mais guerreiras
lutam pelos seus direitos e deveres e têm objectivos definidos para as suas
vidas.
Quais
as perspectivas futuras para a AMPA-IT?
Gostaria
que as mulheres ligadas directamente à pesca se unissem mais e participassem
mais nesta associação, nomeadamente nas oportunidades de formação e que
futuramente a liderassem com rigor e vontade de realizar um bom trabalho.
Publicado na Página
Igualdade XXI no Jornal Diário Insular de 1 de Agosto de 2012
Sem comentários:
Enviar um comentário