Rosa Silva, a terceirense das rimas
Natural da
freguesia da Serreta, Rosa Maria Correia da Silva, conhecida por Azoriana, a terceirense das rimas, tem
48 anos e é assistente técnica de estatística na Secretaria Regional da Saúde.
A sua grande paixão é a poesia que aliou à blogosfera, sendo responsável pelos espaços
www.azoriana.blogs.sapo.pt
e www.silvarosamaria.blogs.sapo.pt
A 2 de Abril de
2011 publicou o seu primeiro livro, intitulado Serreta na Intimidade, onde se podem ler vários poemas da autora.
“Dizem que sou poeta e passei a acreditar que sim.”
Como
começou e o que a motivou a escrever poesia?
Após
ter conhecimento da blogosfera, o ter assunto para escrever assiduamente e a descoberta
de rimar e tornar-se repentista. Dizem que sou poeta e passei a acreditar que
sim.
Já
cantou ao desafio. Tendo em conta que é uma atividade associada
maioritariamente ao masculino como foi a sua integração?
A
integração foi fácil porque foi o masculino que me convidou e me aceitou bem.
As dificuldades prendem-se com algum desconhecimento desta minha vertente e o
facto de não ser convidada para eventos em palco, uma vez que a maior parte das
cantorias são feitas em bares ou em convívio de amigos. Propriamente em palco
foram poucas vezes que atuei.
Alguma
vez sentiu que, no exercício da sua profissão ou noutra atividade que
desempenhe, não lhe era dada a devida credibilidade por ser mulher?
A
mulher nem sempre tem a mesma aceitação que o homem talvez por ainda viver num
meio pequeno, como é o das ilhas. Aos poucos, vai se integrando em tarefas que
até há bem pouco eram exclusivas dos homens. Não sei bem da conversa de
“bastidores” mas, pela frente, acho que tenho credibilidade pelo facto de
desempenhar com convicção o que quer que me seja pedido, seja tarefa feminina
seja do tipo masculina. Desde pequena que fazia parte integrante de tarefas
domésticas onde prevalecia o masculino: malhar com mangual o feijão, tremoço,
favas; ir à frente da vaca para fazer o rego para as sementeiras, etc.
Acha
que as associações feministas desempenham um papel importante na nossa
sociedade actual?
Sim.
É preciso fazer valer os direitos e deveres das mulheres, sobretudo das mais
frágeis.
Como
acha que são vistas as mulheres vítimas de violência doméstica pela sociedade
em geral?
Eu
vejo-as com necessidade de muito apoio para se libertarem de um modo de vida
que não é benéfico para ninguém. Eu própria já passei por isso e, graças à UMAR
consegui libertar-me de um mau modo de vida.
Gosta
de ser mulher?
Gosto
porque fui esposa, mãe e não há nada melhor que ver o fruto de uma união… Mas
tenho pena de não ter vivido as bodas de prata de um casamento que quisera para
sempre e que não o foi… Tenho pena de ter descoberto o Amor fora de um tempo
que queria tê-lo. Nunca é tarde para amar e muitas vezes é graças à UMAR que
eleva o ser MULHER. Nunca desistam de ajudar a Mulher frágil pela violência que
acontece porque o mundo está a padecer de valores.
CANTINHO DO CÉU
Nasci num cantinho do
céu!
Por entre beijos das flores e acenos dos passarinhos.
Cresceu em mim uma vontade de voar
Quis saber se no mundo tudo era igual ao meu cantinho
Mas nem sempre a resposta era uníssona.
Fui para outros lugares
Até naveguei pelos mares
E experimentei a sensação dos pássaros
Estive perto das nuvens
E foi aí que me apercebi que o pontinho onde eu nasci
Perdia-se na imensidão global.
Então para saberem que ele existe,
Por vezes sob um tecto de nevoeiro
Mas com a Luz de uma Mãe com séculos de Amor,
Comecei a falar dele à luz do meu conhecimento.
De repente, percebo que, afinal, este cantinho,
Da minha infância e juventude,
Se avista mais longe do que eu imaginava
E está presente em mim
Faz parte de mim
Mesmo estando ausente dele,
E atraiu o encanto do mundo.
Agora posso dizer:
Nasci no cantinho do céu,
Na pequena serra, Serreta.
Rosa Silva, Azoriana
Por entre beijos das flores e acenos dos passarinhos.
Cresceu em mim uma vontade de voar
Quis saber se no mundo tudo era igual ao meu cantinho
Mas nem sempre a resposta era uníssona.
Fui para outros lugares
Até naveguei pelos mares
E experimentei a sensação dos pássaros
Estive perto das nuvens
E foi aí que me apercebi que o pontinho onde eu nasci
Perdia-se na imensidão global.
Então para saberem que ele existe,
Por vezes sob um tecto de nevoeiro
Mas com a Luz de uma Mãe com séculos de Amor,
Comecei a falar dele à luz do meu conhecimento.
De repente, percebo que, afinal, este cantinho,
Da minha infância e juventude,
Se avista mais longe do que eu imaginava
E está presente em mim
Faz parte de mim
Mesmo estando ausente dele,
E atraiu o encanto do mundo.
Agora posso dizer:
Nasci no cantinho do céu,
Na pequena serra, Serreta.
Rosa Silva, Azoriana
Publicado na Página Igualdade XXI no Jornal Diário Insular
de 20 de Setembro de 2012
Muito obrigada!
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